Loading...

Rebelião contra DAZN pela subida dos preços do futebol: "É um assalto"

A retransmisión de cinco partidos de LaLiga custará na plataforma 18,99 euros mensais, uma tarifa que muitos aficionados consideram desproporcionada

Juan Manuel Del Olmo

DAZN tablet

Parece longínquo, mas não o é tanto. Faz mais de uma década, em LaSexta podiam-se ver partidos da talha de um Sevilla-Barcelona de forma gratuita. Não era todas as jornadas, mas de vez em quando ocorria. Da mesma forma, Antena 3 não falhava a sua cita com a Champions League. Desses radiantes tempos de gratuidad fica a voz de Andrés Montes (com sua Tiburón Puyol) e a lembrança das jornadas européias às 20.45h, e não às 21h. Aquela época já tem ficado atrás. Agora, ver o futebol quase sempre é sinônimo de pagamento, já seja com Movistar, Orange ou em DAZN . Esta última plataforma oferecerá, a partir da temporada que vem, alguns partidos de LaLiga, mas os preços têm provocado o descontentamento de muitos utentes.

"Assalto", "chapuza" ou "roubo a mão armada" são alguns dos qualificativos que tem recebido DAZN em Twitter ao apresentar suas tarifas para a 2022/2023. Em fevereiro passado, o plano mensal custava 9,99 euros e subiu aos 12,99 em março. Ainda que agora o básico se mantém, se se quer ver LaLiga terá que desembolsar 24,99 euros. Evidentemente, um produto com tanta demanda como o futebol espanhol tem um custo, mas DAZN não emitirá a competição completa, sina cinco encontros da cada jornada. Neste sistema troceado, muitos espectadores vêem uma quiniela que não lhes beneficia. Ademais, alguns aficionados aos desportos de motor exigiam um plano diferenciado que não tem arrancado.

5 partidos de LaLiga por 18,99 ao mês

O objectivo de DAZN, segundo explicam fontes da companhia a Consumidor Global, é "democratizar o desporto". Mas esse argumento não convence a todos. Guilherme Oliveira explica que, quando saltou a notícia de que DAZN retransmitiria LaLiga, se alegrou bastante, já que ele não paga Movistar "por seus altos custos". E é que desfrutar da competição ao completo supõe mais de 100 euros ao mês. Oliveira recorda que a plataforma começou com um custo de 4,99 euros mensais, em março de 2019, quando só oferecia MotoGP. Depois, essa tarifa duplicou-se.

Um piloto no circuito de Silverstone / UNSPLASH

Não obstante, desde a companhia enfatizam este primeiro movimento. "Sempre se disse que era um preço de lançamento e, em agosto 2019, quando já se tinham incorporado os canais de Eurosport, e começava tanto a Premier League como a Euroliga, se pôs fim ao preço de lançamento (excepto para os clientes que já estavam subscritos dantes dessa data), e se actualizou a 9,99€ /mês", argumentam. Com tudo, Oliveira vê lógico que a soma de conteúdos se traduza em incrementos. "O que não posso entender é que ao seguinte ano se volte a duplicar com a desculpa de 5 partidos da une completamente random", indica.

Os partidos não conhecer-se-ão até "3 ou 4 semanas dantes"

Por random , Oliveira refere-se a aleatório. E é que, tal e como reconhece DAZN, não saber-se-á até "3 ou 4 semanas dantes de cada jornada" que é o que o abonado poderá seguir e daí não. Isso pode provocar cadastradas e de baixas constantes, em função de se no mês interessa ou não a cada utente. "20 perus ao meio dos partidos, não tens assegurado ver a tua equipa todas as semanas e três jornadas não se televisan. Depois queixam-se de que a gente piratea", expõe um tuitero. O temor de Oliveira é o mesmo: pagar por algo aburrido. "Já é caro ir ao estádio, e é um absurdo duplicar os preços para ver um Valladolid–Elche desde casa. Com todo o respeito a ambos equipas, não é algo atraente", acrescenta.

Um encontro de Premier League / UNSPLASH

A julgamento de Oliveira, "é uma subida compreensível para os novos subscritores, mas não é uma boa forma de tratar aos que estamos subscritos desde o princípio. Em lugar de fidelizar os clientes e fortalecer a comunidade, anualmente duplicam seus preços. Que será o seguinte?", pergunta-se. Ademais, acha que se Disney, Netflix ou HBO Max implementassem a mesma política de encarecimiento pelo aumento de conteúdos, seu preço disparar-se-ia. "Acho que DAZN equivoca-se em sua estratégia e destrói uma base interessante que já tinha conseguido", realça este aficionado.

