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Desengano com a Housfy: atrasos de meses para devolver os depósitos e um "erro" que custa 4.000€

Esta agência imobiliária online afirma facilitar o aluguer e a venda de apartamentos, mas os seus atrasos frustram muitos clientes.

Uma pessoa assina um contrato de aluguer com a Housfy / FREEPIK
Uma pessoa assina um contrato de aluguer com a Housfy / FREEPIK

Housfy é uma imobiliária on-line que permite aos compradores vender, comprar e alugar a sua casa ou conseguir uma hipoteca. Apresenta-se como uma plataforma com a qual se pode dizer adeus às agências tradicionais. "Oferecemos especialistas e ferramentas para que as famílias e os compradores realizem o processo de venda diretamente", afirmam.

Ainda que toda a sua narrativa gire em torno de facilitar e agilizar os processos, há alguns clientes que viveram más experiências pelas dificuldades para receber o seu depósito ou por desacordos com um apartamento. Outros ainda estão à espera de dinheiro que dizem pertencer-lhes.

"Não me responderam nem a metade dos emails"

Víctor Alonso entregou as chaves do andar que tinha alugado com a Housfy no início de abril. Nessa altura, aguardava a devolução do seu depósito, que ultrapassava os 2.500 euros.  Embora o tenha reclamado de imediato, a empresa demorou "mais de dois meses" a devolvê-lo. Teve que insistir uma e outra vez para o conseguir. Este consumidor está "convencido" de que, se não tivesse expressado o seu mal-estar nas redes sociais, ainda estaria à espera. "A comunicação com eles tem sido principalmente telefónica, já não me respondiam nem a metade dos e-mails", relata.

Receber o depósito foi o ponto e final da história de Alonso com a Housfy ("cada vez que falava com eles me contavam algo diferente apesar de que tudo estava em ordem pela minha parte", realça), mas no início também foram complicados. "Quando me mostraram o apartamento, garantiram-me que eu era o primeiro da lista e duas semanas depois descobri que tinha outro casal à minha frente. Acabei por ficar com ele porque o outro casal desistiu. E um mês cobraram-me o dobro e tive de devolver um recibo", lembra.

Llaves de un inmueble / PEXELS
Chaves de um inmueble / PEXELS

Meses de espera

O seu caso não é único. "Estou há quase 2 meses à espera a que Housfy nos devolva o depósito e garantia adicional (2 meses de aluguer) depois de entregar as chaves e comprovar que tudo estava ok. Façam o seu trabalho! E vão calculando os juros que nos correspondem segundo a Lei de Arrendamentos Urbanos", escrevia uma cliente no Twitter. Outros são mais contundentes: "Façam o que fizerem, nunca trabalhem com a Housfy. Estou fora do apartamento há 3 meses e a água continua no meu nome, nem sinal do depósito ainda por cima perderam as chaves, para além de meses de más cobranças durante o contrato", critica um terceiro.

Tanto nas avaliações do Google como noTrustpilot, a empresa tem boas classificações, mas também é fácil dar com críticas por incumprimentos de contrato. Por exemplo, um cliente desconte relatava que era uma irregularidade estar há dois meses fora da propriedade e que ainda não lhe tivessem devolvido o depósito. "Segundo diz o assessor, está pedida a transferência, mas está a esperar confirmação das finanças. No contrato está claro que têm que o devolver aos 45 dias. Não cumprem com o assinado".

Problemas com a reserva

Carlos Requena fez, juntamente com outra pessoa, uma reserva para comprar um andar propriedade da Housfy. Depois de dois meses de trâmites, ofereceram-lhes duas opções de hipoteca. "Escolhemos a mais conveniente para nós e em todo momento solicitamos que fosse 90% do valor da casa, que eles também geriam por contrato e gratuitamente", conta. Pagaram quase 4.000 euros pela reserva.

Bloque de pisos / FREEPIK
Bloco de andares / FREEPIK

Mas a operação correu mal. Por razões, diz Requena, fora do seu controlo. "O banco, a uma semana da assinatura e por ter lido mal o meu contrato de trabalho, recusou a hipoteca", indica. Depois desta negativa veio "uma semana de silêncio absoluto por parte da Housfy": não lhes ofereceram, alega, outras opções de hipoteca de forma concreta e oficial que lhes permitisse finalizar a operação. "Segundo o contrato de reserva, se isto ocorria, deviam devolvâ-la, uma vez que este estava sujeito à aquisição da hipoteca única e exclusivamente se o conseguissem", acrescenta esta pessoa afetada.

