Os aeroportos, em ocasiões, parecem palcos de filmes. Para bem ou para mau. É essa mistura de emoções, pressas, despedidas e reencontros o que lhes dá esse toque dramático, que aparece sem dúvida bem refletido na celebérrima O Terminal, com um Tom Hanks comovente, ou no início e o final de Love Actually.
Agora, Aena tem aberto uma investigação para esclarecer as circunstâncias pelas que uma idosa de 92 anos esteve deambulando pelas pistas do Aeroporto Adolfo Suárez de Madri depois de ter sido supostamente esquecida num autocarro jardineira que a transportou desde a porta do avião até o terminal.
Mobilidade reduzida
Samantha Flores chegou a Madri na passada quinta-feira, 23 de janeiro, procedente de México e tinha solicitado assistência no aeroporto ao ter mobilidade reduzida. Foi recolhida pelo pessoal de assistência na porta do avião na pista e conduzida até o autocarro que a devia acercar, junto ao resto de passageiros, ao terminal.
"Puseram-me o cinto no autocarro e o empregado permaneceu para perto de mim falando com outras passageiras do avião", tem indicado a afectada, uma mulher que tinha viajado a Madri com o objectivo de constituir, o 14 de fevereiro, a sede espanhola da Fundação Laetus Vitae, que preside em México e que está dedicada à protecção dos maiores LGTB.
A idosa fica sozinha
Ao deter-se o autocarro, depois de aproximar ao terminal, o resto de viajantes baixaram-se e a idosa não se percató, até minutos depois, de que o assistente que ia com ela também se tinha marchado a deixando "sozinha" no interior, segundo tem narrado numa entrevista em TVE.
Depois dos factos, o ente aeroportuario tem confirmado a Europa Press que actuará "em consequência" com a empresa de assistência que presta o serviço e tem exigido à mesma "que ponha as medidas necessárias" para que a situação "não volte a ocorrer".
Aena nega os factos
Aena tem negado, não obstante, que a idosa "deambulase pelas pistas e estivesse horas perdida". No entanto, Samantha Flores assegura que, depois de conseguir baixar do autocarro sozinha, após tentar, sem sucesso, que algumas das pessoas que podia ver no exterior a ajudassem, esteve a caminhar por uma zona com "várias estradas".
"Vi que passavam algumas gentes e lhes toquei no cristal para que me vissem, mas não me fizeram caso; não me ficou mais remédio que baixar do autocarro", tem afirmado.
Ajuda de um caminhoneiro
Segundo tem narrado esta afectada (que The New York Times descrevia como um "ícone transgénero mexicano", "elegante, divertida e às vezes coqueta"), se encontrava para perto de uma zona de estacionamiento de camiões de ónus onde conseguiu a ajuda de um caminhoneiro.
"Cruzei a estrada de saída dos camiões e então dirigi-me a essa zona e, a uns 150 metros, vi a um senhor ao que gritei e lhe fiz senhas", tem argumentado a idosa. Foi essa pessoa quem, segundo sua versão, acompanhou-lhe directamente ao interior do terminal.
Controle policial
Sua aventura não concluiu aí, já que ao se dirigir aos responsáveis pelo aeroporto estes lhe indicaram que não lhe podiam ajudar ao não ter constancia de sua entrada em Espanha. Samantha Flores não tinha passado o controle policial de passaportes ao se ficar sozinha na pista e não aceder ao terminal pela zona de chegadas.
Foi então quando foi conduzida até dependências da Polícia Nacional no aeroporto onde assinou uma declaração voluntária primeiramente em território espanhol para poder permanecer no país, já que sua entrada tem sido de maneira irregular. Esta situação de "irregularidade" está a dificultar, segundo tem explicado a idosa, poder levar a cabo o objectivo com o que tem vindo. No dia 22 de fevereiro tem voo de regresso a México.