Os mirtilos estão na moda, e é natural: são ricos em antioxidantes, contêm vitaminas A, C, K e do complexo B, têm poucas calorias e são deliciosos.
Mas, como qualquer fruta, trata-se de um alimento de temporada. Concretamente, em Espanha os primeiros mirtilos recolhem-se em Huelva durante o mês de março, enquanto os últimos chegam em agosto procedentes das Astúrias.
A origem importa
Por tudo isso, também é normal (e natural) que, com a chegada do inverno, os mirtilos de origem espanhola comecem a desaparecer dos lineares dos supermercados e ganhem espaço os seus homólogos de climas mais quentes, sendo os de Peru e Marrocos os mais habituais.
E consumir mirtilos durante todo o ano esconde um lado escuro: longas rotas de transporte e falta de água nos países de origem. Uma falta de sustentabilidade que preocupa cada vez mais consumidores e leva a algumas redes de supermercados a fazer babtotas com a origem deste fruto.
A armadilha do Lidl com a origem dos seus mirtilos
"Mirtilos. 500 gramas. Categoria 1. Espanha/Peru", pode-se ler nos lineares de vários estabelecimentos oe Lidl em Barcelona. Que significa Espanha/Peru? "É a origem do produto, não?", responde um cliente da rede de supermercados alemã questionado pela Consumidor Global.
Não, não o é. Os mirtilos, como se pode apreciar no reverso da embalagem (imagem superior), são do Peru. Viajam de Peru a Huelva e ali empacota-os a empresa Onubafruit.
"A etiqueta do linear é incorreta e enganosa"
"A etiqueta que vai colada à embalagem está bem porque identifica claramente a origem do produto (Peru)", diz Beatriz Robles. É que, segundo o Regulamento 543/2011, na venda a retalho tem que se indicar o país de origem, que é o que faz correctamente o Lidl.
No entanto, o outro etiquetado, o do linear, "é incorreto e enganoso", assinala Robles sobre o Espanha/Peru que utiliza Lidl confundindo os seus clientes.