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O restaurante que 'odeia' as crianças e pede para repensar a reserva: é legal proibir a sua entrada?

O' fragón, um conhecido estabelecimento galego, desencadeou a polémica nas redes depois de conhecer-se a sua política em relação aos menores

Restaurante O' fragón / O´ FRAGÓN
Restaurante O' fragón / O´ FRAGÓN

Sair a jantar é o plano por excelência dos espanhóis. Em casal, só, com amigos ou em família, não importa nem onde nem quando. A verdade é que em Espanha come-se bem e nos bares. Comunidades autónomas como a Galiza podem presumir, precisamente, da sua boa gastronomia.

E é num estabelecimento de ali onde se gerou certa polémica. Na Costa da Morte (Costa dá Morte), situada na província da Corunha, um restaurante gerou o debate com a sua política para fazer reservas: restaurantes com ou sem crianças?

A polémica do O' fragón

Tudo começou no Twitter há apenas uns dias. Um utilizador decidiu partilhar a situação que acabava de viver: "Tenho dois pequenos. Fui fazer uma reserva num conhecido restaurante da Costa da Morte. Li no site: 'As crianças menores de 12 anos devem permanecer sentados durante toda a refeição; se vem com crianças, por favor ligue antes de reservar'. Digam-me, é dissuasor, intimidatório ou discriminatório?", escreveu o internauta.

Tweet que ha desatado la polémica / TWITTER
Tweet que desencadeou a polémica / TWITTER

O restaurante ao qual faz referência este pai responde pelo nome de O' fragón. Um estabelecimento dedicado, especialmente, ao marisco. Durante estes dias falou-se muito dele e não tem sido, precisamente, pelos seus produtos.

"Crianças sempre à mesa"

Basta entrar no site do local galego para poder verificar a sua política de reservas. 12 normas das quais se destacam especialmente duas: "Se vier com crianças (-12 anos) e/ou carrinhos de bebé, por favor contacte-nos através do número (+34) 981 740 429". "As crianças menores de 12 anos, têm que permanecer na mesa acompanhados dos seus pais a todo momento, se não é assim, deverias repensar a reserva".

Algumas pessoas aplaudiram estas normas. Outras não as vêem com bons olhos. Seja como for, o debate está lançado e as opiniões face ao tema são muitas ainda que a maioria aplauda a iniciativa do restaurante galego. "Se não te interessa, não vais e ponto. Tens outra opção: educar os teus filhos para que saibam se comportar. Gostaria de ver-te a ti quando são as crianças de outros", manifestava uma utilizadora no Twitter em tom enfadado.

Normas de O' Fragón / O' FRAGÓN
Normas do O' Fragón / O' FRAGÓN

"As crianças com os seus pais"

"Já me encantava O' Fragón e agora ainda mais. Acontece sempre que, quando há ctianças a fazer barulho e a brincar num restaurante, os únicos que vêem isso como normal são os pais. Funcionários e demais comensais somos os que o sofremos", defende uma utilizadora num tweet. "Se não houvesse pais que não sabem educar os filhos, esta regra não existiria. A mim chegaram a meter a mão no meu prato, entendo que até certo ponto possa ser discriminatório mas nós que vamos sem eles também temos o direito de apreciar a comida. As crianças com os seus pais", argumenta outra internauta.

Niños comiendo en un restaurante / FREEPIK
Crianças a comer num restaurante / FREEPIK

Uma posição que não coincide com a opinião de todos os internautas: "Depois, temos de aguentar quando põem um cão enorme ao lado a ladrar, a abanar o pelo e a babar-se". "Como pai de uma menina de 3 anos, entendo o que o restaurante quer transmitir. Dizer-vos que se duvidam, não vão, porque esse restaurante também não vale a pena, muitas pretensões e prémios, mas muito sobrevalorizado", reflecte um utilizador.

O direito de admissão deve ser justificado

"Chama-se direito de admissão e é bastante lógico. Se os levas ao cinema, é por que sabes que se vão comportar como deve de ser, se não, não irias, pois num restaurante deveria ser igual", responde no Twitter um utilizador. "O direito de admissão tem duas vertentes. Uma de carácter geral e outra de carácter específico", explica à Consumidor Global Jorge Fernández, advogado comercial e sócio do Círculo Legal.

Pode-se proibir a entrada a menores num restaurante? Se o estabelecimento conta com o direito de admissão específico, sim pode-se, tal como afirma Fernández a este meio. "Para conseguir o direito de admissão com a particularidade de proibir a entrada às crianças, têm que o ter concedido e validado. Para validá-lo, terão que justificar o porquê. Por exemplo, se alguém tem um espaço de 20 metros quadrados pode argumentar que uma pessoa com um carro de bebé invalida duas mesas", explica o especialista.

Niños en un restaurante / FREEPIK
Crianças num restaurante / FREEPIK

Proibido discrimi­nar por idade

A Constituição Espanhola estabelece no seu artigo 14 que "os espanhóis são iguais face à lei, sem que possa prevalecer discriminação alguma por razão de nascimento, raça, sexo, religião, opinião ou qualquer outra condição ou circunstância pessoal ou social". Uma circunstância pessoal é a idade, tal como detalha Fernández a este meio. "Não se pode discrimi­nar ninguém por razões de idade, nem para cima nem para baixo", esclarece o advogado.

Em todo o caso, o restaurante galego não proíbe a entrada a menores. A comunidade de twitteiros assim o deixou saber entre as múltiplas respostas que se acumulam na rede social. Este meio pôs-se em contacto com o restaurante para que oferecesse a sua versão da polémica, mas este recusou. Se as suas normas são discriminatorias, dissuadoras ou intimidatorias é algo que deve julgar cada um em função dos seus critérios. Agora, o que há que ter claro é que, em qualquer caso, o direito de admissão com o qual contam os estabelecimentos lúdicos "não pode ser nem arbitrário nem discriminatorio. Não é absoluto, não é algo subjetivo e está regulado", diz Jorge Fernández.

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