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O sobrecoste dos produtos sem gluten: os celíacos gastam 900 euros mais ao ano

Uma barra de pan sem esta proteína custa 10 vezes mais que uma convencional, um custo extraordinário e inasumible para alguns

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O 1 % da população espanhola tem sensibilidade ao gluten. Em torno de 470.000 pessoas devem seguir uma dieta estrita de por vida na que esta proteína, presente à semente de muitos cereais --como o trigo, a cevada, o centeno ou a espelta--, fica fora de sua alimentação. Para quem opinem que a cifra não é muito alta, há que mencionar que se calcula que entre um 80 % e um 85 % dos casos ainda não estão diagnosticados, pelo que poderia ser muito maior.

Não obstante, o número de celíacos segue crescendo e, com isso, a oferta de produtos sem gluten que saem ao mercado. E a maior concorrência, os preços ajustam-se. Em 2006 a despesa extra anual para um celíaco era de 1.911 euros mais que o de uma pessoa tolerante ao gluten. Mas em 2020 reduziu-se dita quantidade até os 902,40 euros, segundo dados da Associação de Celíacos e Sensíveis ao Gluten de Madri. E por se fosse pouco, a despesa ascende a 1.070 euros se compra-a realiza-se em supermercados regionais, segundo o último relatório da Federação de Associações de Celíacos de Espanha (Face). Mesmo assim, em 14 anos, o preço tem diminuído o 52,8 % ou, o que é o mesmo, se recortou à metade. Não obstante, os 900 euros ao ano que supõe seguir uma dieta sem gluten não todo mundo pode os assumir. Os afectados levam décadas solicitando ajudas económicas que já existem em outros países, mas suas preces caem em saco rompido.

Processos que encarecen o produto

Os preços dos alimentos sem gluten são mais elevados porque sua fabricação também é mais cara para as empresas. "Devem ter linhas de produção independentes e separadas para evitar a contaminação cruzada, a matéria prima certificada é mais cara, a rotação dos produtos nos lineares das lojas é inferior e há um custo em I+D que toca assumir para adaptar o desenvolvimento dos produtos e suprir a ausência de gluten", explica a Consumidor Global Branca Esteban, responsável por segurança alimentar da associação de Madri.

Não obstante, a experiente assegura que os preços têm baixado bastante, como se pode observar no gráfico. O bico atingiu-se em 2007, com 1.940 euros de diferença ao ano, isto é, quase 162 euros a mais ao mês ou 40,5 euros de despesa extra em compra-a semanal. Mas, nos últimos anos, "produziu-se um aumento da demanda, porque a cada vez diagnosticam-se mais casos, e as empresas puseram-se as pilhas", celebra Esteban. De facto, muitos supermercados incluem produtos sem gluten em suas marcas brancas e há alimentos básicos a preços bem mais económicos.

Uma vida 'de risco'

A Rafael Antelo confirmaram-lhe faz cinco anos que era celíaco, depois de toda uma vida se sentindo mau após comer. Sua filha também o é, de modo que, a cada mês, enchem a cesta da compra de produtos sem gluten para dois, o que supõe uma despesa "inasumible", tal e como conta a este médio. Por pôr um exemplo concreto, 100 gramas de magdalenas sem gluten custam 0,17 euros, enquanto seu preço dispara-se até os 1,34 euros se não contêm esta proteína, segundo dados de Face. "Tentamos comprar o menos possível e fazer todo o que podemos em casa. Temos uma máquina panificadora porque uma simples barra de pan custa 10 vezes mais", lamenta.

Não obstante, Antelo recorda que, faz um lustro, a oferta era limitada, os preços mais elevados e a identificação dos alimentos quase impossível. "Não tinha nenhum símbolo ou aviso na embalagem, como sim ocorre agora, de modo que perdia muito tempo em olhar produto por produto", explica. No entanto, comer fora de casa ainda é toda uma aventura. "Comer sem gluten está de moda e muitos restaurantes oferecem estes produtos em suas cartas, mas não têm cozinhas separadas e se produz contaminação cruzada", enfatiza Antelo. De facto, uma vez puseram-lhe uma salada com bicos de pan em cima, ainda que tinha avisado de sua doença. "A improvisación não é viável. Não se pode entrar num bar qualquer porque não estás tranquilo. Há que levar todo planificado e ir só a restaurantes de confiança", sublinha.

As escassas ajudas que há em Espanha

As famílias que têm de suportar estas despesas extraordinárias não recebem nenhum tipo de ajuda nem subvenção para lhes fazer frente. Em outros países de Europa, como Áustria, Itália, Finlândia, Portugal ou França, sim se contempla uma bonificación às pessoas celíacas. Alguns países oferecem um pagamento mensal, enquanto outros o desgravan na declaração da renda. "Há muitas fórmulas, mas em Espanha não temos nenhuma, a excepção das ajudas que oferece Navarra e a província de Vizcaya", conta Esteban.

As associações de celíacos reclamam desde faz anos estas ajudas públicas, pois asseguram que há pessoas que não podem seguir a dieta porque não lha podem permitir economicamente. "Não é uma eleição. Se não se cumpre com isso de forma estrita se põe em perigo a saúde e aumentam as probabilidades de desenvolver outras doenças", conclui a experiente.

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