Loading...

A histórica sastrería de Madri que confecciona esta prenda icónica para a Casa Real desde 1924

Trata-se de uma das lojas de moda "mais únicas e especiais" da capital, conquanto a capa não é barata nem fácil de levar

Juan Manuel Del Olmo

Interior del locaaal

Madri conta com um bom punhado de comércios centenários: estabelecimentos com solera dedicados desde faz muitas décadas à hotelaria (como Lhardy ou Adega dA Ardosa), à venda de jóias (Ansorena ou Aldao) ou de alpargatas (Calçados Lobo, Casa Hernanz ou Casa Vega). Dentro desta constelação de empresas autênticas e com alma, um dos nomes mais especiais é Capas Seseña.

Tal e como se descreve no site de Turismo da Prefeitura, Santos Seseña Vermelhas, sastre de oficio, fundou em 1901 esta loja (que num primeiro momento chamou Lhe Printemps) situada em pleno centro da cidade, entre o Bairro das Letras e a zona de Sol, na rua Espoz e Mina 11, canto com a rua da Cruz.

Capa espanhola ao modo artesanal

Aqui, Santos Seseña começou a confeccionar a capa espanhola "de modo artesanal, com os métodos tradicionais de corte e com costura a mão, além de trajes, sobretudos e gabardinas". Em 1927 a loja começou sua expansão e abriu sua loja atual no número 23 da rua da Cruz.

Uma fotografia antiga do local / SESENA.COM

Por essa época, o sastre publicitaba seu estabelecimento nos jornais como a "primeira casa do mundo em capas, sobretudos e gabardinas". Ademais, Santos Seseña era descrito como um "prestigioso industrial" ou, directamente, como "o rei das capas". A partir de 1930, conseguiu que o uso da capa se estendesse entre as mulheres com recursos (uma das primeiras foi Raquel Meller, cantora, cupletista e actriz) e duas décadas mais tarde já as vendia no estrangeiro.

Clientes de renome

Segundo a página de Turismo da Prefeitura, entre sua freguesia contam-se personalidades da cultura, o cinema e a política do século XX: de Vale Inclán e Pío Baroja a Hillary Clinton, Picasso, Buñuel, Rodolfo Valentino, Plácido Domingo, Hemingway, Gary Cooper, Catherine Deneuve ou Federico Fellini, além de servir à Casa Real desde 1924, quando Alfonso XIII encarregou capas para ele e os infantes Jaime e Juan.

Exterior do local / TURISMO DE MADRI

Não se pode negar, não obstante, que não é habitual ver a alguém com capa por Madri. Um jornal espanhol lamentava em 1959 que "os castizos utentes da tal prenda" tinham descido a uns 500 na capital. "O uso da capa impõe, entre outras condições, o ter carro ou não ter que se deslocar continuamente nem longas distâncias; e contar com o dinheiro suficiente para pagar-se o capricho", reconhecia o redactor.

Capa de lana de merino / SESENA.COM

Preço das capas

Na actualidade, Capas Seseña segue apostando "pelo luxo da fabricação artesanal e dos oficios transmitidos de geração em geração". Assim, vende capas longas por aproximadamente 1.000 euros e ponchos por uns 300. "Tradição e fantasía. Um lugar com a magia que te dão nos anos de experiência e a frescura que só te pode dar a ilusão. Profissionais da moda e a confecção made in Spain", valorizava um cliente nas reseñas de Google.

"Um imprescindível a visitar em Madri, ainda que não te vás comprar uma capa. Adoro esta loja, sua História e elegancia", valorizava outro. A um terceiro resultava-lhe "quase incrível que exista ainda um lugar com esta qualidade em suas confecções". Trata-se, em definitiva, de "uma das lojas de moda mais únicas e especiais de Madri".