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10.000 quilómetros por uma fruta? O golpe ambiental de seguir uma dieta com produtos exóticos

As cores e sabores chamativos de alguns produtos asiáticos e americanos têm chamado a atenção de muitos consumidores sem ter em conta as implicações ecológicas que isso acarreta.

Un grupo de pitahayas o fruta del dragón maduras   PIXABAY
Un grupo de pitahayas o fruta del dragón maduras PIXABAY

Há apenas 40 anos, os espanhóis ficaram maravilhados ao conhecer frutas como o kiwi ou o abacate, que nessa altura começavam a ser comercializadas no país. O acesso a novas fontes de nutrientes saudáveis, como ocorre no caso dos frutos e as hortaliças, sempre é uma boa notícia, ainda que desde há uns anos a preocupação pelo impacto que tem o comércio internacional no clima tenha colocado em questão muitos produtos que vêm do exterior.

Não faz muito tempo a papaia ou a lichia eram novidades e agora são outras frutas como a pitahaya, conhecida como fruta do dragão, muito procurada pelas suas propriedades ou a jaca, uma das maiores frutas do mundo, típica do sudeste asiático, muito solicitada pela sua textura fibrosa e o seu sabor doce.

A impressão ecológica

Um dos problemas que apresenta o consumo destes alimentos exóticos é o impacto ambiental gerado pela sua importação e distribuição desde os países longínquos. O estudo do Grupo Intergubernamental de Expertos sobre el Cambio Climático (IPCC) assinala que a emissão dos navios mercantes representa, em media, 25 gramas de CO2 por quilómetro e tonelada de carga. Assim, se o peso médio de uma jaca é de 25 quilos e importar desde a Índia, cada unidade gera 7 quilos de CO2 no seu trajeto até Espanha. No caso da pitahaya, quando provém do Vietname, gera 153 gramas de CO2 por peça.

"Além disto, deve-se ter em conta o processo industrial que implica a sua produção e a desflorestação associada aos terrenos agrícolas, o tratamento nefasto para os trabalhadores e o transporte em camião desde o porto até as lojas", explica Andrés Muñoz, representante da área de Soberania Alimentar na ONG Amigos da Terra, já que muitas destas frutas chegam primeiro a Alemanha ou os Países Baixos antes de entrar em Espanha por estrada, o que aumenta 20 vezes a produção de dióxido de carbono.

Cuatro yacas, también conocidas como jackfruit, colgadas de un árbol / PIXABAY
Quatro yacas, também conhecidas como jackfruit, penduradas de uma árvore / PIXABAY

Golpe ao bolso e alardes nutricionais

Mas não é apenas o meio ambiente que é afectado por este tipo de importações. A carteira também sofre com a moda das frutas exóticas. Os preços do jackfruit em Espanha situam-se entre os oito e dez euros o quilo, enquanto a grande procura de fruta do dragão tem impulsionado o seu custo até os 15 ou 20 euros o quilo. "Por muitos usos ou propriedades com as quais se publicitem estas frutas, não têm nenhum nutriente que não possamos obter com produtos nacionais", indica Raquel García, nutricionista na clínica NutriSense em Huesca.

As principais reivindicações destas frutas são o seu elevado teor em vitaminas e minerales. O jackfruit publicita-se como uma grande fonte de proteínas e fibra, enquanto as características mais proeminentes da pitahaya são seu elevado teor em vitamina A e C bem como em ferro. No entanto, a nutricionista aragonesa García assinala que quanto à vitamina C e o ferro, um pimento vermelho tem mais e não to vendem como superalimento.

Alimentos exóticos de proximidade

Em algumas partes de Almería e Málaga encontraram-se microclimas que imitam na perfeição o meio natural de algumas árvores de fruto. Na verdade, já existem um par de empresas sediadas no sul de Espanha que se dedicam a plantar e comercializar pitahayas, ainda que a sua produção não seja capaz de responder à procura de todo o mercado espanhol.

Este problema não é exclusivo das frutas orientais. Espanha importa, também, uma grande quantidade de alimentos como os ananases da Costa Rica ou as laranjas de Marrocos, já que a indústria alimentar nega-se a aceitar a sazonalidade de algumas vegetais e frutas. "O importante não é tanto o valor nutricional, mas sim comer de localmente e da estação, já que desta forma a fruta é mais saborosa, contém mais propriedades e sai mais barata para o consumidor", conclui García.

 

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