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A guerra Ryanair-eDreams paga-la tu: cobram um extra porque a idade para se considerar criança varia

A companhia aérea e a agência intermediária discordam quanto à faixa que estipula se o passageiro é menor de idade e obrigam-no a ir ao fundo do seu bolso para alterar o seu bilhete.

Uma família paga a mais pela guerra entre a Ryanair e a eDreams / FREEPICK
Uma família paga a mais pela guerra entre a Ryanair e a eDreams / FREEPICK

Victoria T. comprou através da eDreams uns voos para Tenerife com a Ryanair. Ao fazer a reserva, da agência de viagens solicitaram-lhe a idade das suas filhas, de 12 e 13 anos, às que considerou adultas. As férias na ilha aproximaram-se no calendário e chegou o momento de realizar o processo de check-in na página da companhia aérea. "Resulta que para a Ryanair essa faixa de idade é adolescente e que para modificar o bilhete tenho que pagar 45 euros por pessoa e trajecto", explica a passageira, que teve finalmente que pagar 90 euros para reparar o erro.

"Isto não é responsabilidade da eDreams já que eu lhes proporcionei a idade das minhas filhas? Que posso fazer a respeito?", questiona Victoria. "Tive que pagar esses injustos euros a mais para poder fazer a minha viagem quando o erro não é responsabilidade minha", diz a utilizadora, que considera o ocorrido uma fraude em toda a linha. "Não sei se já aconteceu algo semelhante a mais alguém e se conseguiram resolver o problema sem pagar uma quantia tão elevada", pergunta. Infelizmente, não é a única.

Outros afetados

Mauricio D. é outro dos afetados por culpa da brecha entre a Ryanair e a eDreams. "Reservei um bilhete para meu filho de 14 anos com eDreams, que o considera adulto, mas a Ryanair considera-o adolescente, pelo que tive que pagar 75 euros a mais", sustenta este passageiro. "Passam a batata quene de um a outro, de modo que se pensam que é mais barato, não, sai mais caro", enfatiza.

La aerolínea Ryanair mantiene la huelga / EP
Os balcões da companhia aérea Ryanair / EP

A Guido aconteceu-lhe o mesmo. "Comprei com a eDreams um voo com a Ryanair para meu filho de 12 anos. A eDreams consideram-o adulto e a Ryanair adolescente, por isso ao fazer o check-in não reconhecem a tarifa e obrigam-me a pagar 275 euros para poder voar", explica o afectado, que reclamou à agência de viagens. No entanto, negaram-se a reconhecer o erro.

Quando é que um passageiro é considerado uma "criança"?

Clara Estrems, especialista em turismo e porta-voz da GuruWalk, a plataforma de guias da Free tours, explica à Consumidor Global que ainda que a maioria da idade legal em Espanha e na grande maioria de países europeus é aos 18 anos, esta idade não tem nada que ver com o que as companhias aéreas classificam como criança.

A perita realça que, para a grande maioria de companhias aéreas que operam na Europa e América, consideram-se bebés os menores de dois anos que viajam sem ocupar um assento próprio e "crianças" todos os passageiros entre dois e 11 anos. "Estas faixas de idade também se especificam no caso de menores que viajem sozinhos, já que não há uma regra específica e dependerá dos procedimentos para menores que têm as diferentes linhas aéreas".

De quem é o erro?

"A partir de 12 considera-se adolescentes também para a grande maioria de companhias aéreas ainda que não há uma regulação específica para isso", diz Estrems. No caso da Ryanair, um jovem entre 12 e 15 anos é um adolescante, que beneficia de uma tarifa especial que, ainda que não seja mais barata que a tarifa normal de adulto, caracteriza-se porque, com ela, os serviços adicionais saem a metade de preço.

¿Se necesita autorización policial para viajar con niños / PIXABAY
Viajar com crianças / PIXABAY

A porta-voz da GuruWalk sublinha que a eDreams é um mero intermediário e dá precedência ao regulamento da companhia aérea, neste caso a Ryanair, que, como a maioria das companhias aéreas, já não considera crianças com mais de 12 anos.

A postura da Ryanair

Da companhia aérea dizem à Consumidor Global que os termos e condições da Ryanair "deixam claro" que uma criança é um menor de 12 anos. "O problema que identificou é típico dos screen scrapers (ou seja, programas que recolhem informação de um website para a utilizar para outro fim), que se aproveitam dos consumidores e ficam com o seu dinheiro, mas não informam os clientes de que não estão autorizados a vender voos da Ryanair e - neste caso - vendem voos da Ryanair sem autorização e sem destacar os termos e condições da Ryanair".

"A Ryanair insta os clientes a reservar os seus voos directamente na Ryanair.com, onde receberão as tarifas mais baixas e informação atualizada sobre viagens e serviços que os screen scrapers não proporcionam porque não estão autorizados a vender voos da Ryanair", comunicam.

A brecha da Ryanair e eDreams

Nos últimos meses a brecha entre a Ryanair e a eDreams tem vindo a aumentar com o objetivo de ganhar dinheiro. Ryanair obriga a pagar pelo check-in do voo se se reserva com a eDreams. É que a companhia aérea irlandesa só permite fazer a confirmação de forma presencial e cobrando 30 euros se a reserva se fez através de terceiros, que também não informam previamente. Ryanair defende que não têm "nenhum tipo de acordo comercial com a eDreams e que não está autorizada a vender os nossos voos", motivo pelo qual os clientes deviam completar "um processo de verificação de cliente da Ryanair para poderem efetuar o check-in", segundo fontes da companhia.

A eDreams, por seu lado, defende que, "enquanto agência de viagens, temos o direito de distribuir conteúdos das companhias aéreas, incluindo os da Ryanair, tal como validado por dois tribunais supremos na Europa". Para a eDreams, esta imposição é apenas "a mais recente de uma longa série de práticas anti-consumidor que foram concebidas para explorar e lucrar com os viajantes", afirmam fontes da agência à Consumidor Global.

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