O verão costuma apresentar-se como a estação da alegria, do descanso e dos dias intermináveis de sol. No entanto, para muitos casais, este período não só traz planos e viagens, sina também decisões difíceis. E não é casualidade: diversos estudos apontam a que a chegada do calor está associada a um aumento de separações, especialmente entre casais jovens e de curta duração.
Um dos dados mais curiosos o apresentou o jornalista britânico David McCandless numa palestra TED em 2010. Analisando 10.000 perfis de Facebook, detectou que as mudanças de estado de "Numa relação" a "Soltero" se concentravam justo dantes das férias de verão. A explicação? Mais liberdade, mais planos e uma maior abertura a novas experiências.
Rupturas de casal em verão: o que a psicologia nos diz sobre esta "temporada de despedidas"
Em psicologia, este fenómeno baptizou-se em inglês como uncuffing season —literalmente, "temporada de se tirar as esposas"—, uma expressão que descreve o momento no que algumas pessoas decidem terminar uma relação para viver o verão sem compromissos.
Mas para além deste componente social, o verão pode converter-se num amplificador emocional: elimina as rotinas que em inverno actuam como "tampa" de problemas e nos enfrenta a nossas realidades afectivas.
Por que o verão se converte num detonante
Durante o ano, o trabalho, os horários e as obrigações diárias dão estrutura e, em verdadeiro modo, ajudam a pospor conversas incómodas. Em verão, a equação muda: mais tempo juntos, menos distracções e, portanto, mais oportunidades para que afloren tensões que dantes se esquivaban.
Ademais, factores como o aumento das temperaturas —que segundo o psicólogo e sexólogo Eduard Molinet pode incrementar irritabilidad, fadiga ou insónia— afectam directamente ao equilíbrio emocional e relacional: "A cada grau afecta. Segundo aumenta a temperatura global encontramos-nos a cada vez mais com problemas de saúde mental como poderiam ser a irritabilidad, o cansaço, a insónia", relata.
Motivos frequentes que levam à ruptura em verão
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Desequilíbrio no desejo sexual
O calor e o descanso podem elevar a libido, mas não sempre ocorre ao mesmo ritmo em ambos membros do casal. Esta diferença, conhecida como "desajuste do desejo", pode gerar sentimentos de rejeição ou pressão que erosionam a conexão emocional. -
Expectativas de férias opostas
Um quer relax e sofá; o outro, excursiones e vida social. As diferenças em planos, ritmos ou orçamento podem gerar roces que, em convivência prolongada, se amplificam. -
Estrés económico
As férias implicam despesas extra e, se a economia já estava ajustada, podem provocar discussões. Inclusive viagens planificadas com a intenção de "salvar" a relação podem terminar em frustración se não cumprem as expectativas. -
Comparações em redes sociais
O escaparate veraniego em Instagram ou TikTok mostra relações idílicas que rara vez refletem a realidade. Comparar nossa experiência com estas versões filtradas pode aumentar a insatisfação. -
Conflitos que a rotina silenciava
Com mais tempo para conversar (ou discutir), afloran temas pendentes e tensões que no dia a dia frenético mantinha ocultos. -
Falta de espaço pessoal
A convivência intensiva pode derivar em sensação de afogo se não se respeita a autonomia individual. -
Tempo para pensar
As pausas e momentos de reflexão em verão convidam a questionar a relação: "Isto me faz feliz?" "Tem futuro?". -
Tensões externas
Viagens com familiares, suegros ou amigos podem expor e amplificar desacordos já existentes. -
Maior exposição a tentaciones
Mais vida social e contacto com novas pessoas podem aumentar o risco de infidelidad, especialmente se a relação atravessa um momento débil.
Pode-se prevenir uma ruptura estival?
A psicologia relacional indica que sim, sempre que tenha abertura e disposição para conversar de forma honesta dantes de que chegue a temporada de calor. Algumas pautas finque:
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Lembrar expectativas sobre as férias (actividades, descanso, orçamento).
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Respeitar o espaço individual para evitar sensação de asfixia.
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Proteger a intimidem do casal em frente a interferências externas.
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Planificar momentos de conexão emocional e não só logística.
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Não idealizar o verão: aceitar que terá imprevistos.
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Valorizar a terapia individual ou de casal se os conflitos repetem-se ou há sensação de estancamento.
O verão, por si só, não rompe relações. O que faz é alumiar aquilo que já estava desgastado ou pendente. Se enfrenta-se com honestidade, pode ser uma oportunidade para renovar a conexão… ou para fechar um ciclo de forma consciente e respeitosa.
Se decides terminar a relação, fá-lo com cuidado
Não é necessário prolongar algo que já não te faz feliz, mas sim é possível o fazer com tacto:
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Comunica-o em pessoa, para que a conversa seja clara e empática.
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Evita mensagens ambiguos que dêem falsas esperanças.
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Sei honesto, mas cuida as formas. Reconhecer a importância do vínculo, ainda que breve, pode ajudar a fechar com menos dor.