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Por que Zara ainda tem abertas suas lojas em Rússia?

Inditex permanece no país eslavo apesar da guerra em Ucrânia, enquanto algumas competidoras, como H&M ou Cabo, já têm tomado a determinação de fechar

Zara Bruselas
Zara Bruselas

A invasão de Ucrânia tem provocado um éxodo comercial: empresas como Ikea, Volkswagen, Apple ou Lego têm anunciado o fechamento de suas lojas em Rússia como medida de pressão ante as acções do presidente russo, Vladimir Putin. No meio desta crise, que tem tido um efeito em corrente, Inditex, santo e senha do sector têxtil e a menina bonita da 'marca Espanha', ainda opera no país.

Grandes lojas de roupa, como H&M ou Cabo, já têm cessado sua actividade. A primeira conta com 168 estabelecimentos em Rússia, e a segunda com 120 lojas, das que 65 são franquias. Por isso, contrastam os titubeos de uma assinatura que é referência internacional e que terá que decidir com muita celeridade se quer seguir vendendo ou a possibilidade de entrar numa crise reputacional.

Inditex tem 527 lojas em Rússia

Jacinto Llorca, analista, conselheiro de negócio e autor de livros como O Código Retail, conta a Consumidor Global que a situação é extremamente delicada. "Rússia é o segundo mercado maior de Inditex, com 527 lojas", diz o experiente. "Fechar isso suporia um corte de rendimentos brutal", opina. De todas as marcas do grupo, a mais popular em Rússia é Bershka, com 106 lojas. Seguem-lhe em número Pull&Bear (87 lojas), Zara (86), Stradivarius (76), Oysho (63), Massimo Dutti (53), Zara Home (44) e Uterqüe (12).

Una tienda de Bershka / UNSPLASH
Uma loja de Bershka / UNSPLASH

Ademais, pergunta-se, em que situação ficaria todo o pessoal dessas lojas. Não se trata só, segundo o experiente, de pôr na balança os benefícios que perder-se-iam com o fechamento, sina de pensar em que passaria com os milhares de trabalhadores. "Seria uma espécie de ERTE?", pergunta-se Llorca. Neste sentido, Ikea, depois de fechar suas lojas, publicou um comunicado no que falava de tomar medidas "para assegurar o emprego e a estabilidade de rendimentos para o futuro imediato" dos 15.000 empregados aos que afectava sua decisão.

Consumidores russos

As acções de Inditex também sofrem. Jacinto Llorca acha que o único que se pode fazer agora é especular. "Também há que ter em conta que as companhias pensam nos consumidores, e fechar lojas supõe deixar de lado ao russo meio, que não é responsável pela invasão", apostilla.

David Martínez é autor do livro Zara, visão e estratégia de Amancio Ortega, que explica a eclosión da marca e desentraña o enfoque de seu fundador. Também recolhe seu desenvolvimento internacional nos países do Leste de Europa, entre eles Rússia. "As marcas do grupo Inditex desenvolvem-se nestes mercados que considera imaturos a nível de negócio de moda e que contam com grande capacidade de crescimento. De facto, nestes países chegam prenda-las com algo de atraso e as tendências se copiam respeito dos modelos vendidos em Occidente", assinala.

Unos zapatos de Zara / PEXELS
Uns sapatos de Zara / PEXELS

Um mercado potencial de 200 milhões de clientes

Martínez conta que a companhia fundada por Amancio Ortega decidiu fechar suas quase 80 lojas em Ucrânia quando começou a invasão. Não obstante, recorda que Inditex "é uma das empresas espanholas com maior exposição a Rússia, onde segue operando com normalidade", tal e como se desprende dos sites de venda em Rússia, que seguem activas.

"Inditex, uma das 30 empresas mundiais mais expostas ao conflito, não deseja que se alongue, mas também não deixar desprovisto de seus prendas a um mercado potencial a mais de 200 milhões de clientes", admite. Baixo seu ponto de vista, se a guerra alonga-se, Inditex poderia fechar lojas e potenciar o canal on-line. "O que está claro é que ver-se-á afectada sua corrente logística por terra para Ucrânia, mas também por mar e por ar em Rússia quando pouco a pouco se plasmen as sanções internacionais", detalha.

McDonald's e Coca-Bicha também ficam

Llorca aponta outra chave: nenhuma empresa espera uma guerra, mas a Inditex lhe pilla com o pé mudado, em pleno relevo de seu conselheiro delegado. Em novembro anunciou-se que Pablo Ilha abandonava este cargo em favor de Marta Ortega, cujo rumo ainda está por definir.

Una mujer en una tienda de Inditex / UNSPLASH
Uma mulher numa loja de Inditex / UNSPLASH

"Inditex é a única empresa espanhola dentro das 30 companhias mundiais mais expostas ao conflito bélico, segundo um relatório da assinatura de análise de mercados MacroYield", indica Martínez. Não obstante, não é uma verdadeira rara avis. O experiente recorda que há outros gigantes que permanecem no país eslavo, como Pepsi, Coca-Bicha, Starbucks ou McDonald's, além de marcas que pertencem ao sector do luxo.

A opção menos má

O grupo Inditex e a marca Zara expõem-se a um señalamiento. Em redes sociais, alguns utentes já pedem empreender um boicote contra a assinatura. Assim mesmo, abriu-se uma página de change.org para pedir que saia de Rússia. "Pedimos a Inditex, como principal líder e referente mundial na distribuição têxtil, que dê um passo à frente e fechamento temporariamente suas lojas em Rússia, mostrando assim a rejeição que provoca a flagrante violação dos direitos civis e humanos", se explica no site.

"Se tua conta de resultados não depende tanto de Rússia, não te vais com tanta pena", comenta Llorca. Não obstante, o analista acha que não poderá permanecer por muito tempo. "Estou convencido de que o fechamento de lojas ocorrerá, tarde ou cedo, porque pode ter problemas de abastecimento". Este meio pôs-se em contacto com o departamento de imprensa de Inditex para conhecer sua opinião ao respeito. Mas, ao termo desta reportagem, não tem dado resposta. "Acho que, a final, a companhia deverá eleger qual é a opção menos má", conclui Llorca.

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