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O que são alegações nutricionais nos alimentos e como as avaliar?

Cada vez mais, muitos alimentos são rotulados e publicitados com uma série de alegações sobre a presença de determinados nutrientes "marcados com uma estrela" ou a ausência de outros nutrientes "marcados com uma estrela" que podem induzir os consumidores

O dietista e nutricionista Juan Revenga dá conselhos dietéticos / CG PHOTO SHOTING
O dietista e nutricionista Juan Revenga dá conselhos dietéticos / CG PHOTO SHOTING

Em termos nutricionais, o valor de um alimento mede-se em virtude da proporção dos diferentes nutrientes que tem. Neste sentido, existem nutrientes que no general têm uma boa consideração e que portanto são interessantes. Ao mesmo tempo, a outros nutrientes sucede-lhes o contrário. Essa consideração, boa ou má dos nutrientes, refere-se às funções fisiológicas que possam desempenhar ou, também, se relacionam com a possibilidade de incrementar o risco de certas doenças não transmissíveis (obsidade, diabetes, doenças cardiovasculares, cancro, etc).

Portanto, sabendo o interessante que para os consumidores possa ser esta informação, a União Europeia publicou o Regulamento Europeu 1924/2006, com o fim de regular as condições que deve reunir um alimento para ter certas declarações nutricionais.

Alegações nutricionais positivas

Um alimento ou um produto alimentar (que não são o mesmo) pode alegar que contém certos nutrientes bem considerados, a saber: proteínas, vitaminas, minerais, fibra, ácidos gordos poliinsaturados e ácidos gordos monoinsaturados, desde que estejam presentes numa determinada proporção regulada no mencionado regulamento. Desta forma, os diferentes alimentos e produtos poderão usar expressões na sua embalagem e publicidade como: "contém...", "alto em…", "rico em…" e "fonte de...".

Alegações nutricionais negativas

Por outro lado, um alimento ou género alimentício pode alegar carência de certos nutrientes que são mal considerados, como as gorduras totais, as gorduras saturadas, o açúcar e o sal.

Além ddisso, também nesta seção, se consideram como declarações nutricionais, as que se refiram à redução ou ausência de valor energético (ou de calorías ) em relação a outro produto da mesma categoria. Sobre estes nutrientes e sobre a questão das calorías, as expressões que estão reguladas no regulamento são: "conteúdo reduzido...", "sem...", "baixo em…", "muito baixo em..." e "light".

A questão da "light" é muitas vezes mal compreendida.

Um certo número de consumidores costuma entender que um alimento com a declaração "light" quer dizer que o seu conteúdo em calorías é reduzido (face a outro da mesma categoria) ou que directamente não tem calorías. E estão enganados. O caso é que a terminologia "light" pode referir-se a um conteúdo reduzido de calorías, mas também a um conteúdo reduzido de sal (ou sódio), gorduras saturadas, gorduras totais ou açúcar.

Isto é, algo que tenha a declaração "light" na etiqueta ou publicidade não tem por que se referir à redução de calorías, pode ser que sim, mas pode ser que essa característica "light" se refira a qualquer dos outros nutrientes "estrela". E mais, o fabricante tem a obrigação de incluir essa informação para que o consumidor saiba qual é a característica que torna esse produto "light". Isto nem sempre é feito e, quando é feito, é-o através da estratégia do asterisco. Isto é, pôr um asterisco junto a "light" e, noutro campo visual da embalagem, com letra normalmente de menor tamanho, a indicar a característica pela que é "light", seja pela redução de calorías, açúcar, sal ou sódio, gorduras totais ou gorduras saturadas.

As declarações nutricionais podem ser um cavalo de Tróia

Aparentemente que as declarações nutricionais são uma interessante ferramenta que facilita que os consumidores façam escolhas mais informadas. No entanto, algumas teorias funcionam melhor sobre o papel que quando se levam à prática e, actualmente. Neste sentido, as declarações nutricionais (bem como as declarações de saúde que veremos noutro artigo) converteram-se numa poderosa arma em mãos de uma determinada indústria alimentar que, longe de ajudar, confunde boa parte dos consumidores. Podes comprová-lo tu mesmo. Vai ao mercado ou ao supermercado e comprova quanto da oferta de um balcão de peixe põe que os seus produtos são fonte de omega três ou altos em proteína ou ricos em ferro. Veja quantos dos produtos da mercearia dizem que não têm açúcares adicionados, que são ricos em fibras ou que são uma fonte de vitamina C. Estou a dizer-lhe: nenhum. Estou a dizer-vos: nenhum. em fibra ou fonte de vitamina C. Já to digo eu: nenhum.

Se queres encontrar esse tipo de declarações terás que mudar de seção e ir a onde estão as bolachas, os pratos preparados, os molhos industriais, os refrigerantes e, no general, os ultraprocesados.

No final, tristemente, as declarações nutricionais têm servido para exercer uma péssima política que se conhece como nutricionismo. Este movimento mercantilista consiste em valorizar a qualidade nutricional de um produto apenas pela referência anecdótica à presença (ou ausência) de um nutriente. Com o nutricionismo, os consumidores podem chegar a pensar que um bolo industrial recheado de creme de cacau que tenha declarações como "com 50% da quantidade diária de ferro recomendada" ou "sem açúcares adicionados", seja uma boa escolha.

Em suma, e no sentido mais prático, seria aconselhável fazer as nossas escolhas a partir de um catálogo de alimentos "burros" e evitar todos aqueles que, com luzes de néon, gritam e berram como são fixes por terem este ou aquele nutriente em falta. Portanto, mais mercado e menos supermercado. E, mais uma vez, a importância do nosso provérbio "diz-me o que ostentas e dir-te-ei o que te falta" é realçada.

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