Com o passo do verão, além dos dias soleados e as escapadas ao ar livre, aparece também um visitante indeseado: os mosquitos. Estes diminutos insectos converteram-se em parte inevitável da temporada estival, sobretudo em zonas húmidas ou calurosas. E ainda que a lista de repelentes, cremes e espráis é interminável, a maioria só oferecem alívio momentáneo… e quase sempre a base de químicos.
O curioso é que agora a tecnologia se tem colado neste terreno com uma proposta que parece sacada da ciência ficção: um dispositivo minúsculo que se liga ao telefone móvel e promete acalmar o picor das picadas de forma natural e rápida.
Um invento que usa calor em lugar de químicos
O acessório chama-se Heat It e funciona de uma maneira surpreendentemente singela: aplica calor controlado sobre a picada, o que ajuda a reduzir a hinchazón e a moléstia quase ao instante. A ideia parte de um princípio já conhecido em medicina: o calor localizado pode modificar proteínas e diminuir a reacção inflamatoria que provoca o picor.
Neste caso, o interessante é o formato. O dispositivo, do tamanho de um llavero, liga-se ao porto USB-C do móvel, e mediante uma app ajusta-se tanto a temperatura (ao redor de 50 °C) como a duração do tratamento. O processo dura mal uns segundos e, ainda que pode se sentir um calor intenso, o alívio costuma ser imediato.
Por que resulta tão prático?
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Não usa químicos: Perfeito para pessoas com alergias ou pele sensível.
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Sempre a mão: Seu tamanho diminuto permite levá-lo no llavero ou no bolso, pronto para usar em qualquer excursión, dia de praia ou acampada.
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Poupança em longo prazo: Custa uns 30 euros, mas pode substituir compra-a recorrente de um spray ou cremes que se esgotam em pleno verão.
Ainda que Heat It pode converter-se num grande aliado contra as picadas, os experientes recordam que o mais efetivo segue sendo evitar que os mosquitos piquem.
Usar repelente, dormir com mosquiteras e não se expor em zonas húmidas ao entardecer. Isso sim, como curiosidade tecnológica, este acessório demonstra como um móvel pode ir bem mais lá dos telefonemas e as fotos: agora também pode converter numa espécie de "kit de primeiros auxílios" contra os mosquitos do verão.
Apps antimosquitos: realidade ou mito tecnológico?
Segundo outros desenvolvedores de apps, se Heat it não te funciona podes provar a te descarregar a app gratuita Anti-Mosquito ou Mosqui-Stop (disponíveis tanto em Android como em iOS) e deixar que o telefone faça o resto: o altavoz emitiria um ultrasonido inaudible para o ouvido humano, mas incómodo para os mosquitos, conseguindo assim os manter a listra.
A ideia baseia-se num comportamento biológico: os mosquitos fêmea —as que picam— evitariam sons que imitam aos machos ou a certos depredadores. Com esse fundamento, os aplicativos lançam tons agudos, supostamente capazes de confundir aos insectos. Ademais, seus criadores destacam seu baixo consumo de bateria e a comodidade de não depender de um spray ou loción química.
Inclusive há apps que asseguram poder espantar baratas, o que as converte num invento llamativo dentro do mundo das curiosidades tecnológicas.
Funcionam realmente?
A parte menos atraente chega quando se revisa a evidência científica. Vários estudos em entomología têm demonstrado que os ultrasonidos não têm efeito significativo sobre as picadas de mosquito. De facto, uma investigação publicada no Journal of Economic Entomology concluiu que os dispositivos ultrassônicos não reduziam a presença nem a actividade destes insectos.
Os experientes assinalam dois problemas principais pelo que esta app não é efetiva:
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Limitação técnica: A maioria dos móveis não podem emitir frequências superiores aos 20 kHz, enquanto muitas apps asseguram trabalhar com mais de 26 kHz.
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Falsa segurança: Confiar nestes aplicativos pode dar uma sensação de protecção que em realidade não existe, fazendo que se descuiden métodos mais efetivos.
Riscos adicionais para o utente
Para além de sua duvidosa utilidade, há quem advertem de possíveis riscos: o uso continuado poderia forçar a bateria e os altavoces do telefone, e inclusive gerar sobre-aquecimento se o dispositivo mantém-se ligado. Alguns aplicativos, ademais, solicitam permissões desnecessárias que podem comprometer a segurança e a privacidade do utente.
De facto, a própria Organização de Consumidores e Utentes (OCU) já tinha alertado faz anos de que este tipo de apps são inúteis e, em alguns casos, pouco seguras.
Que funciona contra os mosquitos?
Os especialistas recomendam métodos provados, como os repelentes químicos com DEET ou picaridina, além de soluções naturais reconhecidas se queres evitar aplicar algo que não seja natural sobre tua pele, como o azeite de eucalipto, ou de limão.
E, por suposto, acompanhar estas medidas com roupa adequada, mosquiteras e evitar zonas de alta concentração de insectos ao anochecer.
Em resumo, ainda que as apps antimosquitos resultem um invento curioso e llamativo para contar nas sobremesas veraniegas, sua efectividade está mais cerca do mito tecnológico que da realidade científica.