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Que ocorre com as mascotas depois de divórcios ou mortes?

Os animais de companhia tratam-se como bens muebles, o que pode provocar conflitos em julgamentos ou com a legislação

Una pareja pasea con su mascota   PIXABAY
Una pareja pasea con su mascota PIXABAY

Os animais são seres sintientes. A ciência tem encontrado demasiadas evidência ao respeito, à margem das crenças da cada um e a opinião da cada qual sobre os direitos destes vertebrados. Espanha, no entanto, conta com uma legislação bastante atrasada neste âmbito em frente ao resto de países de Europa. Pelo momento, as mascotas consideram-se bens muebles, isto é, a propriedade e os direitos com respeito a seu dono são similares aos de um quadro ou um electrodoméstico.

Isto se estipula no artigo 333 do Código Civil espanhol, que reza que "todas as coisas que são ou podem ser objeto de apropriação se consideram como bens muebles ou inmuebles". Os animais associam-se com o primeiro caso. Mas isto gera um problema a efeitos práticos: que ocorre quando existe um litigio que enfrenta a donos e mascotas? Até que não se mude a legislação, estas situações acabarão num limbo legal no que a interpretação é subjetiva.

Em terra de ninguém

Em casos de divórcio , mudança ou separação de um casal que tenha adoptado um animal, que se pode fazer com ele? Para muitas pessoas, estes colegas são praticamente família, pelo que se afastar de maneira forçada supõe um estrés tanto para elas como para as bestas. "É frequente que as mascotas sejam um ponto quente e importante nos processos de divórcios", assinala Abel Marín, sócio de Marín & Mateo Advogados.

O advogado especializado nestes litigios afirma que, em caso de falta de acordo, a diferença do que sucede com a custodia dos filhos, ao tratar de uma "propriedade" não fica regulado no procedimento de medidas provisórias nem definitivas no desenvolvimento do divórcio. Ademais, pelo momento o chip de identificação para as mascotas não permite vários nomes, só o de um único proprietário, pelo que ante a lei, se podem situações complicadas ao evidenciar uma sozinha pessoa como dona. Marín reconhece que a cada caso se soluciona, em sua totalidade, pela interpretação pessoal do juiz.

Após a morte

Um caso mais dramático, mas não por isso menos quotidiano, é o futuro dos animais de companhia depois da morte de seus colegas humanos. Marín, explica como ao se considerar uma propriedade, seu destino após falecer seu dono pode se reger pelo que se especifique num testamento convencional. Inclusive pô-lo como condição testamentaria que os herdeiros devam cumprir. Ainda que é verdadeiro que é difícil de vigiar se se cumprem as exigências estipuladas.

Por outra parte, Daniel Dourado, advogado no Centro Legal para a defesa dos animais, assinala que as mascotas não só se vinculam desta maneira às pessoas, sina que, tanto no caso da morte como num impago de dívidas , poderiam ser embargadas como se se tratassem de objetos vinculados ao moroso. "E no caso de que os herdeiros ou os demandantes recusassem a mascota em si, converter-se-ia num animal abandonado, pelo que acabaria sem remédio numa perrera", menciona o experiente.

A legislação que virá

Apesar de tudo, não é que a sociedade nem as forças políticas não tenham prestado atenção a este assunto. Em 2017, aprovou-se uma Proposição de Lei que modificaria alguns dos pontos mais ambiguos no referente às mascotas e sua condição de bens. Quando estava a ponto de tramitar na Comissão de Justiça, a dissolução do Governo pelas eleições gerais de 2019 freou sua aprovação. Isto supõe que, ainda que exista um rascunho completo que contou com um grande apoio em todo o arco parlamentar, o processo terá que se iniciar de novo, algo que dada a crise do Covid-19 não parece uma prioridade na agenda política.

Dourado acha que dado o trato que se tem para os animais através de sua exploração e seu uso como mercadoria, é difícil que uma legislação satisfaça seus interesses e se lhes reconheça como seres sintientes em sua totalidade. "Ainda assim, dada a visão actual dos animais por parte da sociedade espanhola, a legislação é insuficiente. Existe um retrocesso com respeito ao que a legislação pode fazer. A gente pede um avanço em isto, ao menos com as mascotas mais próximas", conclui o advogado.

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