A elevada procura de ares condicionados atrasa a sua instalação: "Não conseguimos acompanhar"

María e Carmen Nieto, duas irmãs de 87 e 92 anos respectivamente, decidiram enfeitar com um novo acessório a paisagem arcaica que caracteriza a sua pequena casa situada no centro do município sevilhano de Lora do Rio. É que, um ventilador já não era suficiente como o tinha sido noutros verões, agora procuravam a fresca brisa de um ar condicionado, mesmo que não se encaixasse na sua decoração clássica. A 22 de julho, foram a uma loja de Ecomueble que vende e oferece a instalação do equipamento, no entanto, não foi até 1 de agosto quando puderam desfrutar do aparelho, após insistir reiteradamente. "Não conseguimos acompanhar. Estamos na capacidade". Essa foi a resposta do vendedor.

Como em cada verão, muitos são os que se propõem colocar um ar acondicionado nos seus lares para baixar a temperatura. No entanto, neste ano, a onda de calor que está a abrasar Espanha, provocou uma inundação de pedidos que tem provocado que muitas empresas do sector se tenham visto saturadas. "Nós não paramos, montamos de manhã e de tarde", comentam à Consumidor Global desde a loja Universo Instalador, em Barcelona.

Esperar mais de uma semana

"Eu agora mesmo estou a fazer uma marcação para a semana que vem, pois esta semana está cheia desde o passado dia 8 de agosto. Há gente que o quer já e isso agora mesmo é impossível", destaca um empregado da loja. É que, segundo Milanuncios, em toda Espanha, a procura de ares acondicionados cresceu até 81% entre janeiro e julho de 2022 face ao mesmo período do ano passado. "Todos os verões acontece isto, mas nunca tinha visto tal quantidade de procura. Neste contexto de mudança climática, o ar vai ser mais necessário do que o aquecimento a longo prazo", aponta o trabalhador da Universo Instalador.

A procura dispara

Nesta mesma linha, do Serviço Técnico de Electrodomésticos que se ocupa de colocar ares condicionados em Sevilha e arredores, onde as temperaturas superam os 40 graus durante a época de Verão, um empregado que atende a Consumidor Global explica que nos mais de 20 anos que leva a trabalhar no sector não tinham tido tantos pedidos. "Isto aontece em todos os verões, mas a tendência está a aumentar. Há quatro anos montava-se um ar e tínhamos três semanas de boom e depois suavizava. Neste ano começamos em maio e continuamos com o mesmo ritmo sem que baixe a tendência. Esperamos continuar assim até finais de setembro", destaca.

"No entanto, há os mesmos instaladores, o problema é que não temos previsão. Todo o mundo quer instalar um em julho e agosto, e ão somos apenas instaladores mas também técnicos de reparação. Desta maneira, a empresa decide se repara ou instala, e às vezes convém mais que o empregado esteja a consertar", enfatizam da companhia sevilhana.

Preços de Verão 40% mais caros

Para o empregado do Serviço Técnico de Electrodomésticos da capital andaluza o problema é que os clientes esperam até à última hora para pedir um ar condicionado. "Espero morrer de calor para poder pôr este aparelho na minha casa. Pois então há uma avalanche, as pessoas tornam-se loucas e nós, por muito que queiramos, não conseguimos acompanhar toda a procura de maneira imediata", afirmam da empresa.

Na Mediamarkt apontam o mesmo problema, e afirmam que demoram no geral uma semana a oferecer este serviço face o volume de pedidos deste verão. Convém destacar que, durante estes meses de calor, o preço de instalar um ar condicionado, segundo fontes do sector, pode ser entre 30% e 40% mais caro que fazer no resto do ano. Por sua vez, María e Carmen, que largaram o ventilador, e desfrutam do seu novo "pequeno gadget", o têm claro: "Por que não o pedimos antes?", perguntam-se do assento na sala.