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Assim te pode afundar uma suplantación de identidade: "Com uma cópia de teu RG podem fazer de tudo"

A vítima assegura que, apesar de que as provas contra ela não são contundentes, a justiça quer fechar seu caso o dantes possível e lhe fazer assumir "o marrón"

Juan Manuel Del Olmo

Una mujer a la que han suplantado su identidad delante del ordenador

Faz uns dias, a publicação na rede social X de uma mulher que afirmava ter sido coaccionada pela justiça depois de sofrer uma suplantación de identidade se voltou viral. Seu caso punha os cabelos de ponta.

"Faz três anos caí num enlace fraudulento onde roubaram minha identidade (meu RG, fotos minhas e inclusive minha conta do banco) e aos meses recebi uma denúncia por fraude. Aí começou a odisea. Nesse dia detiveram-me injustamente, tomaram-me as impressões, fotos… como uma criminosa", explicava.

Abrir contas bancárias

Seu caso, por desgraça, é mais frequente do que parece. Existem grupos de criminosos organizados que se dedicam a preparar sofisticadas armadilhas digitais com as que extraem informação que lhes serve depois para abrir contas bancárias com as que roubam o dinheiro a outras pessoas. Contar com um RG real, ademais, pode servir para realizar muitíssimas gestões, ou inclusive para orquestrar fraudes em plataformas de segunda mão.

"Não têm provas para demonstrar que sou a responsável porque nem sequer as IP concordam comigo", clamava esta afectada, apesar de que a justiça estava a tentar a forçar "a me comer o marrón".

O rastro do dinheiro

A única prova que sugeria sua culpabilidad, argumentava esta afectada em X, era que o dinheiro roubado tinha ido a parar a uma conta que estava a seu nome. Conta que, sublinhava, ela não tinha aberto. Nem sequer coincidiam as direcções IP, remarcaba, mas pretendiam imputá-la por nada mais e nada menos que blanqueo de capitais.

Ademais, criticava a atitude do secretário da juíza e o facto de que as autoridades não lhe tivessem facilitado nada. "Para poder denunciar mandaram-me ao Banco de Espanha, ao CIRBE (…) e ninguém me ajudou". Tomou a decisão de expor publicamente seu caso "porque a própria justiça não me escuta, não têm provas e suponho que quererão fechar meu caso o dantes possível e o mais fácil é me condenar e a tomar por cu. Não tenho tido um julgamento em minha puta vida, não tenho antecedentes de NADA", destacava.

Vítimas e condenações

José Enrique Carrero-Blanco Martínez-Homem é o sócio fundador de Tech Advogados, e conta a Consumidor Global que tem levado casos similares. "Pessoas que não têm feito nada e que, no mínimo, têm tido que pagar o advogado para conseguir o sobreseimiento", indica. Pelo momento, todos seus casos têm ficado no arquivo da causa, mas não descarta que um dia a justiça possa condenar a um inocente por algo assim.

"Sim, pode ter passado já. Pode que alguém já tenha tido essa má sorte de não ter podido verificar que em realidade tinha sido vítima. O que passa é que quiçá não se tenha dado publicidade ao caso, mas perfeitamente pode ter passado: condenados por delitos que não tinham cometido", afirma.

Obtenção de dados

Este letrado menciona o caso de uma pessoa que "não sabe como obtiveram seus dados" e os utilizaram para realizar apostas desportivas. Também aponta "a falha de segurança de Unicaja", do que Consumidor Global se fez eco em seu dia e que provocou uma ingente quantidade de fraudes, algumas das quais já se demonstraram e têm terminado com a condenação ao banco.

"Há que ter muitíssimo cuidado e, por muito que a página site nas que um entra seja parecida à da empresa ou a instituição oficial, convém o comprovar", diz Carrero-Blanco.

Maré judicial

Este experiente descreve que a mulher que escreveu o fio se encontra envolvida numa sorte de "maré judicial". Ela mencionava a Operação Dança, que em 2023, segundo Cope, se saldó com a detenção de 207 pessoas que supostamente "defraudaron mais de 830.000 euros ao suplantar os números de telefone dos bancos para conseguir a informação das contas de vítimas em toda Espanha".

Chegado o caso, se a vítima consegue provar sua inocência, poderia aspirar a receber uma indemnização, mas "do estafador", diz o fundador de Tech Advogados, não do Estado. "O problema é onde está o estafador. Normalmente, nem sequer estão em Espanha. É diferente se falamos de temas bancários, porque então sim pode-se pedir a restituição ao banco se demonstra-se que não tinha adoptado as medidas de segurança necessárias. Mas se não, é difícil", narra.

Sentimento de desamparo

A vítima assegurava que isto só lhe tinha servido "para não crer na justiça e ademais, lhe apanhar medo". Perguntado ao respeito, José Enrique Carrero-Blanco admite que "te encontras com juízes mais e menos empáticos. Não sê como ter-se-á levado a instrução da causa, o que há que fazer nestes casos é tentar provar que teu cliente não foi o culpado. Se as provas apontam-te a ti, há que acreditar que tens sido vítima", detalha.

"Também há que ter em conta que em ocasiões, os promotores, por sobrecarga de trabalho, não se põem a pesquisar muito detenidamente todos os casos como se devesse. E os temas económicos são demasiado complexos", reconhece.

Aumento de casos porque "funciona-lhes"

"A cada vez há mais casos destes. O facto de que os ciberdelincuentes seguam fazendo questão deste tipo de fraudes e a cada vez vejamos mais correios eletrónicos ou mensagens de texto que suplantan a empresas e entidades o que demonstra é que lhes funciona. Com que pique um, já fazem o agosto", valoriza.

Por isso, o mais importante é desconfiar e não enviar informação sensível a todo mundo. "Com uma fotocopia do RG podem fazer de tudo", alerta. Menciona o letrado o caso de uma mulher à que lhe mudaram seu contrato da luz dando só seu nome e o RG. Ela nem se inteirou.

Mais medidas de verificação

"Acho que quiçá poderia partir do Governo exigir mais rigurosidad e mais medidas de verificação à hora das contratações eletrónicas", reflexiona o advogado.

"Quase todo mundo tem já certificado eletrónico. Se para ter a Chave PIN exigem-se-te uma série de requisitos para demonstrar que esse RG efectivamente se corresponde contigo, por que não se exige isso mesmo à hora de fazer contratações?", pergunta-se.