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Marc Coloma (Heura): "Uma burger tem um D em Nutriscore, e todos nossos produtos têm uma A"

Entrevista ao director geral e cofundador da empresa espanhola dedicada à produção de alternativas vegetais à carne animal

El CEO y cofundador de Heura, Marc Coloma, junto a la científica de I+D de la compañía Isabel Fernández HEURA
El CEO y cofundador de Heura, Marc Coloma, junto a la científica de I+D de la compañía Isabel Fernández HEURA

"Os produtos de Heura e Beyond Meat são ultraprocesados que não têm nada de saudável nos que a soja se paga a preço de chuletón", expôs o catedrático de biotecnología da Universidade Politécnica de Valencia José Miguel Mulet numa entrevista concedida a Consumidor Global. Uma opinião que compartilham outros nutricionistas consultados por este meio.

Agora, Consumidor Global concede o direito de réplica a Marc Coloma, director geral e cofundador da empresa espanhola Heura Foods, conhecida por seus alternativas vegetais às hamburguesas, frangos, chorizos e salchichas de origem animal.

--Quais são os três produtos mais vendidos de Heura?

--O produto mais vendido segue sendo o frango, que é o que lançamos primeiro. Depois viriam a hamburguesa e o chorizo. Mas estamos a lançar muita inovação, pelo que a foto final de 2023 pode mudar muito.

Una mesa con diferentes productos de Heura
Uma mesa com diferentes produtos de Heura

--E o que mais tem crescido em vendas durante o último ano?

--Um dos que mais tem crescido tem sido a hamburguesa, tendo em conta que temos lançado uma versão 3.0 renovada e melhorada, tanto em sabor como em densidade proteica, que contém 22 gramas de proteína pela cada burger.

--Quanto têm subido os preços de vossos produtos de janeiro de 2022 a esta parte?

--Heura também tem tido uma subida, em toda sua corrente de fornecimento, muito relevante. Os produtos que contêm as matérias primas mais encarecidas têm experimentado uma subida ponderada do 3,3 % em nossas tarifas. As burgers, por exemplo, estavam a 4,99 euros e agora custam o mesmo. Temos o repto de democratizar novas opções de consumo que, ao ter mais valor para o consumidor, têm preços mais elevados que as carnes animais. Por isso não temos querido transladar toda a pressão da corrente de fornecimento a nossos preços.

--"Os que compram produtos de Heura pagam a soja a preço de chuletón", assegura Mulet...

--O tema é que não estão a comprar soja. Ao final, o chuletón, a 30 euros o quilo, é mais caro que a maioria de nossos produtos. Em qualquer caso, nós fazemos produtos cárnicos com mais valor que os actuais. Nosso sonho, que ainda não o conseguimos, é fazer chuletones bem mais saudáveis para que os possas comer com mais frequência e sejam bons para o planeta e para os animais. Não vendemos legumes com especiarias, geramos matrizes cárnicas às que acrescentamos as gorduras mais saudáveis do planeta e enriquecemos com todos os nutrientes que precisamos para ter um produto cárnico completo. Ademais, é saciante e está delicioso. Heura não faz a concorrência aos legumes nem vem para vender legumes mais caros. O que estamos a impulsionar é uma transição proteica para assegurar que todo mundo possa aceder à indústria alimentar de forma sustentável.

--Como se justifica o alto preço dos produtos de Heura?

--Comparado com a carne ecológica, ainda sendo um produto mais saudável e sustentável, Heura tem um preço menor. A chave aqui é escala e momento. A indústria da carne animal está valorizada em mais de 27.000 milhões em Espanha, enquanto a carne vegetal está por embaixo de 300 milhões. Heura é uma empresa que ainda não tem benefícios e opera com margens mais baixas que empresas de grande consumo. Ainda não temos chegado a uma escala que possa assegurar uma democratização sustentável dos produtos. Por outro lado, a carne animal é muito barata, e isto tem que ver com os tipos impositivos e com as subvenções que recebe, que fazem que a indústria cárnica seja bem mais competitiva que a indústria que precisa o planeta e nossa saúde. Segundo a Comissão Européia, até um 90 % dos rendimentos dos ganadeiros procedem das subvenções.

--Conseguir o aspecto e a textura de uma coisa que não é, resulta caro?

--Partimos de matérias primas a mais valor e mais caras, mas o processo é simples. Nossas hamburguesas creiam-se nas mesmas linhas produtivas que se utilizam para fazer hamburguesas. O processo de texturizar uma proteína é muito similar ao de fazer massas e conseguir que uma farinha apanhe forma. São mudanças físicas de pressão, temperatura e humidade. Por esta singeleza, Carlos Rios e seu app de Realfooding dizem que é um bom processado e situa a muitos produtos de carne vegetal como bons processados de consumo frequente.

