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Volta a 'Lei Seca' devido ao Brexit: "O gin tónico de sábado está em perigo"

Várias marcas de gin e whisky do Reino Unido sofrem uma quebra de stock em Espanha e os consumidores têm dificuldades na hora de escolher

Um garçom prepara um gin tônica com dispenser, uma bebida que está em perigo na Espanha devido ao Brexit e à escassez global / FREEPIK
Um garçom prepara um gin tônica com dispenser, uma bebida que está em perigo na Espanha devido ao Brexit e à escassez global / FREEPIK

Um gin tónico, se faz favor. De que o quer? De Seagram's mesmo. Lamento, não temos. Pois… Beefeater. Também não temos. Tanqueray? Lamento que também acabou. Têm algo? Temos um gin de Burgos que… Dá-me uma água on the rocks!

Certamente que mais de uma pessoa passou por uma situação parecida ao pedir um gin ou um whisky durante as últimas semanas. Os bares têm que ir a Andorra à procura do "champanhe da felicidade" (Moët & Chandon), cujos stocks estão esgotados. Seagram's também acabou o seu stock em Espanha, e o Black Label ficou caro (já era caro para beber). "Há muitos produtos que simplesmente não existem em stock", lamentam da Federação Catalã de Locais de Lazer Nocturno (Fecalon). "Falam-nos de problemas de transporte, de logística, de baixa produção… é um pouco a tempestade perfeita", resume o presidente da España de Noche, Ramón Mas nos tempos do Covid e desta nova 'Lei Seca' imposta pelas consequências do Brexit e da escassez global de abastecimento, está em perigo a bebida de sábado à noite?

Varias botellas de Seagram's y Beefeater listas para preparar un gin-tonic / PEXELS
Várias garrafas de Seagram's e Beefeater prontas para preparar um gin tónico / PEXELS

Uma recorde sem gin

Depois de 19 meses fechado, a vida nocturna reabriu as suas portas e encontrou-se com uma oferta etílica disponível que não pode satisfazer a elevada procura. "Basicamente,  já quase não há Seagram's, Absolut e Moët, mas com Tanqueray e Black Label também há problemas", explicam da Fecalon, que assegura que os empresários estão a recorrer a armazéns e fornecedores não habituais.

O setor da noite "está a ficar-se sem gin. Tudo o que vem de Londres tem problemas", expõe à Consumidor Global Emili Vizuete, diretor do mestrado em Comércio e Finanças da UB, que explica que a situação se pode agravar a curto prazo. Alguém imagina uma discoteca sem whisky ou gin?

Com o Brexit não há gin

"À grave crise da escassez de abastecimento global soma-se o Brexit", aponta o especialista em logística e professor de Economia da UOC Cristian Castillo. O Reino Unido tem muitos problemas para encontrar transportadoras, algo que quando pertencia à UE resolvia com a livre circulação de pessoas, mas "agora não são capazes de cobrir as necessidades do setor", acrescenta Castillo.

Ante a escassez de abastecimento que sofre Reino Unido, grandes redes de supermercados como a Tesco viram-se obrigadas a rechear os lineares vazios com fotos de produto, e Boris Johnson anunciou que pretende libertar as alfândegas de tanta burocracia e tantas restrições. No entanti, no momento "tudo o que seja produto de origem UK é o que mais problemas tem", insiste Castillor eferindo-se a marcas como Seagram's, Black Label ou Tanqueray, que se ficaram sem stocks em Espanha.

Botellas de whisky y ginebra en un bar / PEXELS
Garrafas de whisky e gin num bar / PEXELS

Em perigo de extinção

Uma falta de stcoks que se faz notar em bares, discotecas e lojas desde há um par de semanas. "No final, dependemos de um mercado internacional, e a globalização tem um grave problema logístico", aponta Vizuete, que afirma que "o gin tónico de sábado está em perigo".

O presidente de España de Noche tenta relativizar a situação e enfatiza que "se não há garrafas de uma marca de gin ou whisky, há as de outra". O tema do champanhe francês é ainda "mais complicado", acrescenta o diretor da citada organização empresarial.

A preço de ouro

O que está claro é que "se um contentor antes custava 2.000 dólares e agora custa 20.000, este aumento de custos reflete-se numa subida de preços do produto final de cerca de 20-30%", explica Castillo.

Na mesma linha, Vizuete garante que ficou mais caro do produto do linear para o combinado na discoteca. "O que antes custava 10, agora custa 14. As empresas não estão para perder dinheiro e refletem o aumento do transporte no preço que paga o consumidor", acrescenta este especialista em comércio internacional. Se a situação continua esta tendência, os preços ainda aumentarão mais, concordam ambos os especialistas.

Alternativas 'made in Spain'

Se não há Seagram's, Beefeater, Absolut, nem Tanqueray, com que se mistura um tónico? "É uma oportunidade para as bebidas espanholas. Nem tudo é importação. Há gins mais próximos de grande qualidade", diz Vizuete, que explica que é o momento para que as destilarias espanholas dêem um passo à frente e se dêem a conhecer.

Ainda que por agora a escassez de abastecimento não seja generalizado, o desequilíbrio entre oferta e procura é tão evidente que, "mais que incentivar o consumo nacional, é necessário não se deixar levar pelo nervosismo e optar por um consumo moderado", aponta Castillo sobre como pode colaborar a cidadania na hora de não agravar a situação. "Até a Coca-Cola tem problemas de produção porque não tem suficientes latas de alumínio", sentencia o especialista.

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