Loading...

Assim é a ferramenta de Google que te deixa filtrar telefonemas: decide se contestar ou não

Telenofobia digital: por que cresce o medo aos telefonemas e como a tecnologia de Google e Apple quer o solucionar

Rocío Antón

Diseño sin título 2025 11 27T113804.465

Numa era dominada pela inmediatez, as notificações constantes e a hiperconectividad, resulta paradójico que um dos usos mais tradicionais do telefone —fazer telefonemas— seja agora o que mais rejeição gera.

Uma pessoa que se incomoda ao chamar por telefono / FREEPIK

A expansão das redes sociais e a transportadora instantânea tem configurado um ecossistema no que se comunicar nunca tinha sido tão fácil… mas também tão controlable. Hoje somos capazes de gerir o ritmo de nossas conversas: responder quando queremos, silenciar quando o precisamos e evitar qualquer interacção em tempo real que nos incomode.

A nova aversão digital: os telefonemas telefónicos são a "função incómoda" do smartphone

Esta mudança de hábitos tem convertido aos telefonemas num acto quase intrusivo, uma irrupción que exige atenção imediata e que escapa à dinâmica assíncrona à que estamos acostumados. E é neste novo marco digital onde começa a se fazer visível um fenómeno a cada vez mais frequente: a telenofobia.

Uma pessoa incómoda pelos telefonemas de seu telefono/ FREEPIK - pvproductions

Telenofobia: o medo crescente e moderno aos telefonemas telefónicos

A telenofobia —o temor ou rejeição a interatuar por telefone— incrementou-se de forma notável nas gerações mais tecnológicas. Os dados falam por si sozinhos: cerca do 80 % da Geração Z reconhece sentir ansiedade quando sua smartphone soa, enquanto o 70 % dos millennials e um 40 % dos baby boomers admitem incomodidad ou nervosismo ante um telefonema inesperado.

Ainda que possa parecer contraditório, quanto mais tem avançado a tecnologia móvel, mais acentuou-se esta conduta. A transportadora instantânea, com sua natureza silenciosa e flexível, tem redefinido a maneira em que as pessoas desejam se comunicar. Para muitos utentes, atender um telefonema implica uma perda de tempo, um corte brusco com as tarefas em curso e um intercâmbio sem possibilidade de editar, pausar ou pensar a resposta.

Sinais típicos desta rejeição digital

Em pessoas que experimentam telenofobia, costumam aparecer padrões repetidos:

  • Manter o telefone sempre em modo silencio.

  • Deixar soar os telefonemas sem responder.

  • Priorizar as mensagens de texto sobre qualquer conversa falada.

  • Sobresaltarse quando soa o dispositivo.

  • Evitar marcar citas telefónicas, inclusive para gestões necessárias.

Este comportamento não só se tem padrão, sina que tem transformado a estatística global de telefonemas: a cada ano realizam-se menos telefonemas convencionais e mais interajas via texto, audio pregrabado ou videollamadas marcadas.

Google quer salvar o telefonema: chegam os "Telefonemas expressivos"

A indústria tecnológica não é alheia a esta transformação. Google tem detectado esta resistência crescente e está a desenvolver ferramentas para fazer os telefonemas mais transparentes, menos invasivas e, em verdadeiro modo, mais "previsíveis".

Uma pessoa a nova opção de Google/ PEXELS

Segundo adianta Android Authority, a companhia está a provar uma nova funcionalidade dentro da beta da app Telefone (versão 201.0.833052069): os telefonemas expressivos.

Em que consistem?

A ideia é simples, mas poderosa: permitir que quem chama acrescente uma mensagem contextual que aparecerá no ecrã do receptor dantes de contestar. Assim, em lugar de receber só um nome ou número, o utente verá também uma etiqueta com informação relevante sobre o motivo do telefonema.

Entre as propostas que se viram até agora, destacam quatro etiquetas iniciais:

  • É urgente!

  • Notícias que compartilhar

  • Pôr ao dia

  • Pergunta rápida

Este sistema recorda aos marcadores de prioridade do correio eletrónico e poderia ajudar a que o receptor entenda se deve contestar nesse momento ou pode pospor a interacção. É uma forma de adaptar o formato de telefonema ao ritmo digital atual: menos interrupção, mais clareza.

Fica por conhecer se Google limitará esta função a contactos já guardados —o mais lógico para evitar spam— e se permitirá mensagens personalizadas ou só categorias predefinidas.

Apple Intelligence: iPhone e seu IA também querem reduzir a saturação comunicativa

Apple também está a repensar como gerimos as interacções digitais. Com Apple Intelligence, sua nova plataforma integrada de inteligência artificial, a companhia propõe ferramentas para que os utentes não tenham que revisar manualmente toda a avalanche de mensagens que recebem a diário. Entre as novidades mais destacadas:

1. Resúmenes automáticos de mensagens

A IA cria um brief com os pontos finque da cada conversa, o que permite pôr ao dia em segundos sem abrir dezenas de notificações. Uma função especialmente útil para chats de trabalho ou grupos muito ativos... inclusive para essa amiga cargante que te usa de psicóloga a cada vez que tem um drama amoroso: a IA dizer-te-á algo bem como: "Paola: algo relativo a uan conversa de amor". Não sem pouco acerto.

O iPhone 17 /APPLE
2. Resposta inteligente

Uma ferramenta que gera propostas de resposta baseando no conteúdo da mensagem, agilizando a comunicação sem necessidade de escrever desde zero.

3. Modo "Reduzir interrupções"

Integrado dentro dos modos de concentração de iOS, este sistema utiliza IA para filtrar as notificações e mostrar unicamente as realmente prioritárias. Podem-se definir excepções por contacto ou aplicativo, de modo que o utente mantém o controle, mas sem o ruído habitual.

iPhone 15 Pró/ CEDIDA

Estas funções estão disponíveis nos iPhone com A17 ou superiores (incluindo toda a faixa desde iPhone 15 Pró), os iPad com chip M1 em adiante e os Mac com M1 ou superiores, sempre com as últimas versões do sistema operativo.

O futuro da comunicação: telefonemas que se adaptam à era das mensagens

A tendência é clara: os telefonemas como as conhecíamos estão a evoluir. A tecnologia procura reduzir o atrito, acrescentar contexto e devolver sensação de controle ao utente. Google aposta por telefonemas contextualizadas; Apple, por automatizar o processamento de mensagens e reduzir interrupções.

Num meio onde tudo é imediato mas nada é urgente, a chave será equilibrar a eficiência digital com a necessidade humana de ligar… ainda que seja através de um ecrã.