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Inditex mima a Lefties agora que o consumidor olha até o último cêntimo

A Lefties é a marca 'low cost' da Inditex, uma marca com menos brilho que a Zara, ainda que brilhe com força num contexto de inflação

Loja da Lefties na rua Carretas / CG
Loja da Lefties na rua Carretas / CG

a Inditex é um enorme trasatlântico que atravessa águas gélidas: a inflação, a tardia saída da Rússia por parte de Zara, uma mudança de presidência para a qual Marta Ortega pega o bastão de Pablo Isla, as exigências cada vez mais insistentes de sustentabilidade por parte dos consumidores… Neste contexto, não é difícil dar com um bloco de gelo que possa reduzir a marcha do navio. Em caso de acidente, sempre é útil ter à mão uma lancha potente, rápida e com roupa barata; quiçá não tão lustrosa como a Zara, mas sim acessível e eficiente. Trata-se da Lefties .

A empresa, marca low cost da carteira da Inditex, ganha presença nos tempos nos quais o preço importa cada vez mais e o consumidor olha até o último cêntimo.

Mais protagonismo para a Lefties

Jacinto Llorca é analista, conselheiro de negócio e autor de livros como O Código Retail. "Tenho a sensação de que estão a dar à Lefties um protagonismo que antes não tinha", afirma este especialista à Consumidor Global. "De facto, há que pensar que a opção de comprar on-line nesta loja foi implementada há pouco", detalha. Mais especificamente, foi no verão de 2020, quando a pandemia tornou evidente que a digitalização era necessária a todos os níveis. "Agora terá que ver se se consolida e de que forma, porque não está muito claro até que ponto o consumidor optará por umas opções ou outras", opina Llorca.

Un establecimiento de Lefties / CG
Um estabelecimento da Lefties / CG

Em outras palavras, a Lefties não é o atacante estrela que vai manter a Inditex no mais alto da Champions, mas sim um ás sob a manga para brilhar no caso de errar. Tal como assinala Llorca, antes existia o rumor (ou mito ou a lenda urbana) de que esta loja vendia a roupa à qual a Zara não conseguia dar saída, um argumento que hoje parece desterrado. A Lefties tem as suas próprias colecções. Como imagem da sua última linha de bikinis e fatos de banho, contou com a modelo Rocío Crusset, uma mulher que, conquanto não aglutina milhões de seguidores nas redes sociais, também não é nenhuma desconhecida com baixo cache. E, nos últimos meses, influencers do porte da Mery Turiel têm levado as suas peças.

Colaborações com Umbro ou Kelme

Esta marca vende roupa para mulher, para homem, para crianças e também alguns acessórios desportivos. "Quanto ao target, abarca vários públicos, mas ao mesmo tempo dá a sensação de que está um pouco em terra de ninguém", assinala Llorca. Pela sua política de preços baixos, este especialista acha que os seus competidores alvo seriam a Primark e a C&A ..

"Posiciona-se como uma loja familiar, na qual todos os membros podem ir comprar roupa". As últimas colaborações da Lefties, com duas marcas de roupa desportiva, dão pistas sobre esta opção barata da Inditex: uma foi com a Kelme, de cores vistosas, ar urbano e um ponto retro (onde há, por exemplo, um moletom por 13 euros); e outra com a Umbro, que na sua época vestiu selecções como a de Inglaterra no início de 2000 e hoje vende puro streeat wear para adolescentes. Uns ténis da Lefties x Umbro custam 26 euros, um preço realmente atraente quando tudo está pelas nuvens.

Sudadera y pantalón de la colaboración con Umbro / LEFTIES
Moleton e calças de fato de treino da colaboração com Umbro / LEFTIES

Preços baratos e competitivos

A Consumidor Global aproximou-se das duas lojas do centro de Madrid: a de rua Carretas, a um passo da Puerta del Sol, e a da Gran Via. Em ambas há um rebuliço dos dias de Semana Santa. A maioria dos que olham roupa não são exactamente jovens (um público que talvez cabaeria mais na Stradivarious ou Pull&Bear) senão adolescentes acompanhados. Também há casais, homens de uns 50 anos vestindo pólos, e mães jovens com crianças.

Um dos trabalhadores da loja de Carretas, Jorge, conta-nos, sucintamente, que nestes dias "há mais azáfama". Segundo verificámos, aos fins de semana há verdadeiro barulho, algo que até há pouco era mais próprio de outras lojas do grupo. Seguramente, os preços têm algo a ver: um vestido camisero da nova colecção Pinks custa 12,99 euros. No site, anuncia-se como "Preço WOW". Um top de malha não sobe dos 9 euros, uma camisa de homem de linho com pescoço Mao marca 15,99 euros e praticamente nenhum jeans ultrapassa os 20 euros. Metade do valor na Zara .

Mais lojas grandes em lugares importantes

No final de 2021, a Lefties abriu uma grande loja nos Los Arcos (Sevilha) na qual pretendia mostrar a sua nova imagem: mais moderna, com um espaço luminoso e confortável, com cores brancas agradáveis. A esta abertura somou-se, em janeiro de 2022, outra loja da marca em Majadahonda de grandes dimensões: 2.600 metros quadrados.

Varias personas en la caja de una tienda / CG
Várias pessoas na caixa de uma loja / CG

No mês seguinte, inaugurou-se outro grande estabelecimento no Dubái , que já punha as cartas sobre a mesa: a Inditex quer polir o nome da Lefties no mercado internacional. Hoje, a marca está presente apenas em dois países europeus (Espanha e Portugal), em vários territórios com menor poder de compra (Tunísia, Marrocos e México) e, por último, no Oriente (Arábia Saudita e Dubai).

"Maior interesse"

No entanto, não é possível saber o número exacto de lojas da Lefties que foram abertas nem a quantidade que ingressa a marca, já que os seus resultados não são discriminados, mas sim aparecem unidos aos da Zara. Isto revela que, por enquanto, não tem a entidade suficiente para jogar voar sozinha. No entante, o relatório da Inditex de 2021 reflete que o grupo realizou 226 aberturas e 130 reformas. Várias da Lefties.

Zapatillas de la colaboración con Kelme / LEFTIES
Ténis da colaboração com a Kelme / LEFTIES

Neste sentido, fontes próximas da Inditex reconhecem à Consumidor Global que, conquanto não possam falar das vendas de uma das entidades do grupo no presente exercício, sim realizaram esforços para "melhorar" a Lefties, como a abertura da sua loja on-line e a reforma de alguns espaços físicos. Isto, afirmam as mesmas fontes, pode resultar num "maior interesse" por parte dos consumidores.

Competir com a Shein?

"Remodelar as lojas é o primeiro indicador que uma marca quer fazer coisas", reconhece Llorca, embora acrescente que, em épocas nas quais baixa o poder de compra dos consumidores, qualquer marca posicionada como barata costuma crescer.

"Trata-se também de antecipar problemas: não sabemos se a situação pode piorar e a Inditex interessar-lhe-ia estar preparada para uma época na qual as pessoas gastem menos", diz Llorca. Além disso, segundo este analista, o low cost tem muita força entre os compradores mais jovens, como prova de forma inequívoca a Shein, que "está a subir". "Não é má ideia, ao ver que este tipo de compras aumentam, tratar de reforçar nesse sentido", afirma Llorca.

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