O modelo da Nespresso chega aos cocktails, às cervejas e às fragancias

Os robots que funcionam com cápsulas de gin tónics, perfumes e soros de beleza garantem as receitas através da aquisição recorrente de produtos de reposição

Varias cápsulas de café Nespresso / FREEPIK
Varias cápsulas de café Nespresso / FREEPIK

A promessa de levar paracasa um produto exclusivo e personalizado, que simplifique os processos, é o objectivo dos múltiplos robots que funcionam com cápsulas. O modelo da Nespresso chegou, também, aos cocktails, os geles hidroalcoólicos e inclusive às fragâncias. "Até agora a personalização de perfumes era um conceito bastante exclusivo e inacessível, no qual um profissional demorava semanas para criar o dito produto. Na verdade, tem estado nasmãos de uns poucos e são escassos os perfumistas que há no mundo", aponta Álvaro Suárez, fundador da Noustique e The Alchemist Atelier, que comercializa Secent Creator, dispositivo para criar fragâncias em casa.

"Nestes modelos (de máquinas que funcionam à base de cápsulas ou monodoses) o passo mais importante é a fidelidade, a qual fica resolvida com a primeira transação", indica o consultor de vendas, Luis Monge. Trata-se de um fenómeno crescente, motivado pela necessidade de ccromização e pela procura de produtos únicos, segundo as necessidades e gostos da cada um. Na verdade, o sucesso do modelo de negócio da Nestlé foi a criação do Clube Nespresso, com conselhos personalizados. "O auge deste tipo de robots foi dado pela necessidade de procurar novas experiências", analisa Alfonso Serrano, especialista em investigação de mercados e diretor de projectos da agência Ginza Marketing. Desta forma, os utilizadores querem ser surpreendidos e fazer parte, de algum modo, do produto.

De cervejas a perfumes

Depois do sucesso das máquinas Nespresso, não podiam demorar em aparecer versões noutros setores. Assim, a multinacional sul coreana LG apresentou a Homebrew, uma máquina que permite fazer cerveja de diferentes variedades. "Para criar uma cerveja artesanal, precisa de uma mistura equilibrada de ingredientes, muita paciência e todo o equipamento correcto. E estes são os desafios que converteram a elaboração doméstica de cerveja num processo difícil, longo e caro", indicam fontes da LG. No entanto, com o robot da marca sul coreana, basta colocar uma cápsula de um único uso, seja de malta ou fermento, lúpulo e aromas, para que todo o processo de elaboração da cerveja comece de forma automática.

Deste modo, este modelo chegou a setores tão inatingíveis como os coctails ou a perfumaria. "Queremos aproximar a arte das fragâncias ao utilizador, permitindo que se convertam em criadores", explica Álvaro Suárez, o fundador da marca The Alchemist Atelier, sob a qual se comercializa a máquina Scent Creator. O dito dispositivo proporciona aos utilizadores uma biblioteca de 34 essências, 16 bases e 18 acordes, formulados por especialistas do Grupo Puig, especializados em perfumes e fragancias. Assim, só há que eleger os aromas e as proporções desejadas e introduzi-las no dispositivo.

Un hombre que se hace un café con cápsulas / FREEPIK
Um homem que faz um café com cápsulas / FREEPIK

"Iniciámos uma nova etapa na história da perfumaria, pondo pela primeira vez o consumidor no centro e permitindo a todos dominar a antiga e complexa arte da perfumaria. Proporcionamos as ferramentas e os conhecimentos que os utilizadores precisam para se converterem eles mesmos em criadores", acrescenta Suárez.

 

A estratégia dos preços cativos

O modelo de negócio das cápsulas ou monodoses é alimentado pelas compras posteriores, já que requerem uma aquisição recorrente dos produtos para poder usar as máquinas. Trata-se de uma forma de assegurar-se de certas receitas recorrentes. Por exemplo, a Drinkworks Home Bar é um robot que prepara todo o tipo de combinados a partir de cápsulas, que vende o próprio fabricante. E os preços das cápsulas oscilam entre os 8 e 14 euros cada uma. "O facto de que seja mais cara do que o normal não é pelo tipo de negócio, mas sim pela falta de concorrência", indica o consultor Monge.

Trata-se de uma estratégia de retenção de clientes ou de preços cativos. "Poder criar minha própria fragancia com as cápsulas é uma boa experiência. No entanto, tens que recorrer à compra de essencias e não é um produto barato, já que a personalização se paga", explica Lara Pahesa, uma utilizadora de 30 anos, que vive em San Sebastián e usa diariamente a Scent Creator.

'Workshops' digitais

Junto aos robots incluem-se também as aplicações móveis que se ligam à máquina e guiam na experiência. Além disso, algumas empresas optam através destes métodos pelos workshops digitais. Desta forma, os especialistas do sector estão sempre disponíveis para responder a qualquer dúvida. "Estamos a mudar uma forma de consumo e um mercado", aponta Suárez. E, tal como faz a Nespresso, combinando o retail e o e-commerce, Suárez abriu uma espaço em Paris para conhecer, presencialmente, os perfumistas e o projecto.

Na verdade, esta aposta é uma reafirmação de que os robots, por muito inteligentes que sejam, não são humanos nem contam com todas as habilidades de uma pessoa. "Em nenhum caso poderão suprir a um perfumista ou um barman, já que a mistura dos componentes adequados, a destilação e, definitivamente, todo o processo é verdadeiramente complexo", conclui o especialista em investigação de mercados Alfonso Serrano.

 

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