"Foi o banco quem recusou a hipoteca"

Mas da Housfy, narra, disseram-lhe que não lhe devolveriam a reserva "porque eu tinha recusado o que me tinham oferecido, coisa que não é verdade: foi o banco quem recusou a hipoteca e nós ficamos esperando outra proposta formal, que nunca chegou", recalça.

Para piorar as coisas, dias depois o banco começou-lhes a reclamar um descoberto "na conta que abriram para a hipoteca que não nos deram e o pagamento dos seguros que nos tinham cadastrado, gestão que tivemos que lutar nós porque a Housfy não se encarregou de nada. Claramente a nossa intenção era comprar o andar,  evidente que abrimos a conta e registámos os. seguros, bem como o resto das coisas que nos pediram", defende-se.

Possíveis erros

No caso de Requena, a chave está em esclarecer quem disse não. "O banco enviou a documentação um mês após ter-nos confirmado a aprovação da hipoteca pelo área de Riscos. Enviou-a à Solvencia, a qual a recusou porque entendiam que eu recebia 90% de meu salário como variável, coisa totalmente errónea. Devo entender que não sabem ler um contrato de trabalho ou que a Housfy não enviou a documentação, ou que não o comunicou correctamente", argumenta Requena.

Una persona revisa un contrato / PEXELS
Uma pessoa revê um contrato / PEXELS

Oito dias após a confirmação da recusa, o dia estipulado para a assinatura da hipoteca perante um notário, de acordo com o consultor e a plataforma Housfy, Requena pediu-lhe que, se não tivesse outras opções de hipoteca, devolvesse a reserva, porque a operação não podia ser efectuada. Mas o seu consultor hipotecário disse que poderia haver outras opções noutros bancos.

O andar, de novo em venda

Mas a Housfy, insiste Requena, não enviou a documentação necessária, e dias mais tarde alegaram que, como ele tinha recusado as hipotecas ("a saber de onde sacam isso", questiona), poriam de novo o andar em venda e ficariam com o dinheiro da reserva. O facto de a empresa ter decidido voltar a colocar o apartamento à venda, considera Requena, é a prova de que toda a manobra foi da sua vontade.

Este consumidor cita um parágrafo do seu contrato: "Se for o VENDEDOR a desistir, o COMPRADOR terá o direito de exigir a devolução do dobro do sinal indicado no presente contrato, a pagar pelo VENDEDOR no prazo máximo de 6 dias". Requena considera que "quem desiste da operação é claramente o vendedor", pelo que, nos termos da lei (art. 1454 do Código Civil), "deve devolver-me o dinheiro e dar-me uma indemnização de igual montante".

A postura da da empresa

"Uma verdadeira vergonha e uma experiência que não desejo a ninguém", diz. Leste meio pôs-se em contacto com a Housfy para conhecer o seu ponto de vista sobre estas supostas irregularidades.

Una persona muestra a un inquilino una vivienda en alquiler / PEXELS
Uma pessoa mostra a um inquilino uma casa em aluguer / PEXELS

Com relação ao prazo de devolução dos depósitos, explicam que, "no cumprimento estrito da Lei de Arrendamentos Urbanos, e de conformidade com o contrato de gestão do aluguer com os seus clientes, a Housfy realiza em nome do proprietário o depósito da fiança legal no organismo oficial correspondente segundo a Comunidade Autónoma. Uma vez finalizado o arrendamento, a Housfy realiza a solicitação de recuperação do depósito ante dito organismo que, em média, realiza a devolução em aproximadamente 20 dias hábeis. Às vezes, o organismo recusa a devolução por motivos alheios à Housfy e é por esse motivo que se atrasam as devoluções".

Particularidades de cada caso

"Na Housfy levamos a cabo várias operações diárias, cada uma com as suas particularidades. O nosso trabalho consiste em compreender cada caso e os seus problemas, e resolver todas e cada uma das dificuldades que possam surgir durante o processo. Temos um firme compromisso e obrigação de cumprir estritamente com todas as regulações", acrescentam.

"Conquanto somos conscientes de que, ao ser uma empresa de serviços para consumidores, sempre existem casos nos quais a nossa intervenção não atinge 100% das expectativas do cliente, trabalhamos em benefício do cliente, pondo-o sempre em primeiro lugar e focando-nos em procurar soluções aos problemas que possam surgir durante as operações", dizem.

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