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Cuidado a quem lhe facilitas uma cópia de teu RG

Qualquer pessoa que tenha tido acesso a nosso Documento Nacional de Identidade, já seja por uma brecha de segurança ou porque nós lho tenhamos proporcionado, pode suplantar nossa identidade digital

O advogado Samuel Parra, especialista em direito tecnológico / CG PHOTOMONTAGE
O advogado Samuel Parra, especialista em direito tecnológico / CG PHOTOMONTAGE

O RG é um elemento quotidiano para todos os espanhóis, que nos acompanhou praticamente durante toda a vida. Faz parte de pequenos gestos diários aos que já estamos acostumados. O que dantes era mostrar o RG para fazer um pagamento com cartão (ainda que soe já prehistórico) ou o mostrar para aceder ao local de moda, agora se converteu numa fotografia para justificar a entrega desse pacote ou bem no escaneo para poder registar num hotel.

Também sucede, a cada vez com mais frequência, que quando contratamos um serviço através de internet, nos solicitem uma cópia de nosso RG para poder comprovar a identidade da pessoa que contrata. Em qualquer destas situações, parece que não há nenhum problema em mostrar e enviar, como temos feito sempre, nosso RG. Mas, é assim?

O verdadeiro é que alguns negócios têm a obrigação de registar os dados contidos em nossos RG, para além do nome e apellidos, incluindo por exemplo o sexo, a data de nascimento ou a data de expedição do documento. Os hotéis, por exemplo, têm que guardar estes dados por obrigação legal.

No entanto, um dos problemas aos que nos enfrentamos muitas vezes como consumidores é saber quantos dados são suficientes, e quando nos estão a pedir dados a mais. Por exemplo, pode o hotel exigir tomar e guardar também uma fotografia de meu rosto? O repartidor, esse que pede o número de RG para acreditar quem tem recolhido o pacote, pode tomar uma fotografia do documento como prova para o sistema?

No âmbito legal, a Agência Espanhola de Protecção de Dados (AEPD) tem tomado decisões e sancionado a estabelecimentos empresas precisamente por abusar do tratamento dos RG dos clientes. Mais especificamente a um hotel por tomar a fotografia dos clientes, já que supõe um tratamento excessivo. E, por outro lado, a uma empresa de telefonia por realizar uma fotografia do RG por ambos lados de um cliente, guardando dados desnecessários para a sua finalidade, que não era outra mais que acreditar quem era a pessoa que recolheu um telefone na loja.

Mas, para além das consequências legais que as empresas podem ter por este mau tratamento de dados, que consequências tem para os consumidores? E não só com empresas: fotos do RG que se enviam por WhatsApp para a inscrição a uma carreira, ou por Wallapop para assegurar a um comprador que não lhe vamos defraudar. Que pode passar?

Numa época na que a maioria das gestões se fazem on-line, o RG é o documento regular que utilizamos para ter um novo contrato de telefonia ou abrir uma nova conta no banco. Estes processos, já automatizados, já dentro de nosso dia a dia, são singelos. Dou meus dados, provo minha identidade com o RG, verifica-se e pronto, tenho uma nova conta bancária, um novo empréstimo, um novo contrato de 20 GB (de que?) mais telefonemas.

Esta facilidade tem, no entanto aqui, um lado escuro. Porque qualquer pessoa que tenha tido acesso a nosso RG, já seja por uma brecha de segurança ou porque nós lho tenhamos proporcionado, pode realizar todas essas gestões em nosso nome. Com todas as consequências. Isto é, façam uma breve reflexão: esse RG que tenho entregado (ou extraviado ou mo têm sustraído) para qualquer das actividades dantes mencionadas não serviria também para que outra pessoa, que tivesse meu RG, também as fizesse?

Por exemplo, pessoas que se vêem envolvidas numa investigação porque seu RG se utilizou para abrir uma conta para realizar fraudes em apps de compra. Pessoas que têm que responder por empréstimos que jamais têm solicitado ou desfrutado, mas que de alguma maneira estão a seu nome. Pessoas que estão em registros de morosos , com a impossibilidade de aceder a financiamentos, por motivos que nada têm que ver com eles. Pessoas a quem têm retirado o dinheiro da conta graças a uma autorização num RG obtido de maneira fraudulenta.

Que podemos fazer para nos proteger disto? Ainda que a lei pode perseguir e sancionar às empresas por más práticas, isto não basta para evitar os transtornos e o dano que estas acções podem ocasionar em nossa vida. Tomar medidas para prevenir o mau uso dos dados é a melhor maneira de proteger-nos.

A primeira e principal é não proporcionar uma cópia de nosso RG a qualquer pessoa que o peça, e evitar na medida do possível. Não o enviar a pessoas que não conhecemos, ou que não tenham motivos para ter todos nossos dados. Se mesmo assim não fica mais remédio que o enviar (porque verdadeiramente nos interessa a contraparte, por exemplo, o aluguer de uma moradia de férias), temos várias opções para proteger nossos dados.

A primeira é a anonimización do RG. Isto é, tampar todos os dados que não sejam necessários. Por exemplo, o número, a data de expedição, a data de nascimento... Se é questão de acreditar nossa identidade, todos esses dados são supérfluos. Com um singelo aplicativo de edição de imagem, podem-se apagar os dados para que não possam se utilizar.

A segunda opção é aplicar uma marca de água sobre o RG, assinalando pára que finalidade se proporcionou essa cópia e a que pessoa ou entidade. Deste modo, asseguramos-nos que qualquer pessoa que receba essa cópia ilegitimamente, poder-se-á pôr sobre alerta.

Se o risco nasce por uma perda ou subtração do RG, o que há que fazer imediatamente sejamos conscientes dessa perda ou subtração, é denunciar na delegacia de polícia mais próxima, aos efeitos de poder acreditar, se chegam os problemas, que esse RG estava perdido ou sustraído. E como sugestão pessoal, devemos o denunciar inclusive se não estamos seguros de ter perdido o RG.

Extremar as precauções, aplicar o sentido comum e actuar com celeridade, ajudar-nos-ão a não cair neste tipo de fraudes ou maus usos do que é um de nossos bens mais preciosos, nossa identidade.

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