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Assim são as práticas de "mafiosos" de ISFG para reclamar dívidas que não sempre estão demonstradas

Esta empresa de recobros saca peito de seu "tesón e perseverancia", mas são centenas os afectados que denunciam métodos cuestionables e que estão na linha do permitido pelo RGPD

Juan Manuel Del Olmo

Una consumidora recibe la llamada de ISGF PEXELS

"Queremos fazer melhores a nossos clientes, acercando-lhes a seu público objectivo, conseguindo experiências de cliente positivas que gerem valor para eles e para todos seus grupos de interesse", proclama ISFG em sua página site. Esta entidade dedica-se à gestão da dívida de outras empresas, como Iberdrola, Endesa, O Corte Inglês ou Santander, e o faz com métodos que, em ocasiões, geram experiências que são de todo menos positivas.

A gestão de dívidas é, naturalmente, um labor delicado. "Caracterizamos-nos por nossa vocação de serviço que nos leva a perseguir os objectivos lembrados com nossos clientes com tesón e perseverancia, cumprindo o prometido", indica também a entidade. Neste caso, a eleição do verbo perseguir parece adequada: são muitos os afectados que denunciam ter recebido insistentes telefonemas, na linha do acorralamiento, por supostas dívidas que não estavam do todo demonstradas.

Dívida com Vodafone

R. Naharro explica a este meio que Vodafone argüía que ele mantinha uma dívida com a empresa: no final de 2023, cadastrou-se numa série de serviços e lhe colaron outros. "Cadastraram-me em linhas extra que eu não tinha pedido, e me encontrei de repente uma factura de uns 300 euros mensais, quando costumava pagar 70 ou 80", expõe. Não é, por desgraça, algo do todo infrequente: Consumidor Global tem demonstrado como a empresa de telecomunicações tem ocasionado problemas a clientes por motivos parecidos.

Naharro pediu explicações a Vodafone, ao que a empresa respondeu que ele tinha contratado esses serviços de forma voluntária. "Redigi um escrito larguísimo explicando que serviços me tinham metido sem que eu o pedisse, e solicitei que me enviassem as gravações nas que ficasse demonstrado que eu tinha contratado tal ou qual coisa", recorda. Não surtió efeito. Vodafone seguia exigindo o dinheiro… de modo que cortou pelo são: descadastrou-se de Vodafone e deixou-lhes claro que não ia pagar.

"Me avasallaban"

É então quando entrou em cena ISFG. "Começaram-me a chamar e a chamar reclamando essa dívida, ao que eu respondia que não estava demonstrada", afirma. "Em teoria são um bufete, de modo que deveriam ajudar-te a resolver o conflito, mas em lugar disso me avasallaban", assegura este consumidor, que enviou à entidade outro escrito no que explicava, "céntimo a céntimo", que tinha estipulado contratar e daí não.

Em verdadeiro momento, Naharro contestou a ISFG que estava disposto a pagar 100 euros da suposta dívida de 300 que mantinha com Vodafone. Entendia que essa parte sim podia ser atribuible a ele, já que, dantes de se descadastrar, no último mês tinha desfrutado de uma série de serviços normais, como a fibra, que sim tinha consumido. ISGF aceitou, com o que parecia que o problema se tinha limpado… mas depois voltou às andadas e seguiu reclamando o dinheiro.

Ameaça de ir a julgamento

"Então ameaçaram-me com ir a julgamento, e eu contestei que o estava a desejar: assim comprovariam que não existiam provas que demonstrassem que eu contraí essa dívida", diz Naharro. Depois disto, não voltaram a lhe chamar.

A pressão não avariou a confiança deste consumidor, mas é fácil imaginar que muitos outros, temerosos, sim terão passado pelo aro. De facto, em Google há mais de 1.000 reseñas sobre ISFG, algumas delas muito negativas. "Está a acossar-me esta empresa, recebo chamadas continuamente, usando diferentes números de telefone. Não contentes com isto, se fizeram com o número de minha filha e agora a acossam a ela. Postos em contacto telefónico com ISGF assessoria jurídica, para informar que se tomaram medidas legais, têm passado às ameaças verbais. São cobradores de dívidas de telefonia móvel que não sustentam em documento algum", descreve uma afectada.

Ficheiro ASNEF

"Chamam-te perguntando por outra pessoa, já que conseguem teu número de quique", denúncia outra. "Chamam dizendo que se deve um custo de uma companhia de telefone, insultando e faltando ao respeito, sem dar nenhuma informação sobre a dívida e te ameaçando de que te vão meter no ASNEF se não aceitas seu tira. Chamo à companhia de telefone e informam-me de que não tenho absolutamente nenhuma dívida com eles, que está tudo bem", clama um terceiro.

Trata-se de práticas de duvidosa legalidade: no site do Escritório de Atenção ao Consumidor da Comunidade de Madri explica-se que pontualmente chegam à entidade "consultas a respeito do funcionamento e a questionada legalidade das práticas que estas empresas utilizam para cobrar as dívidas". Ademais, indicam que as empresas de recobros só poderão exigir o pagamento destes custos quando esteja cristalino "que a dívida seja verdadeira, vencida e exigível, e que tenha resultado impagada".

Protecção de dados

Se o consumidor não reconhece a dívida e tem aberto um litigio em arbitragem de consumo, em tribunais de justiça ou uma reclamação na Agência de Protecção de Dados, não se pode falar de dívida "verdadeira", e por tanto, não se lhe pode incluir no tratamento de morosidad até que se resolva o conflito.

Assim, há inclusive quem define a ISFG como "uns mafiosos" que "não param de me chamar, me pendurar e inclusive me insultar, ou me mandar um SMS instando a pagar imediatamente".

"Têm meus dados, não sei de onde os sacaram"

"Chamam-me por uma suposta dívida de Orange sobre um telefone de prepago de outra companhia. Grosseiros e maleducados. Impossível ter essa dívida. Têm meus dados, não sei de onde os sacaram. Asustaviejas. Se têm razão, a julgamento. Nunca fá-lo-ão. Bloquear e marcar como spam", recomenda outro afectado no foro de valorações Trustpilot.

"É o pior de pior, com ameaças, chulería, soberba falta de empatía e quisesse pôr todo o que opino o que não me dá para tudo. Exigem de uma maneira que se converte em coacção, quando isso está totalmente proibido, mas eles seguem, lhes dá igual. Estão a reclamar-me uma dívida que não existe e eles seguem", aponta outra neste lugar.

Consumidor Global, que no passado se fez eco das práticas de entidades similares, como Lexer ou Team 4 Collection, tem contactado com ISFG para perguntar se consideram que sua modus operandi é ético e como obtêm os telefones de pessoas que não reconhecem as dívidas, mas, ao termo desta reportagem, não tem obtido resposta.