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Assim prejudica o fastidioso atraso das elétricas à hora de enviar as facturas de dezembro

As empresas alegam que, se se emitem em janeiro de 2025, o IVA que devem aplicar é o vigente na data de expedição, o que supõe uma subida de 10% ao 21%

Juan Manuel Del Olmo

revisa una factura

Em determinadas ocasiões, a ordem dos factores sim altera o produto. O 1 de janeiro de 2025, a factura da luz recuperou o IVA de 21% (estava ao 10%), o que provocará um verdadeiro encarecimiento da mesma durante todo o ano. Segundo Kelisto, esta mudança suporá uma subida anual no mercado livre de quase 56 euros ao ano para um perfil média e de 74 no mercado regulado.

Trata-se de uma medida do Governo, e, por tanto, inevitável. Aos consumidores tocar-lhes-á pagar algo mais sim ou sim. O que quiçá sim poderia se ter evitado é que algumas companhias elétricas demorassem o envio de suas últimas facturas do ano 2024, um inoportuno atraso que tem provocado que os consumidores paguem algo mais de dinheiro que terminará nas arcas públicas.

"São uns poucos euros"

Antonio Pineda, por exemplo, denúncia que Total Energies não emitiu as 3 últimas facturas de luz do ano 2024 (quando o IVA estava a 10%) e que lhas mandou em janeiro. Reclamou, e a companhia, conta a Consumidor Global, enviou-lhe um correio "dizendo que o que tinham facto está permitido". "Ao final são poucos euros, mas se fizeram-no com todos os clientes… se ganharam um bom salário", agrega.

Um edifício de Total Energies / TOTAL ENERGIES

À pergunta de se Total Energies costumava ter este tipo de atrasos, Pineda diz não recordar "que se atrasassem nunca". Na mesma linha, outro consumidor protestava em X: "A que é devido este deslocamento de data de emissão na última factura de outubro a dezembro? Não será porque se se emite em janeiro se lhe aplica um 21% de IVA, não? Em todas as anteriores que tenho se emitia aos 3-4 dias de fechar o ciclo de facturação", assinalava.

Devenho do IVA

É um contratiempo, mas não é ilegal. Os experientes do Roams, plataforma digital que ajuda ao consumidor a poupar em serviços essenciais, argumentam que a explicação deve procurar no aplicativo do critério de devenho do IVA, regulado no artigo 95 da Lei do IVA.

"O imposto, nos fornecimentos de energia elétrica a uma pessoa ou entidade que adquire a electricidade para seu próprio consumo, adquirir-se-á no momento em que resulte exigível a parte do preço correspondente à energia elétrica fornecida na cada período de facturação", diz o texto. Isto na prática, costuma coincidir com a data de emissão da factura.

Uma pessoa faz cálculos / FREEPIK -
wirestock

O tipo impositivo é o do momento

Isto é, aclaram desde Roams, que se a factura se emite em janeiro de 2025, "o tipo impositivo que devem aplicar as comercializadoras será o vigente na data de expedição da factura de acordo ao estabelecido no contrato, ainda que o consumo corresponda a dezembro de 2024, quando ainda estava o IVA ao 10%".

Isto é assim independentemente de que o período facturar seja do mês natural ao completo 01/12 a 01/01; ou se está dividido entre dezembro e janeiro, por exemplo, do 05/12 ao 05/01. "Nestes casos, como consumidor, não se pode fazer nada a efeitos legais, já que é algo que vem estipulado por lei", arguyen.

21% de IVA

Total Energies não tem sido a única. "Iberdrola meteu-me um 21% de IVA no trecho de dezembro na última factura (parte de dezembro/parte de janeiro). Em dezembro o IVA estava ao 10%, mas as elétricas (TODAS) estão a meter dezembro também ao 21%. Revisem as facturas e denunciar", protestava um utente em X.

Uma consumidora revisa suas facturas / FREEPIK

Outras se molestaram em fazer essa separação. "Cobrastes-me duas facturas neste mês. Uma de uns dias e outra de outros. Eu NÃO cobro duas vezes no mesmo mês, isto não mo voltais a fazer!", protestava um consumidor mencionado a Octopus Energy. "Nos ciclos de facturação que compreendem dezembro-janeiro, se dividiu a factura em duas para aplicar os custos correspondentes à cada ano. Isto é, até o 31 de dezembro facturar o correspondente ao ano 2024 e do 1 de janeiro em adiante o do 2025", respondeu a assinatura.

"Têm cobrado no mês inteiro"

"Minha companhia, Naturgy, enviou em janeiro a factura de dezembro. Mas só 3 semanas. Agora chegou a de janeiro, têm cobrado no mês inteiro e na semana que faltava de dezembro. Tudo com o 21% de IVA, quando a factura da semana de dezembro teria que vir com a IVA anterior", indicou outro consumidor.

Edifício da sede de Naturgy / EUROPA PRESS - MARTA FERNANDEZ

"Tivestes 11 dias para emitir a factura (dantes do 31 de dezembro, quando o tributo estava ao 10%) e esperastes ao fazer em janeiro quando já estava ao 21%", recalcaba outro.

Subida da inflação

Estas subidas chegam num contexto de repunte da inflação, que em janeiro de 2025 se situou no 2,9%, uma décima mais com respeito ao mês de dezembro, impulsionada pelo aumento do preço dos combustíveis, a subida do petróleo… e da electricidade.

Algumas entidades, como FACUA-Consumidores em Acção, têm qualificado de "injusta" a volta ao 21% do IVA na factura da luz e têm pedido ao Governo que aprove um reduzido de forma permanente. Num comunicado, a associação criticou que aos utentes domésticos se lhes repercuta a IVA mais elevado "a um fornecimento essencial como o da electricidade".

Pobreza energética

Ademais, na Semana Européia de luta contra a Pobreza Energética, do 17 ao 23 de fevereiro, mais de trinta organizações sociais e ecologistas uniram-se para denunciar a falta de implementação das medidas expostas nas 177 páginas da Estratégia Nacional contra a pobreza energética 2019-2024.

Uma bombilla emite luz / PEXELS

Só um 21% se implementaram completamente, segundo a última análise de Ecodes. Assim mesmo, os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) mostram que a percentagem de população em risco de pobreza ou exclusão social atinge já ao 26,5% da população espanhola.