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Se vendes na Wallapop ou Vinted, tem cuidado com esta nova fraude: "Deixaram-me o cartão vazio"

O suposto comprador pesca os dados bancários da vítima através de ligação que imita a plataforma para confirmar a venda

Alberto Rosa

Uma rapariga compra na Vinted / PEXELS

Pensar que vais vender um produto e acabar com o cartão bancário a zeros. É a fraude que enfrentam todos os dias muitos utilizadores de plataformas de compra como Vinted e Wallapop. É que, segundo alerta o Escritório de Segurança do Internauta (OSI), um novo método de fraude começou a ser frequente nestas aplicações. Neste caso, o alvo são os vendedores, aos quais se lhes envia uma ligação fraudulenta na qual se solicitam dados bancários para confirmar uma venda.

Segundo detalha a OSI, o fraudador mostra interesse por um produto em venda e trata de convencer o vendedor de continuar a comunicação em aplicações de transportadoras como WhatsApp ou por correio electrónico. Nesse momento, o ciberdeliquente indica que já enviou o pagamento do produto e que para o confirmar o vendedor tem que preencher os seus dados bancários numa suposta ligação da plataforma. Se se preenchem esses dados, está tudo perdido.

Uma ligação fraudulenta

Paola Delgado, uma das afetadas por esta fraude, explica à Consumidor Global como ela e a sua irmã perderam até 400 euros há apenas uns dias na Vinted, a app para vender roupa. "Escreveram-nos pelo chat da aplicação e passaram-nos uma ligação que parecia da Vinted. Era uma espécie de confirmação do pagamento e tinha que pôr os dados bancários. Isto, se não o sabes, o normal é que caias", relata Delgado.

Uma pessoa compra com cartão através do telemóvel / PIXABAY

"Assim que deixei os meus dados levaram todo o dinheiro que tinha no cartão, uns 400 euros", lembra a jovem. "Enganam-te para que aches que te vão pagar a peça quando evidentemente não é assim, ocorre justo o contrário", lamenta. É importante ter em conta que, tal e como indicam as plataformas e o Escritório de Segurança do Internauta, todas as transações deste tipo devem fazer-se a partir da própria aplicação e evitar ligações e canais externos facilitados por outros utilizadores.

Desviar a comunicação para outros canais

Segundo contam membros desta página, é habitual receber mensagens de pessoas interessadas nos produtos que pedem para continuar a conversa noutros canais como WhatsApp ou correio electrónico. "Hoje mesmo chegou-me uma mensagem de um comprador que queria que lhe enviasse a foto de um vestido por correio porque no seu telemóvel não o via bem", descreve Paola Delgado, que afirma que face toda a suspeita e desde que a defraudaram bloqueia e elimina contactos deste tipo.

Um telemóvel com a aplicação da Vinted sobre várias peças de roupa / VINTED

A Kike M. roubaram-lhe nada mais e nada menos que 700 euros e, como conta a este meio, os fraudadores aproveitaram-se de que era novo no Vinted. "Estão atentos a novos perfis que não sabem como funciona a aplicação, como eu, e dizem-lhe que o seu cartão não está devidamente configurado e que tem de lhes dar o seu número para lhe pagar". Este jovem confiou, deu o seu número e imedaitamente recebeu um SMS que imitava a Vinted. "Ao ver esse SMS que parecia oficial da app pensei, claro, aqui tenho que pôr os dados para vender. Coloquei-os e, quando percebi, tinham-me roubado 700 euros".

Um problema na ordem do dia

Da Vinted defendem a segurança da plataforma e pedem aos seus utiliadores para serem precavidos com os seus dados. "Continuamos a educar os membros sobre como operar de forma segura na nossa plataforma e pedimos-lhes que não partilhem nenhuma informação pessoal com outros membros", afirmam fontes da aplicação à Consumidor Global. Sobre as suas medidas de segurança, a loja francesa insiste nos controles de identidade que desenvolvem mediante o bloqueio na criação de contas duplicadas ou a verificação telefónica adicional. Por sua vez, a Wallapop não respondeu às questões deste meio sobre a sua postura face a estas fraudes.

Uma mulher com a aplicação aberta / WALLAPOP

Juan Manuel Corchado, catedrático na área de Ciências da Computação e Inteligência Artificial e professor da Universidade de Salamanca, explica à Consumidor Global como estas fraudes são cada vez mais habituais na rede. "É um problema que está na ordem do dia, há muitos ciberdeliquentes que se dedicam a isso e conseguem dados delicados com muito sucesso", sublinha.

A facilidade em criar um site falso

A geração de websites falsos e ligações fraudulentas para extrair dados é uma das práticas mais habituais na cibercriminalidade. Segundo o professor Corchado, isto deve-se à facilidade que existe para imitar a identidade de qualquer empresa. "Fazem-no criando ligações semelhantes ao original e com um design e formulários idênticos, mas que te levam a outro destinatário. Se colocaste todos os teus dados e confirmaste o pagamento, já estás perdido", conta o perito.

Nestes casos de ciberscams, qualquer precaução é pouca, de modo que o professor convida os consumidores a estarem prevenidos e a comprar só em canais de confiança. "Há pessoas que pensam que fora dos sistemas habituais pode poupar-se um dinheiro e a verdade é que, se já nos defraudam de qualquer página, todo o utilizador ou membro de uma plataforma o pode fazer", conclui.