Durante anos, a indústria audiovisual tem procurado "a próxima grande inovação" em qualidade de imagem. Primeiro foi a televisão HD, logo o 4K e, mais tarde, a chegada do 8K. No entanto, o mercado não respondeu como se esperava: para a maioria dos utentes, a diferença entre 4K e 8K não é tão evidente. Ante este estancamento, os fabricantes têm girado para outra direcção: não aumentar só a resolução, sina transformar a maneira em que percebemos a imagem.
Neste palco surge a tecnologia Light Field, que promete nos devolver o 3D, mas desta vez sem gafas nem acessórios. Uma experiência mais natural, envolvente e lista para converter-se na próxima grande tendência dos ecrãs.
'Light Field' e o regresso do 3D sem gafas: a revolução que mudará os ecrãs
O Light Field baseia-se numa projeção de luz diferente à tradicional. Enquanto um ecrã convencional mostra a mesma imagem a todos, esta tecnologia distribui fazes de informação em múltiplas direcções. O resultado é que a imagem muda segundo o ângulo de visão, oferecendo profundidade realista e brilho dinâmico sem necessidade de gafas especiais.
Imagina um diamante em ecrã que reflete a luz de forma natural, como se estivesse em frente a ti. Essa fidelidade visual é o que converte a Light Field numa revolução em frente aos simples efeitos tridimensionais do passado.
Marcas como JapanNext já têm mostrado protótipos de monitores que modificam dinamicamente o brilho dos objetos segundo a posição do espectador. O interessante é que não é um efeito superficial, sina um passo real para o realismo inmersivo.
Aplicativos do 'Light Field' para além do cinema
Ainda que o primeiro que pensamos é em filmes ou séries em 3D, a tecnologia Light Field tem um potencial bem mais amplo.
Entre seus usos destacados encontram-se:
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Museus e exibições: obras digitais que mudam segundo a posição do visitante.
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Automóveis inteligentes: ecrãs que mostram navegação ao condutor e entretenimento ao copiloto de forma simultânea.
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Educação e ciência: simulações realistas em salas, desde anatomía até engenharia.
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Comunicação interactiva: videollamadas e apresentações com maior sensação de presença.
Com estes aplicativos, o Light Field não se limita ao lazer, sina que abre a porta a novas formas de aprendizagem e trabalho.
Videojuegos: o terreno ideal para o 3D sem gafas
Se há um sector pronto para liderar esta revolução, é o dos videojuegos. Os mundos virtuais já estão desenhados em 3D, o que faz que a transição a ecrãs Light Field seja natural.
Companhias como Samsung, Acer ou Lenovo desenvolvem monitores especificamente para gamers. O Samsung Odyssey 3D, por exemplo, integra rastreamento ocular, inteligência artificial e lentes especiais para manter a sensação de profundidade ainda que o jogador mova-se em frente ao ecrã. Para um público acostumado a investir em experiências inmersivas, o Light Field é uma evolução lógica que poderia converter na porta primeiramente ao mercado em massa.
O renacimiento do 3D
O 3D não é novo. Faz mais de uma década, televisores e cinemas apostaram forte por esta tecnologia. No entanto, a incomodidad das gafas, a falta de conteúdos atraentes e o alto custo acabaram por enterrar a tendência.
A diferença agora é que o Light Field elimina as gafas e soma algoritmos de inteligência artificial capazes de predizer o movimento do rosto. Assim se consegue um 3D mais estável, fluído e natural. Empresas como Leia Inc., nascida de HP Labs, lideram esta nova geração. Seus produtos, como a Lume Pad 2 ou os monitores Acer SpatialLabs, já mostram como o 3D pode converter numa tecnologia estrutural, não numa moda passageira para bolsos de milionários.
Obstáculos para a adopção em massa
O caminho não está livre de desafios. Os principais são:
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Preço elevado: hoje, um monitor Light Field supera os 2.000 euros, inaccesible para a maioria de consumidores. No entanto, como ocorreu com os televisores planos ou os ecrãs curvos, os custos poderiam baixar com o tempo.
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Produção de conteúdo: para que o efeito funcione, as imagens e videos devem se gerar com dados de ângulo e brilho específicos. Isto obriga a que estudos e produtoras adaptem seu trabalho, o que pode reduzir a adopção.
Ainda assim, os fabricantes confiam em que o mercado encontrará a forma de superar estas barreiras, como tem ocorrido com cada inovação tecnológica.
O futuro do Light Field
Para David Fattal, CTO de Leia Inc., o 3D tem um potencial único para transmitir emoções humanas. Sua visão é clara, há que levar o Light Field a dispositivos quotidianos como smartphones e tablets. Isto permitiria capturar e compartilhar fotos e videos tridimensionais, além de realizar videollamadas com uma sensação de presença quase real.
De facto, Apple e Google já pesquisam nesta linha, o que sugere que poderíamos ver esta tecnologia integrada em móveis nos próximos anos. Isso sim, os televisores ainda estão fora da equação, já que o efeito atual funciona melhor para um espectador ao mesmo tempo. Resolver esta limitação será chave para o futuro do entretenimento no lar.