Desde abril de 2024, Núria López não recebeu nem uma única factura da luz por parte da Endesa. Mas o problema não começou aí. Desde agosto de 2023, todas as suas facturas têm sido estimadas, sem um reflexo real deoseu consumo. Apesar de ter ligado em mais de 20 vezes e ter apresentado pelo menos 15 reclamações escritas, a companhia continua sem dar-lhe uma solução.
"É frustrante porque eu quero pagar, mas não sei o que pagar", explica a cliente da companhia elétrica à Consumidor Global.
A apatía da Endesa
Ao longo dos últimos meses, López tem tentado por todos os meios obter uma resposta.
Já visitou pessoalmente os escritórios da Endesa em Barcelona por duas vezes, apresentou uma queixa no Gabinete do Consumidor de L'Hospitalet - a sua cidade natal - e tentou contactar a empresa através de vários canais. No entanto, a resposta foi sempre a mesma: “Estamos a verificar os dados”.
Um vazio desde abril
"Desde 10 de agosto de 2023 até 20 de abril de 2024, Endesa só me enviava facturas estimadas. A partir daí, nada. Não sei quanto devo, nem se me cobraram a mais ou de menos. É desesperante", comenta a mulher.
Na sua conta da Endesa só consta o último pagamento de 76,69 euros, correspondente à fatura de abril, mas desde então, o vazio é total. A empresa ainda não emitiu novas facturas, deixando Núria López num limbo financeiro, sem saber quanto dinheiro terá de pagar quando todas as facturas acumuladas lhe forem finalmente passadas.
Medo à dívida acumulada e um corte de luz
O problema não é apenas a incerteza sobre o que tem de pagar, mas também a acumulação de dívidas. López diz a este meio que teme que, a dada altura, a Endesa exija subitamente todos os montantes em dívida, criando um grave problema financeiro. “Se de repente recebo uma fatura de centenas ou milhares de euros, o que é que faço? Não é que eu não queira pagar, é que não me cobram nada desde abril”, queixa-se.
"Também me dá medo que nos cortem a luz. O meu pai vive comigo e não gostaria que o deixassem sem ter electricidade enquanto eu não esteja em casa", confessa com a voz entrecortada a agraviada.
O erro com a fatura do gás
Entretanto, a falta de controlo sobre o fornecimento de eletricidade não é o único contratempo que López tem sofrido com a empresa. Há algumas semanas, recebeu uma fatura errada de gás no valor de 630 euros, quando o seu consumo habitual mal ultrapassa os 45 euros. Depois de ter reclamado, a Endesa corrigiu o erro e retirou a fatura. “Foi um susto enorme, mas pelo menos resolveram-no rapidamente”, diz.
Não se trata de um caso isolado, pois, como publicado recentemente pela Consumidor Global, a Endesa cometeu um erro generalizado que provocou um aumento excessivo na fatura do gás de muitos clientes. De facto, a Organização de Consumidores e Utilizadores (OCU) denunciou que a empresa tinha incluído encargos incorrectos no conceito de “taxa de regulação de consumo”, o que fez disparar o valor das facturas de janeiro. Apesar de reconhecer o erro, a Endesa não esclareceu como vai evitar que situações como esta se repitam no futuro.
Mais clientes denunciam o mesmo
Outros clientes têm denunciado situações similares. David M. C. afirma que a Endesa não lhe faturou o gás em todo 2024 nem a luz de janeiro e parte de fevereiro. Alejandro M., por sua vez, também leva desde o passado mês de abril sem receber nenhuma fatura pelo fornecimento da luz. "É um presente da Endesa ou só é que funciona fatal?", comenta.
“Continuo sem receber qualquer fatura desde fevereiro de 2024 e a fatura desse mês com encargos que não cumpriam as condições contratuais também não foi regularizada. Ninguém sabe de nada, mas um ano para corrigir o sistema de faturação é demasiado tempo”, diz Cristina Aldonza.
Endesa ignora
Consumidor Global contactou com a Endesa para solicitar a sua versão sobre o caso de Núria López e outros clientes que estão a experimentar problemas similares. No entanto, até a data de publicação desta reportagem, não oferecei nenhuma resposta.
Enquanto isso, Núria López continua à espera. "Não peço um impossível, só quero que me faturem o que realmente tenho consumido e poder pagar. Parece uma utopia", conclui.