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Carlos Rios, contra os experientes que criticam seu creme de cacau: "A máfia move seus fios"

O influencer reage encolerizado contra os nutricionistas que alertam de que seu último lançamento incumpre o regulamento sobre o etiquetado de produtos azucarados

carlosrios
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A Carlos Rios não gosta das críticas. Ao menos isso é o que se deduze depois de sua irada resposta aos experientes que alertaram das deficiências de seu último lançamento, um creme de cacau. Segundo o conhecido fooder, essas críticas negativas respondem a uma escura campanha da indústria dos ultraprocesados contra ele e contra seu projecto de "comida real". "A máfia está a mover seus fios", tem chegado a denunciar.

Na semana passada Rios, o influencer, nutricionista e agora também empresário, lançava seu creme de cacau, sem dúvida alguma o produto mais esperado por seus fãs. Após o hummus, o mutabal, o gazpacho e o salmorejo, o gurú da comida sã, tinha pendente o doce. A premisa era clara: emular um creme como a Nocilla e a Nutella, mas sem açúcares. Na quinta-feira, no dia da estréia do novo alimento, a equipa de Consumidor Global provou o creme e solicitou a opinião de uma experiente. No entanto, a Rios não gostou do veredicto e tem reagido com virulencia contra este meio e contra os especialistas. Mas, por que o influencer não tem razão?

A lei é a lei

"A indústria dos ultraprocesados não tem demorado em reagir a nosso lançamento do creme de cacau", explicava Rios num pós de Instagram que antecedía a outro com a informação de Consumidor Global. No entanto, essa informação não procedia da indústria dos ultraprocesados, sina do exposto pela prestigiosa nutricionista Beatriz Robles. E a tecnóloga dos alimentos e divulgadora científica detectou dois erros em seu etiquetaje. "Contactaram-me alguns meios de comunicação por um suposto caso de 'ilegalidad' no etiquetado de nosso produto. A demanda justificam-na porque dizem que nosso creme não pode se anunciar como sem açúcares acrescentados porque leva dátil", admitia Rios.

Na parte frontal da embalagem do creme do influencer aparece a menção "sem açúcares acrescentados e sem edulcorantes". Dita referência está regulada pelos regulamentos da UE 1924/2006 e 1169/2011, que assinalam que nenhum alimento pode empregar esta connotación se há algum componente que se utilize por suas propriedades edulcorantes, como é o caso do dátil no creme de Rios. Um erro que bem podia eludir o empresário justificando que é para contribuir fibra ou para lhe dar sabor do creme, mas no etiquetado do creme na parte trasera Rios afirma que "se emprega o dátil para endulzar de forma natural".

La publicación de Carlos Ríos / INSTAGRAM CARLOS RÍOS
A publicação de Carlos Rios / INSTAGRAM CARLOS RIOS

"Somos muitos, Carlos"

Para Rios o erro não é seu e, em vez de rectificar, fazia questão de que "este argumento é típico da indústria dos ultraprocesados, porque a eles não lhes interessa diferenciar a qualidade dos ingredientes". "Querem retirar nosso creme de cacau do mercado", concluía.

Mas as respostas não se fizeram esperar. "Baseias tua pobre comunicação em criticar todos os processados, creias teu próprio processado, to analisam, apontas aos demais por conflitos de interesse, te inventas que proibirão teu produto e asseguras que estás a mudar a sociedade… Diria que alguém vai de alumiado e não passa de conspiranoico", escrevia em Twitter o editor José Fernando Ramírez. De facto, muitos rostos conhecidos da comunidade foodie, tecnólogos dos alimentos e nutricionistas, manifestaram-se em Twitter após que Rios alentará a seus fãs de desprestigiar tanto a este meio, como à profissional que valorizou o produto. "Somos muitos, Carlos", assinalava Laura Caorsi, jornalista especializada em alimentação e saúde. Mas Rios tem seguido em seus treze: "Quem ache que esta campanha de tentativa de desprestigio não está orquestrada pela indústria dos ultraprocesados... ESTÁ CEGO"

O debate não está no dátil

Em seus stories, publicações e tuits --sim, ainda que o influencer não tenha Twitter, ontem escreveu desde a conta de MyRealFood- - Rios optou por soslayar a questão de se cumpria ou não a legislação vigente e se centrou em defender que o açúcar procedente dos dátiles é mais são que o refinado.

Mas outros especialistas lhe reprocharon sua estratégia evasiva. "As críticas que se fizeram têm sido justificadas e robustas, e aqui lhes dizes a tua comunidade que o argumento que usam eles é equiparar dátil a açúcar . NÃO, NÃO, NÃO esse argumento não se esgrimiu, a gente que tem criticado o etiquetado de teu Nocilla em RRSS o explicou perfeitamente", apontava Aitor Sánchez, autor do blog Meu dieta coxea e tecnólogo dos alimentos. "Ao menos encaixemos as críticas e se o regulamento não está bem lhe tiras o 'sem açúcares acrescentados' e a seguir vendendo. Mas não montes um drama como se fosse um complô", acrescentou.

O creme de Carlos Rios é um ultraprocesado?

​"Que leve dátiles, em vez de açúcar, não quer dizer que seja bom, em realidade é menos má que as tradicionais, mas segue sendo um produto de consumo ocasional que equivale aos cremes de cacau ultraprocesadas", aseveró Beatriz Robles a Consumidor Global.


O creme de Carlos Rios é mais saudável que a Nutella ou a Nocilla, mas não por isso obtém impunidade nem pode se considerar um referente da comida sã. A raiz da polémica, Miguel A.lurueña, autor de Que não ta líen com a comida, citou várias frases de seu livro para entender que papel joga o dátil no creme de Rios. "Se em lugar de utilizar açúcar convencional acrescentam-se dátiles, mel ou mosto, o produto parece mais saudável, porque ademais vai acompanhado da mensagem 'sem açúcares acrescentados'. No entanto esta prática está proibida pela legislação. Substituir o açúcar por mel ou mosto é, afinal de contas, acrescentar açúcar, ainda que num formato que goza de melhor imagem", reiterava Lurueña.

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