"Não há nenhum filme em versão original no cartaz dos cinemas de minha cidade"

Os largometrajes dobrados comem-se o cartaz, enquanto a cada vez há mais espectadores que pedem sessões em seu idioma genuino

phenomena cine
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Nos primeiros meses do ano aglutina-se o grosso dos prêmios que concedem os académicos do cinema. Os Balões de Ouro, os Goya, os Bafta e uma longa lista de galardões que acaba num galante colofón com as estatuetas douradas dos Oscar. Os cinéfilos juntam-se para desfogarse e fazer seus quinielas, enquanto os mais rezagados apressam-se a ver no grande ecrã filme-los pendentes dantes da homenagem. Enquanto, nos cartazes, poucas são os filmes que se projectam em versão original.

Os largometrajes dobrados dominam as salas, mas, em contrapartida, a cada vez há mais adeptos aos filmes em Vose (Versão original com subtítulos em espanhol) que reclamam mais sessões nesta modalidade. Não obstante, pese às súplicas, o sector aposta pela dobragem e deixa em mãos de plataformas como Netflix ou HBO o labor de emitir ditas filmes em seu legítimo idioma, se o utente assim o prefere. Por que?

Nem uma sozinha sessão em versão original

Ildefonso A. G. tem um blog, CinemaRec, onde publica reseñas e reflexões a respeito dos filmes do momento e, por suposto, dos clássicos. Na passada sexta-feira 26 de janeiro, o crítico jogou-lhe um vistazo ao cartaz do cinema mais próximo, mas não localizou nenhuma em versão original, de modo que ampliou a busca sem muita fortuna. "Não há nenhum filme em versão original nos cinemas de minha cidade, Córdoba, este fim de semana. É alucinante", informa.

Estatuillas que se entregan en los premios Goya Biel Aliño EFE
Estatuetas que se entregam nos prêmios Goya / Biel Aliñou - EFE

A mesma sorte correu Javier Cañavate quando quis ver o filme Dune com o propósito de se preparar para a segunda parte que estrear-se-á o próximo março. "A reestrenan em poucos cinemas e em Málaga por enquanto não está em versão original. Ódio que os cinemas nos dêem tão poucas oportunidades aos que queremos ver em sua versão original. Nem uma sozinha sessão", arremata.

Os cinemas apostam pela dobragem

O verdadeiro é que, na antessala dos prêmios Goya que celebrar-se-ão este 10 de fevereiro, das 21 filmes que se projectam nas salas de Cinesur, tão só três são em versão original.

Esta situação extrapola-se ao resto de empresas cinematográficas que se repartem no território nacional. No cartaz de Kinépolis só se podem encontrar cinco filmes em versão inglesa de 24 que se anunciam. Como último exemplo, nas salas de Cinesa , de dez largometrajes que se emitem, só duas são na língua genuina.

A que se deve esta marginación?

Martín Caínzos, realizador audiovisual e professor de Guião e Direcção Audiovisual na escola Treintaycinco mm, explica a Consumidor Global que o facto de que a cada vez tenha menos opções para ver filmes em versão original obedece a dois factores que podem parecer contraditórios.

"Por um lado, numa sociedade a cada vez mais plural, diversa e globalizada, a gente é mais consciente ou, directamente, tem mais interesse em ver cinema de outras culturas ou países. Este interesse visível, faz que as revendedoras e produtoras destinem mais fundos à dobragem destas obras para que cheguem a mais espectadores", assinala o experiente.

A lei da oferta e a demanda impera

"O que tem mudado é a proporção de filmes dobrados porque tem aumentado essa possibilidade", adverte Caínzos. "Esta diferença varia entre cidades, inclusive nos cinemas de uma mesma população. Ao final, atendendo à proporção de gente que vai a uma sessão dobrada ou subtitulada, ao querer mais gente ir à primeira, os segundos acabam sendo os prejudicados", argumenta.

Una persona viendo la cartelera de un cine EP
Uma pessoa vendo o cartaz de um cinema / EP

Não obstante, o realizador audiovisual destaca positivamente que, para os amantes do original, nas cidades a cada vez há mais salas --normalmente pertencentes a centros culturais-- que dão a possibilidade de aceder a essas obras, tal e como gostam. "De modo que é questão dos espectadores manter-se informados sobre as possibilidades".

O debate interminável

Hoje em dia, o debate ainda perdura. É melhor ver os filmes dobrados ou em versão original? "E, como faz anos, esta é uma discussão que, por agora, não leva a nenhum lugar. Não há uma resposta correcta", sublinha Caínzos.

"Tanto faz de válido querer ver uma obra podendo desfrutar da interpretação íntegra dos actores e actrizes originais, sem reinterpretación dos diálogos, como querer ir ver o filme em teu próprio idioma, por cariño à profissão da dobragem ou, simplesmente, por comodidade", insiste o experiente. No entanto, o desejo de desfrutar das vozes originais dos actores complica-se quando as salas dos cinemas rehuyen desta opção a cada vez mais aclamada e aplaudida.

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