O primeiro clássico da temporada, em DAZN

Em mudança, desde DAZN acham que o assunto deve contemplar desde outro ângulo, já que até agora não existia a possibilidade de contemplar nenhum encontro de LaLiga sem realizar um desembolso importante ou entalhar no balcão , e graças a eles sim. Ademais, manifestam "a certeza de que sempre terá bons partidos, porque a eleição dos mesmos é alternada". Sem dúvida, com certa periodicidade poder-se-á ver ao Real Madri, ao Barça (de facto, o primeiro Clássico retransmitir-se-á na plataforma o 16 de outubro), ao Atlético ou ao Sevilla; mas se um aficionado deseja seguir a seu Getafe ou a seu Celta de Vigo, quiçá fique em fora de jogo.

"Pensamos que são preços ajustados, mas também não o podemos presentear", dizem claramente desde a companhia, em alusão ao caro dos direitos de LaLiga. Estas mesmas fontes sublinham ademais que os aficionados "para os que o preço não supõe nenhuma barreira, e querem ter seu plano de conectividade com Movistar e Orange, poderão continuar vendo os 10 encuetros por jornada".

Vários aficionados no circuito de Lhe Mans / UNSPLASH

"Parece-me exagerado"

Na mesma linha que Oliveira, Sergi G. considera que muita gente passará da plataforma neste ano. Ele, explica, foi dos que começou com os 5 euros que se pediam só por MotoGP, e reconhece que agora o desembolso é muito maior. "Eu comprarei o anual de DAZN Total, que inclui tudo, já que gosto A Une e gosto de ver de qualquer partido", admite. Ademais, opina que "os comentaristas que têm anunciado para as retransmisiones são muito bons". Este plano custa 24,99 euros ao mês; ou bem 19,99 com o plano anual fraccionado. Não obstante, entende "totalmente" aos que optem por se descadastrar, "já que a mim, de primeiras, também se me passou pela cabeça", admite.

Entre os que já o fizeram figura Pedro Alcázar. "Eu me descadastrei a princípios de ano, porque com o consumo que tinha não valia a pena, ainda que nesse momento o custo, 10 euros, me parecia bom", admite. "Para mim o problema é que a Premier League (que é a melhor une do mundo) a podes encontrar completa no pack onde entra também a Fórmula 1 ou as motos, mas com os 5 partidos por jornada em Une, não sabes se poderás ver o que procuras. LaLiga é mais cara porque é o que mais se consome neste país, pode ser a justificativa, mas ainda assim me parece exagerado", detalha Alcázar.

Um encontro no Santiago Bernabéu / UNSPLASH

Melhor para os aficionados da Premier

De facto, os aficionados que preferem o rock and roll do Liverpool, a electricidade do Manchester City ou a solidez do Chelsea ao futebol espanhol se mostram mais comprensivos. Roberto Castillo é um deles. "Não acho que chegue a me descadastrar porque principalmente sou consumidor de Premier League e a diferença com respeito aos 10 euros do ano passado é pequena, mas a subida de preços geral me parece muito descarada", indica.

A seu julgamento, DAZN cresce como companhia de forma muito rápida e aspira a liderar o sector. "Quando fizeram a primeira subida já me pareceu muito raro, e supus que demorariam um par de anos em pôr os preços ao nível das outras grandes companhias. Acho que terminará sendo algo similar a Movistar Plus, e, se é assim, perderá clientes", pronostica.

Um jovem olha um partido em seu móvel / PIXABAY

Sem contas compartilhadas

Todo este descontentamento pode desembocar num callejón escuro do que se prefere não falar: a piratería. "Leva-se fazendo muito tempo, e ainda que DAZN era uma boa opção para a gente à que gostamos do conteúdo de qualidade, se cada vez há mais subidas sem sentido se empurra ao público a procurar outras alternativas", indica Castillo.

Outro motivo que contribui ao mal-estar é que não se possam compartilhar contas. Desde DAZN se escudan numa suposta protecção ao consumidor de más práticas que possam pôr em risco seus dados pessoais. "Sempre temos dito que a conta é para uso individual. E aí não muda nada, o único é que a partir de 1 de agosto vamos começar a aplicar certas medidas para que essa cláusula se cumpra e assim evitar que se compartilhem as contas com terceiros", realçam desde a companhia.