--Ao final, uma salada de soja ou um plato de garbanzos são bastante mais económicos e democráticos que um produto de Heura… Quando atingirão vossos produtos um preço mais acessível?

--Esta é a chave. Se falamos com qualquer nutricionista, dizer-nos-á que não precisamos incorporar em nossa dieta alimentos cárnicos nem, portanto, alimentos cárnicos vegetais, mas, como sociedade e como humanos, nos encantam. Qual é o repto? Assegurar que algo que à gente gosta de fazer, o possa seguir fazendo recomendado por organizações ecologistas e de saúde pública. O repto de escala. Nosso maior sonho é conseguir fazer produtos cárnicos que sigam sendo mais saudáveis e sustentáveis que a carne, que já o são, e que possam ser mais democráticos, que ainda não o são a nível de acessibilidade em preço. Em 2040, o 60 % do consumo cárnico global não virá de animais. Por isso, durante a próxima década veremos que a acessibilidade crescerá e estarão disponíveis em mais supermercados.

--Se o consumidor quer proteína vegetal de qualidade, é melhor fazer-se uma salada com soja ou um plato de garbanzos que se comer um produto de Heura?

--A chave destas perguntas é que as respondam nutricionistas, mas, ao final, quando falamos de proteína de qualidade, o regular que olham os nutricionistas é que seja uma proteína de alto valor biológico --gramas de proteína e digestibilidad--. Quando olhamos toda a corrente de aminoácidos completa, encontramos a soja e o guisante, que são as matérias primas que usamos para as matrizes proteicas de nossos produtos. Qualquer nutricionista dizer-te-á que temos que comer mais legumes, mas, se procuramos a densidade proteica que a gente procura em suas platos, Heura a oferece. Heura vem para melhorar a indústria cárnica com produtos que têm os mesmos benefícios que os de origem animal --alto conteúdo em proteínas, ferro e vitamina V12, por exemplo--, mas, ademais, com todo o bom dos vegetais e os legumes --um produto sem colesterol e baixo em gorduras saturadas--. A densidade nutricional é o conceito finque. Depois podes complementar Heura com legumes, que também têm hidratos de carbono e oferecem uma maior diversidade nutricional.

--"Se o consumidor acrescenta um produto de Heura ou Beyond Meat na cesta de compra-a por saúde, está a equivocar-se porque são ultraprocesados de consumo esporádico...", explicam vários nutricionistas. Entendo que não compartilha dita opinião.

--A indústria é algo muito grande. Dentro do conceito de carne vegetal há produtos com valores nutricionais diferentes. Muitos nutricionistas já recomendam produtos de Heura para o consumo diário por seus micro e macronutrientes. Há empresas, que fazem parte desta categoria, que replicam macros nutricionais, com estudos científicos, que já são mais saudáveis que a carne. Beyond Meat tem estudos, feitos com a Universidade de Stanford, que mostram que as pessoas que consomem estes produtos com alta frequência melhoram sua saúde, mas têm uma quantidade de proteínas e gorduras muito similares aos produtos de origem animal. Heura faz parte desta categoria, mas é uma empresa espanhola que tem melhorado os regulares da carne vegetal até ser a empresa da categoria que mais cresce em Europa.

--Como melhorais os regulares da categoria de alternativas vegetais à carne?

--Conseguimo-lo indo procurar as melhores matérias primas de nossa terra, como o azeite de oliva virgen extra, que é a melhor gordura do mundo e nos permite ter uma quantidade de gorduras muito inferior à dos produtos do reino animal ou de outras empresas de nossa categoria. Não queremos ser só uma alternativa à carne, sina seus sucessores, porque entregamos a sensorialidad que a todos gostamos e melhoramos muito da parte de densidade nutricional. Todo isso, fazendo de uma maneira mais sustentável. Heura faz sentido porque é a única maneira que pode permitir que todo o mundo segua comendo carne e manter as tradições gastronómicas que gostamos. Heura não nasce para assinalar uma indústria que o faz mau, sina para assegurar que uma indústria pode seguir funcionando no futuro integrando bem a sociedade e a saúde, o planeta e os animais, que são coisas que não se têm em conta nos produtos cárnicos actuais.

--Você disse numa recente entrevista com Metrópole que Heura oferece "uma solução para cuidar mais de nossa saúde", mais que outros ultraprocesados?

