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Dieta sem glúten: porquê, para quem e para quem não

Rumores e modas podem levá-lo a acreditar que a dieta sem glúten é uma estratégia saudável e universal, mas não é o caso. A eliminação do glúten é apenas um tratamento adequado (e indispensável) para pessoas com doença celíaca ou sensibilidade ao glúten

O dietista e nutricionista Juan Revenga dá conselhos dietéticos / CG PHOTO SHOTING
O dietista e nutricionista Juan Revenga dá conselhos dietéticos / CG PHOTO SHOTING

A febre pelas dietas sem glúten começou no início do século XXI. Até então ninguém punha em causa que esta opção dietética fosse --apenas-- o único tratamento adequado para as pessoas com doença celiaca. Na verdade, a sua única opção terapêutica.

Assim, juntamente com o crescente entusiasmo por algumas terapias alternativas daquela época e estimulado pelos depoimentos de certas celebridades, a ideia de que a alimentação sem glúten poderia trazer uma miríade de benefícios para a saúde - e para todos - começou a ganhar força na opinião popular.

De facto, já não era que o "sem-glúten" fosse algo positivo, o caso é que o nosso protagonista foi responsabiizado de uma infinidade de problemas de saúde e inclusive apontado como um elemento de exclusão no tratamento dos transtornos do espetro autista.

Por muito que nos custe a crer, naquele paroxismo anti-glúten, houve quem se preocupasse com o perigo de que a cocaína que se pudesse consumir contivesse glúten.

Tal como costuma suceder sempre nestes casos, não faltou quem não perdesse terreno e tentasse obter lucro económico correspondente a partir de uma abordagem com um percurso científico mínimo que estava especialmente enraizada numa determinada parte da sociedade.

Hoje, conquanto não se trate de uma proposta que tenha caído no esquecimento, a verdade é que os supostos benefícios universais da dieta livre de glúten já não estão tão difundidos como outrora. No entanto, como acontece com qualquer outro disparate dietético, é provável que, mais cedo ou mais tarde, as "maravilhas" da dieta sem glúten ressurjam com força.

Que é o glúten?

Sem entrar em demasiados detalhes o glúten é um conjunto específico de proteínas que se encontram em poucos cereais e, por isso, não noutros. Os cereais que sim têm glúten são o trigo, a cevada, o centeio, o triticale (um híbrido de trigo e centeio), a espelta, algumas variedades de aveia, bem como os híbridos e derivados destes cereais.

Quem deve excluir o glúten da sua alimentação?

Existem três grupos de doentes que não só beneficiam com a eliminação do glúten da sua alimentação, mas para os quais esta estratégia é o único tratamento para as suas doenças. São eles a doença celíaca, a sensibilidade ao glúten não celíaca e a alergia ao trigo. Para cada um destes doentes, e através dos diferentes mecanismos fisiopatológicos específicos de cada doença, a eliminação do glúten da sua alimentação provocará uma melhoria dos seus sintomas ou mesmo o seu desaparecimento.

Quem é que NÃO vai encontrar qualquer benefício com a eliminação do glúten?

O resto da população geral que não pertença a nenhum dos grupos citados não vai encontrar nenhum benefício pelo facto de eliminar o glúten da sua dieta, por muito que o diga um atleta de elite ou alguma celebridade.

Apesar disso, e para sublinhar a dissonância entre ciência e crença, os resultados deste estudo, mostram que entre 20% e 30% da população americana segue - ou seguiu, ou pensou ter seguido - uma dieta sem glúten por razões de saúde... mas sem que isso se justifique.

Comer menos ultraprocessados melhorará a tua saúde, mas o glúten não é a causa disso

Incluir menos pastelaria, menos bolachas, menos snacks doces e salgados e, definitivamente, menos ultraprocessados implica --por definição-- um melhor prognóstico de saúde e que como consequência te encontres melhor. São estes produtos os que, à margem das fontes dietéticas naturais baseadas em cereais com glúten, incluem ingredientes que, além de glúten, convergem num péssimo perfil nutricional.

Assim, a eliminação deste tipo de alimentos - e, com eles, do glúten - provocará, obviamente, uma mudança positiva no seu prognóstico de saúde e, após um curto período de tempo, fará com que se sinta melhor. Mas não será por ter deixado de consumir ou reduzido a quantidade de glúten, mas sim por ter melhorado os seus hábitos alimentares.

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