O passado 17 de setembro estreou-se a exposição mais exitosa dos últimos 15 anos do Instituto Cervantes em Madri. Assim o confirma a própria instituição, que cifra o número de visitantes em 26.455, o dado mais alto desde 2010.
Trata-se da exposição Ana María Matute. Quem não inventa não vive. A mostra sobre a escritora catalã será clausurada no próximo domingo 9 de fevereiro depois de uma prorrogação, já que o fechamento estava previsto para o passado 19 de janeiro. É por isso que o Cervantes assinala que a cifra de visitantes poderia superar os 28.000.
Uma aproximação à vida pessoal de Matute
A comisaria da mostra, a editora e filóloga María Paz Ortuño explica que a exposição tem procurado acercar a figura de Ana María Matute ao público geral, não só desde sua faceta literária, sina também mostrando seu lado mais pessoal: sua vida familiar, suas torcidas, suas amizades e suas hobbies. O objectivo tem sido oferecer uma visão completa tanto da escritora como da mulher.
Para a experiente na obra de Matute comisariar esta exposição tem sido "um grande presente", com o desejo de que o público se acerque à obra da autora de Esquecido rei Gudú, já que, em suas palavras, "isso era, no fundo, o que realmente importar". A iniciativa tem servido para comemorar o centenário do nascimento de Matute e coincide com o décimo aniversário de seu fallecimiento.
Primeiras obras de Matute
A exposição tem resgatado as primeiras obras de Matute escritas em libretas e ilustrações desconhecidas para o público, instâncias que passaram um longo tempo no silêncio pela censura. O trajecto está dividido cronologicamente em quatro etapas, referidas a sua infância, juventude, maturidade, que reflete a sua vez a terrível depressão que arrastou durante este período, e a seu renacer.
Numerosas fotografias, objetos pessoais, cartas ou desenhos da autora ajudam a aprofundar em seu conhecimento, e a descobrir facetas desconhecidas, como a de desenhista e pintora, graças, entre outras peças, às deliciosas pinturas que realizou pára Esquecido Rei Gudú (1996), sua novela mais querida.
Obras expostas
Outra mostra desta paixão pelas acuarelas e pinceles é sua Autorretrato feito aos 14 anos e que também alberga esta exposição. Ademais, incluíram-se valiosos originais como a libreta escoar na que escreveu a mão Pequeno teatro, obra que apresentou aos dezanove anos no editorial Destino e supôs o início de sua carreira literária. A mostra exibe assim mesmo para sua leitura um conto inédito da colecção de relatos Os meninos tontos (1956), O ahogadito, que a censura não aprovou.
Ainda que Ana María Matute. Quem não inventa não vive tem conseguido ser a exposição mais vista do Cervantes desde 2010, a instituição colheita outros sucessos anteriores. A outra exposição mais vista foi Amor ao mar. As caracolas de Neruda, inaugurada em dezembro de 2009 e que esteve até fevereiro do ano seguinte, com 33.459 visitantes.