--Nosso espaço de competição é o de melhorar a indústria cárnica. Podemos ir às fontes primárias da natureza para fazer produtos superiores. Se analisas a categoria de hamburguesa de carne animal, vemos que em Nutriscore tem uma qualificação D, enquanto todos os produtos Heura têm uma A, que é algo que nos diferencia porque não passa com o resto de alternativas de carne vegetal. Quando olhas os níveis de gordura, o tipo de gordura, o tipo de ingrediente, a quantidade de ingredientes, a densidade proteica e a quantidade de sal, vês que Heura está mais avançada. Ademais, nenhum produto de origem animal vai ter um alto conteúdo em fibra, e sim em colesterol e gorduras saturadas. Heura tem produtos melhores e bem mais eficientes que os que existem na actualidade.

--"São ultraprocesados que requerem de um tratamento agressivo e neste processo se perde o benefício ambiental que tem o comer vegetais...", aponta o catedrático de biotecnología J. M. Mulet. Suponho que não compartilha esta postura…

--Encantar-me-ia conhecer as fontes das informações que afirmou o catedrático, porque não há nenhum estudo que defenda estes pontos de vista. Para conseguir uma caloría de ternera precisas 50 calorías de vegetais, mas, para conseguir uma caloría de carne vegetal, basta-te com cinco calorías vegetais. É a única maneira de alimentar a todo o planeta porque o sistema actual já ocupa mais do 80 % da terra cultivable e só gera um 20 % de calorías. De aqui a 2050, o consumo de proteína global aumentará um 70 %, e este 70 % não só tem que ver com os 3.000 milhões de humanos mais que seremos em 2050, sina também pelas mudanças de hábitos que produzir-se-ão. Actualmente, a ganadería já é responsável por quase o 20 % das emissões antropogénicas e é a principal causa de desflorestação no mundo, de perda de biodiversidade e espécies, de contaminação de águas subterrâneas e de resistência bacteriana por todos os antibióticos que fazem parte da indústria.

--Terra, temos um problema…

--Temos um problema muito grande e toda a ciência já aponta que os alternativas vegetais fazem parte da solução, mas Heura quer ir para além. Estamos a fazer análise do ciclo de vida dos produtos que temos. Com o último lançamento temos visto que nosso pescado contamina um 70 % menos em emissões de CO2 que o de pesca. Estes estudos já não só contestam ao catedrático, sina que demonstram que suas afirmações não estão respaldadas por nenhuma base científica.

--Os produtos de Heura têm proteínas da mesma qualidade (aminoácidos essenciais, vitaminas, etcétera), que a carne não processada, o ovo, o bonito ou um plato de garbanzos?

--Se olhamos nosso frango, uma porção contém o duplo de proteína que um ovo, o duplo de ferro que um plato de espinacas ou mais cinco vezes fibra que o tofu. Mas aqui o conceito é proteína de alto valor biológico. Heura é uma proteína que tem toda a corrente de aminoácidos completa --os 20 e os 9 essenciais--, que a faz superior a um plato de garbanzos, a um plato de carne não processada, que têm colesterol e gorduras. Tudo isto se vê nos valores nutricionais de nossos produtos que estão publicados na página site. Desde meu ponto de vista, sim, os produtos de Heura tem proteínas de melhor qualidade que o ovo, o bonito, os garbanzos ou uma carne não processada.

--Qual será vosso próximo lançamento?

--Neste ano seguiremos fazendo muito contente à Aesan, que qualifica as carnes vermelhas e processadas como cancerígenas, igual que o é o fumo, e recomenda reduzir o consumo de carne, que é o mesmo que disse a OMS. Dar-lhe-emos alegrias.

--Heura ainda não está em benefícios. Quando acha que atingirão esse ponto?

--Nossa previsão é chegar a este ponto em 5 anos.

--Que comeremos em 2050?

--Acho que mudará muitíssimo toda a corrente de valor alimentar, desde produção até distribuição. Mas há um ponto finque: os produtos de origem animal fazem parte das dietas diárias dos cidadãos. Da mesma forma que dantes se viajava em carro de cavalos e agora vamos em eléctricos, a grande revolução alimentar será trascender o uso de animais na corrente de valor. Veremos o uso de diversos legumes, de diferentes resíduos ou desfeitos alimentares que fazem parte da indústria introduzidos na corrente de valor, e isto será importantíssimo para melhorar a sustentabilidade. Também veremos o uso de microrganismos e da agricultura celular na transição proteica. A partir de aqui, será chave entender que a alimentação vai ser um pilar importante em nossa performance, em nossos níveis de energia e em nosso bem-estar, e, neste ponto, a personalização e como nos alimentar, tendo em conta toda a flora bacteriana, tem um impacto em nossa saúde, mudará a maneira na que comemos hoje.

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