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Julián González (O Poço): "Em Espanha não existem macroquintas de porcos, só quintas grandes"

O diretor de marketing do Grupo Fuertes surpreende a todos com suas palavras sobre a pecuária extensiva, escapa das críticas do ministro do Consumo, Alberto Garzón, e promove os novos produtos da empresa de carnes

Julián González diretor de marketing da El Pozo / GRUPOFUERTES
Julián González diretor de marketing da El Pozo / GRUPOFUERTES

Na cidade de Castilléjar (Granada) vivem 1.300 pessoas e mais de 650.000 porcos. Ali está a maior exploração de suínos de Espanha, que pertence à Cefusa, o principal fornecedor de gado da marca El Pozo (Grupo Fortes). Segundo o Registro Estatal de Emissões e Fontes Contaminantes --PRTR nas siglas em inglês--, as macroquintag são instalações suinícolas com capacidade para mais de 2.000 porcos, pelo que em Espanha há 3.235. Por este motivo, as declarações do diretor de marketing do El Pozo, Julián González, à Consumidor Global, deixarão mais de um atordoado: "Em Espanha não existem as macroquintas de porcos".

Decenas de cerdos hacinados en la macrogranja de Cefusa (filial de El Pozo) en Castilléjar / GREENPEACE
Dezenas de porcos amontoados na macroquinta de Cefusa (filial do Poço) em Castilléjar / GREENPEACE

Greenpeace e Jordi Évole (Salvados) mostraram ao mundo imagens horripilantes das condições nas quais vivem e morrem os porcos nas macroquintas do El Pozo. Inclusive a Audiência Provincial de Múrcia emitiu um recurso para pesquisar possíveis delitos de mau-trato animal numa das suas explorações. Por sua vez, o ministro de Consumo, Alberto Garzón, alertou sobre os perigos ambientais das macroquintas. Falámos com a empresa de carnes sobre todos estes temas --que eles preferem esquecer--, sobre os seus produtos mais vendidos e sobre a sua nova gama Flexiterráneo, que definem como "muito meat e muito veggie".

--Pode-se ser muito carnívoro e muito vegetariano ao mesmo tempo?

--"A nova gama Flexiterráneo que apresentámos na Alimentaria 2022 é uma evocação à cozinha mediterrânea. O objetivo é unir o consumo de carne e o de legumes num produto porque ambos os ingredientes fazem parte da nossa gastronomia mais tradicional".

La nueva gama Flexiterráneo de El Pozo / LUIS MIGUEL AÑÓN (CG)
A nova gama Flexiterráneo do El Pozo / LUIS MIGUEL AÑÓN (CG)

--Os hambúrgueres ae Flexiterráneo estão em terra de ninguém?

--"São três hambúrgueres que querem dizer aos que demonizam a carne: 'ouve, dou-te uma solução 50% de carne e 50% vegetal'. No final, todos os produtos têm que obedecer ao gosto. Um hambúrguer, acima de tudo, tem que ser bom".

--Onde localizar-se-ão nos supermercados? Ao lado da carne ou dos vegetais?

--"Onde localizar-se-ão? Pela forma como os supermercados estão montados, o Flexiterráneo estará nas prateleiras de hambúrgueres e carnes picadas".

--Que destacaria neste novo produto?

--O importante é que seja bom. E se além disso é saudável e fácil de preparar… bendito seja. É uma forma de solucionar a vida ao consumidor para que só tenha que colocá-lo para frente e para trás no prato. Há que falar de tendência, mas no sentido de facilitar a vida ao consumidor. Estamos no início de uma família que vai ter um longo caminho a percorrer".

--Qual é o vosso produto mais vendido?

--"Todos os derivados do porco ibério como a paleta, o presunto ou a mortadela, entre outros".

--O ministro de Consumo, Alberto Garzón, posicionou-se contra as macroquintas de porcos em Espanha…

--"A primeira forma de combater este tema é com colaboradores dentro do mundo da comunicação. O primeiro erro é pensar que no mundo do porco existem macroquintas, porque não é assim, mas deu-lhes para usar essa terminologia. Em Espanha não existem as macroquintas. As da China sim são macroquintas. O primeiro que há que dizer ao consumidor é que desde o ano 2000 não existem macroquintas de porcos em Espanha. Tudo isso está regulado. Se alguém quer falar com propriedade, pode dizer que há quintas grandes".

Miles de cerdos hacinados en una macrogranja cárnica / COORDINADORA ESTATAL STOP GANADERÍA INDUSTRIAL
Milhares de porcos lotados numa macroquinta de carne / COORDENADORA ESTATAL STOP GANADERÍA INDUSTRIAL

--Na televisão têm saído imagens arrepiantes de animais em muito mau estado nas vossas macroquintas…

--"Se aprendemos algo da crise de 2018 (por causa das imagens de Salvados ) foi que somos uma empresa com muita marca, porque muitos consumidores nos defenderam. Estamos em 8 em cada 10 lares e somos a primeira marca de penetração nos lares deste país. Outra empresa com menos nome teria falido. Nós temos a fortaleza de uma marca que ganhou a confiança dos consumidores de uma forma ética e moral".

--O consumidor espanhol ainda prioriza o preço por diante de outros aspectos?

--"A relação qualidade-preço está bem e agrupa o maior número de consumidores. Mas com um consumidor cada vez mais informado, também influem outros factores. Querem saber o apelido da marca, os métodos de produção, se trabalhas no bem-estar animal. A nível nutricional, cada vez procuram alimentos mais saudáveis".

--Também ampliaram vossa gama prémium…

--"Acabamos de lançar três produtos da gama prémium Legado (um presunto cozido com trufa, um peito de frango e um peru assado). São 100 % sem aditivos e contribuem para a tendência dos consumidores para produtos mais saudáveis e naturais".

--Qual a porcentagem das vossas vendas são de produtos prémium?

--"Legado Ibério, Bienstar e Edição 1954, entre outras marcas, fazem parte da gama prémium, que no seu conjunto representam 60% das nossas vendas. Queremos fazer gamas prémium para que o consumidor desfrute delas de forma democrática. Queremos democratizar o luxo e que todas as carteiras possam aceder a produtos prémium".

El Pozo Bienstar Jamón Cocido Extra / CARREFOUR
El Pozo Bienstar Presunto Cocido Extra / CARREFOUR

--Como o Covid afetou as vossas vendas?

--"Estamos num setor no qual beneficia que todos os dias se tem que comer. Notámos menos os efeitos do Covid que outras indústrias. Toda a seção Horeca desceu, e sofremos. Mas agora está a equilibrar-se. Nestes dois anos, apesar da desgraça, crescemos".

--Como mudou o consumidor nestes dois anos?

--"As mudanças de tendência têm vindo mais na mudança de certos momentos de consumo. A facilidade de uso dos produtos tornou-se capital. Além do sabor, o saudável e o sustentável, claro. Antes da pandemia os espanhóis tomavam o pequeno-almoço fora, agora fazem-no em caa. Muita pessoas estão em teletrabalho. O consumo não se destrói, muda de lugar, e obrigou os fabricantes de alimentos a incidir mais nas soluções de cozinha. O delivery é uma delas, e ficará, mas nós somos outro canal".

--El Pozo considera entrar no delivery?

--"Existe a possibilidade de que em 2022 entrem algumas soluções de cozinha no delivery. É bastante provável que entremos no delivery com a lasanha da nossa marca All Plato e com hambúrgueres".

--Hambúrgueres vegetais?

--"Há bastantees possibilidades de que entremos no delivery. Não posso dizer mais".

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