São as entradas nominativas a solução à reventa? Doutor Music e Rammstein põem-no a prova

O acesso a eventos com identificação é uma fórmula pouco usada em Espanha que pode ajudar a reduzir a actividade de plataformas como Viagogo ou StubHub

rammstein 2
rammstein 2

É o quebradero de cabeça de artistas, promotores e público. A reventa e a inflação do preço das entradas através de canais não oficiais tem voltado com força à indústria musical depois do parón da pandemia. Coldplay, Harry Styles, Rosalía... As grandes giras internacionais são as que concentram a maioria de fraudes e vendas a preços desorbitados por culpa de plataformas como Viagogo ou StubHub. Estes sites aproveitam o fenómeno fã para fazer caixa e traficar com milhares de entradas. Enquanto, os promotores experimentam o modelo nominativo, que em Espanha segue em fase de provas, segundo estes organizadores.

Um exemplo é o de gira-a européia de Rammstein . Nesta quinta-feira saíram à venda as entradas para o concerto que dará a banda alemã em Madri em junho de 2023 e cujos preços oscilam entre os 54 e os 150 euros. Segundo assinala a promotora do concerto em Espanha, Doutor Music, "a petição expressa do artista, as entradas serão nominativas e levarão impresso o nome e apellidos que se facilitem no momento de realizar a compra". Isto significa que, para aceder ao recinto, será preciso apresentar RG e que os dados coincidam com os da entrada, caso contrário, se denegará o acesso.

Acesso nominativo para evitar a reventa

Outro detalhe a ter em conta é que os tickets enviar-se-ão um mês após ter realizado o pagamento para assim evitar que acabem em plataformas como Viagogo, Milanuncios ou SubHub. Desde Doutor Music contam que "não é a primeira vez que se opta pelas entradas nominativas para assegurar que os fãs têm acesso à venda e evitar assim a especulação", ainda que, segundo assegura a promotora catalã a Consumidor Global, "em Espanha segue sendo inovador e se fez só em alguns concertos dantes do Covid. Estamos ainda avaliando o funcionamento do mesmo em nosso país".

Varios fans de Rammstein en un concierto / RAMMSTEIN
Vários fãs de Rammstein num concerto / RAMMSTEIN

Héctor Fouce, jornalista e professor do Mestrado de Música ao vivo de Live Nation em colaboração com a Universidade Complutense de Madri, fala da reventa como um fenómeno que tem passado de ser "marginal e artesanal" a estar presente a todos os grandes eventos. "Converteu-se em algo que começa a ser escandaloso e um grande problema", alerta.

Devolver a entrada: uma possibilidade muito longínqua por enquanto

Para Jordi Oliva, experiente em indústria musical e professor da UOC, este fenómeno volta a estar à ordem do dia pela excessiva demanda que tem trazido o regresso deste tipo de eventos. "Acho que o modelo nominativo está muito bem para evitar que os preços subam ainda mais do que já o fizeram os próprios promotores, mas não é suficiente", conta.

Rammstein en un concierto reciente en Berlín / RAMMSTEIN
Rammstein num concerto recente em Berlim / RAMMSTEIN

E é que, o facto de que os tickets sejam nominativos complica que, se ao final não se pode ir ao evento, possa ir outra pessoa em lugar do assistente original. "Os promotores deveriam estabelecer outras medidas como uma data limite para poder devolver as entradas, mas não lhes interessa por se ficam com tickets sem vender ou simplesmente temem ganhar menos", conta Oliva. Em opinião de Héctor Fouce, "não deve ser difícil implementar um sistema digital singelo que permita mudar o nome ou devolver a entrada se ao final não podes ir".

Mudança de nome por 20 euros

Alguns festivais como Granada Sound ou FIB, produzidos pela empresa valenciana The Music Republic, oferecem a possibilidade de mudar o nome de suas entradas após as ter comprado. Isso sim, o preço por esta gestão é de 20 euros. Segundo Doutor Music, a modalidade primeiramente nominativa é bem acolhida pelos fãs, "já que protege seus interesses e se há queixas costumam vir dos revendedores". Mas, alguns consumidores como Sara Galindo pensam que é uma opção que só beneficia ao promotor, em especial quando se cobra pela mudança de nome.

"Nesse caso, se ao final não posso ir e quero vender uma entrada pelo mesmo preço ao que me custou, a gente vai ir directamente ao portal oficial porque lhe vai sair igual ou mais barato", conta. David Chamoso, outro assistente habitual de concertos opina que o modelo está bem, "mas deveriam dar a opção de poder devolver a entrada se ao final não podes ir e que a ponham à venda de novo". Em definitiva, terá que observar como evolui este sistema e seguir em busca de opções que protejam os direitos e interesses dos consumidores.

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