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Shein e a escravatura moderna: o preço real da roupa barata

Vários relatórios documentaram a presença de menores em oficinas têxteis subcontratadas no Bangladesh, ligadas a empresas de fast fashion.

Juan Manuel Del Olmo

Uma mulher faz uma compra online num síte semelhante ao da Shein / FREEPIK - shurkin_son

Com uma combinação, entre nebulosa e tóxica, de baixos custos de produção, uma legislação laboral pouco rigorosa e uma flagrante falta de transparência na cadeia de fornecimento, a fast fashion conquista cada vez mais compradores jovens. A mais popular é a Shein, que está sob a lupa de Bruxelas pelas suas supostas práticas irregulares, mas há outras, como a Temu, que também levantam suspeitas.

Agora, um artigo de Andrea Romanos lança mais alguma luz sobre este sector. Cita Iu Tusell, professor de Estudos Empresariais na Universidade Oberta da Catalunha (UOC), que fala sobre “escravatura moderna” no blogue da universidade. Não menciona explicitamente a Shein, mas aborda o problema da “fast fashion chinesa” em termos gerais.

"Exploração laboral extrema"

Segundo vários estudos especializados, assinala o artigo, a escravatura entende-se como "uma forma de exploração laboral extrema na qual uma pessoa é privada da sua liberdade por parte de outra por motivos económicos ou pessoais".

Uma loja efémera da Shein / EUROPA PRESS - ALEJANDRO MARTINEZ VELEZ

O artigo da UOC cita também dados da Public Eye, uma organização crítica sem fins lucrativos que se dedica a denunciar os abusos das empresas, e afirma que os trabalhadores das fábricas que fornecem algumas das empresas de fast fashion podem trabalhar até 75 horas por semana, “em condições que violam a legislação laboral chinesa e sem qualquer garantia de segurança”.

Trabalho infantil

Além disso, por vezes são as crianças que tecem as roupas. "No Bangladesh, onde o problema é evidente, o National Child Labour Survey 2022 do Bangladesh Bureau of Statistics estima que cerca de 1,78 milhões de crianças entre os 5 e os 17 anos estão envolvidas em trabalho infantil. Vários relatórios recentes documentaram a presença de crianças em oficinas têxteis subcontratadas", refere o artigo de Romanos.

Importa igualmente referir que várias organizações europeias de consumidores denunciaram recentemente a Shein pelos seus “padrões obscuros”, técnicas utilizadas no comércio em linha para levar os consumidores a comprar mais do que pretendiam. Isto, por sua vez, agrava os problemas ambientais e sociais associados.