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Cooltra se ceba com as multas aos utentes que estacionam mau: "É abusivo"

A empresa, fundada em Barcelona em 2006, aplica uma sanção de 25 euros que a Prefeitura tramita por sua conta, o que a julgamento de alguns utentes resulta "abusivo"

Juan Manuel Del Olmo

Un conductor con una moto de Cooltra (1)

Cooltra é uma empresa que oferece serviços de mobilidade através de motos e bicicletas elétricas, que se podem alugar por minutos, dias ou meses. Consolidada a nível europeu, a companhia nasceu em 2006 em Barcelona, e fazer, segundo proclamam em seu site, com a base de "um grupo humano comprometido com a ideia de transformar as cidades em lugares mais sustentáveis, seguros e eficientes".

"Oferecemos um amplo leque de possibilidades para viver a experiência de viajar em moto (ou bicicleta) sem necessidade de ter uma em propriedade", descrevem. No entanto, conquanto a apelação à sustentabilidade parece difícil de rebater, os regulares de eficiência de Cooltra podem ficar comprometidos se atende-se o ponto de vista de alguns utentes descontentamentos.

Facturação recorde

Cooltra funciona porque resulta prática, que é a principal demanda do consumidor atual: oferece autonomia, rapidez, flexibilidade e singeleza. Graças em parte a estes factores, a empresa fechou o exercício 2024 com uma facturação de 60 milhões de euros, um 32% mais que no ano anterior, e um EBITDA que se mantém em positivo desde 2019.

Motos de Cooltra / EUROPA PRESS

Ademais, a companhia declara que tem atingido uma quota de mercado superior ao 50% em algumas cidades nas que opera, com Milão, Roma, Paris e Barcelona à frente. Precisamente é na Cidade Condal onde vive J. Jarque, quem de vez em quando utiliza as motos da companhia e conta a este meio que faz umas semanas recebeu um cargo inesperado.

Multa por estacionar indevidamente

"Puseram-me uma multa por deixar a moto mau estacionada. Levaram-lha e enviaram-me uma foto indicando por que o tinham feito e explicando que tinham tido que a ir procurar", relata este consumidor, que é consciente de ter cometido uma infracção. Não obstante, assinala que no desmembre de sua multa "há dois cargos um pouco gratuitos": às despesas da grúa, que ascendem a 77 euros, se somam dois cargos de 25 euros a cada um.

O primeiro é uma "compensação por recuperação do veículo em depósito" e o segundo uma "compensação por incumprimento das normas de tráfico". Deste modo, o corretivo de Cooltra ascende a 127 euros, aos que há que somar a multa propriamente dita, que é a que tramita a Prefeitura. A pergunta de Jarque se antoja legítima: Por que uma companhia privada, que cobra quando um utente faz um uso incorreto, se arroga a potestade de exigir ademais um pagamento por incumprir as normas de tráfico, um facto que competería à administração?

Uma pessoa olha seu móvel / PEXELS

Despesas da companhia

Se o veículo é retirado pela grúa municipal e levado a um depósito, é evidente que Cooltra (ou qualquer outra empresa do ramo) incorre em despesas para o recuperar (tempo investido na gestão que é ademais um tempo no que essa moto não está na rua e por tanto não factura, deslocação, etc.).

Agora bem, se o utente já está a pagar uma multa oficial à Prefeitura e lhe toca engolir com a penalização adicional, sua sensação é que a empresa procura fazer caixa a sua costa, já que Cooltra não incorre em despesas extra. Pode tratar-se, isso sim, de um muito lucrativo efeito disuasorio.

Queixas em Google Play

Aqui e lá é possível dar com utentes de Cooltra que também denunciam estas práticas e se fazem as mesmas perguntas. "Tenho usado Cooltra para duas pequenas viagens com fotos que acreditam o perfeito estacionamiento do ciclomotor. Facturar, três semanas mais tarde, mediante seu aplicativo, uma dupla cobrança instantânea sem prévio aviso (77 + 50 euros) por um suposto uso de grúa municipal", denuncia um cliente nas reseñas de Google Play.

Um utente de Cooltra / COOLTRA

Apesar de que a valoração geral da companhia de motosharing é muito boa nesta plataforma (4,6 estrelas sobre 5 e mais de 16.000 valorações), é fácil dar com críticas similares. "Multa injusta por estacionar onde não tinha sinal visível. Cooltra lava-se as mãos com uma foto borrosa e cobra despesas de gestão abusivos sem dar opção a reclamar", apontava outro afectado.

"Que cara mais dura"

"Que cara mais dura têm. Se tens uma multa cobram-te 25 euros além do que tens que pagar a Tráfico. Supostamente aceita-lo ao assinar as condições de uso em letra pequena que ninguém nunca lê", corroboraba um terceiro.

Esta molesta combinação de despesas de grúa (77 euros) e compensações (50 euros) tem chegado até a lista de reclamações da OCU, onde um consumidor deixa claro que os cargos lhe resultam "do todo improcedentes".

Indicações da companhia

A companhia especifica em sua página site que, durante o período de tempo que os utentes utilizam a moto, são responsáveis pelas infracções cometidas, "desde que a estacionas até que volta a ser utilizada por outro utente, incluídas as multas derivadas de um mau estacionamiento". Agora bem, não se explicita que esta responsabilidade se duplique ou que Cooltra se converta numa sorte de juiz.

Uma moto da companhia / COOLTRA

"Nossa equipa identificará ao utente responsável, quem receberá a multa e deverá fazer-se cargo", adverte a empresa fundada pelo empreendedor alemão Fraude Buetefisch. À luz destes interrogantes, este meio tem contactado com Cooltra para perguntar por que cobram a seus utentes por incumprimento das normas de tráfico, quando se trata de uma esfera que pertence ao âmbito público, e se consideram que é um cargo admissível quando a multa já é elevada. Não obstante, ao termo desta reportagem, não tem obtido resposta.