Loading...

Noemí García (Galo): "90% de nosso trigo é andaluz e não haverá escassimento de massa"

A directora de marketing da empresa espanhola de alimentos explica como os afectou a greve das transportadoras e a guerra de Ucrânia, e fala do seu novo produto estrela

Teo Camino

A diretora de marketing de pastas Gallo, Noemí García / GALLO

O Grupo Gallo lidera so eu secor em Espanha com uma quota de mercado de 25% na massa seca, mas como lhe afetou a guerra de Ucrânia no que se refere ao fornecimento de trigo? E a greve de transportadoras, que os obrigou a deixar de abastecer alguns supermercados? Em tempos de crises, os consumidores compram mais bens de primeira necessidade como a massa?

Falámos com a directora de marketing da multinacional espanhola de alimentos, Noemí García, sobre estes temas e sobre os novos produtos que apresentaram, da mão dos cozinheiros Kav Ly e Pepe Rodríguez, no âmbito da feira Alimentaria 2022.

Os chefs Kav Ly e Pepe Rodríguez em frente aos produtos da empresa / GALO

--Nos supermercados cada vez há mais marcas prémium de massas secas…

--"As italianas Garofalo e Barilla têm 4% de quota de mercado cada uma. A massa prémium cresce em Espanha, mas a sua introdução é lenta e o seu volume pequeno. Gallo é a marca habitual das famílias espanholas. Afecta-nos mais quando a marca branca ganha quota de mercado".

--Como se compete com as marcas brancas e os seus preços imbatíveis?

--"Com qualidade e explicando ao consumidor os motivos pelos que tem que pagar um pouco mais. Nós, como Juan Valdez com o café, temos a pessoas que cuidam e selecionam o trigo. O processo e a qualidade da matéria-prima marcam a diferença".

--Afectou-vos a falta de fornecimento de trigo da Rússia e Ucrânia?

--"90% de nosso trigo cresce sob o sol de Andaluzia. Também temos trigo de Aragón. Não utilizamos subproduto. A nossa responsabilidade é não perder a confiança do consumidor. Não falhar-lhes".

--Com a greve de transportadoras a massa não chegava aos supermercados…

--"Durante aqueles dias, produzíamos e víamos que a massa não chegava ao linear. E nós temos uma responsabilidade social com o consumidor: a massa não pode faltar. Agora estamos a voltar à normalidade e não haverá escassez".

--O Covid, a crise e a guerra da Ucrânia dispararam o consumo de massa?

--"Com o Covid a procura de massa aumentou 200%. Em março, com a guerra da Ucrânia, também se vendeu mais pelo medo. Costuma ser um mercado muito estável. As pessoas compra 4,5 kilogramos de massa por pessoa por ano. Mas agora acontecem coisas atípicas e o consumo dispara por momentos".

--Mudaram os hábitos de consumo dos espanhóis?

--"A pandemia aumentou as vontades de romper com a rotina. Não faz falta celebrar algo para te fazer uma massa prémium. Ao chegar a casa, em vez de fazermos o macarrão de sempre, às vezes queremos algo mais gourmet, darmos esse capricho, um pequeno luxo. O consumidor espanhol tem a necessidade de dar-se pequenas alegrias".

--A nova linha de produtos Ta-Tung da Gallo é um pequeno luxo asiático?

--"Os rollitos, gyozas e massas, entre outros produtos, que apresentámos na Alimentaria são receitas artesanais e naturais da chef Kav Ly. Ta-Tung é Kav, que é um ícone da gastronomia oriental em Espanha. Nós compramos a sua empresa em meados de 2020, e agora, com o músculo da Gallo, queremos chegar a todos os supermercados. A nossa ideia é democratizar a comida asiática em Espanha".

Uns rollitos de primavera da marca Ta-Tung de Galo / ELCORTEINGLÉS

--Ta-Tung é uma linha premium? Nenhum produto custa menos de 3 euros…

--"No linear da massa fresca os 3 euros são uma barreira mental. Se comparar com os sushi corners, a Ta-Tung custa metade. Dentro do seu ecossistema, o preço é acessível. O nosso público alvo não é o epicurista que bebe um wao num restaurante concreto, mas sim o espanhol ao qual lhe atrai a comida oriental e não é especialista. E a Gallo tem a capacidade de penetrar nos lares".

--Que potencial tem a gastronomia asiática nos súpers?

--"Ainda é um mercado pequeno porque não existe nenhuma marca potente a nível europeu que ajude a explodir a categoria, mas tem um potencial brutal. A nossa ideia é investir na Ta-Tung porque é uma necessidade de consumo que existe e que cada vez se difunde mais. O Covid ajudou-nos porque as pessoas começaram a experimentar e cozinhar muito em casa".

--Mas Ta-Tung é o oposto a cozinhar…

--"Declaramos o conceito em 400 consumidores. E a maioria destacavam tanto o facto de que seja artesanal como a facilidade e rapidez de preparação (2 minutos). Isto foi o que seduziu o consumidor. A possibilidade de desfrutar de um momento japonês, como Tarradellas da época, com os amigos, sem ter conhecimentos de cozinha asiática e em pouco tempo. Deste modo, aproximamos os restaurantes asiáticos do consumidor".

--Que outras tendências detetaram?

--"O pilar saúde é básico e tem um grande percurso na massa integral. Muitos consumidores passam da massa clássica à integral. E também o segmento dos legumes, que lançamos há um ano e conseguimos a liderança. As massas 100% de legumes tiveram um crescimento de duplo dígito. A salada de massa também é um top vendas".

Hélices de lentilha / ELCORTEINGLÉS

--Mas onde estão os esoarguetes de toda a vida…

--"A massa de colher é nosso core, o porta-aviões da empresa. Representa 50 % de nossas vendas e queremos proteger essa parte. As clássicas plumas Gallo nº6 são o nosso produto mais vendido. A massa de ovo, por exemplo, está desatualizada. Mantê-la-emos porque tem uma base de consumidores, mas em maio apresentaremos novas propostas no segmento premium muito interessantes".