Num lugar da costa de Tarragona há um anfiteatro natural. O solo tem personalidade e está rodeado de bosque mediterráneo e protegido do vento pela Serra de Llaberia e a montanha do Montalt. A protagonista indiscutible é a vid, que cresce neste oásis de orografía irregular desde faz centos de anos.
Desde 2002, a família Domènech cuida destes viñedos e tenta que seus uvas das variedades Garnacha e Cariñena expressem todo sua terroir no vinho que embotellan. Falamos com Joan Ignasi Domènech, proprietário de Vinyes Domènech, uma adega da Denominação de Origem Montsant que transmite emoções a tragos.
--Como surgiu a colaboração de sua adega Vinyes Domènech com o cantautor Pep Sala do grupo Sau?
--Nasceu um sábado, que é o dia que provo as botas dos depósitos. Foi em 2011. Estava a provar e soou a canção Boig per tua, que é um hino para os catalães. Se escutas a letra, aquilo da luz da lua refletida na copa de vinho, é fácil vincular a emotividad da música com nossa maneira de entender o vinho.
--Esse foi o germen?
--Tal qual. Na segunda-feira pus-me em contacto com o compositor Pep Sala e expliquei-lhe que queria fazer um vinho com Boig per teu. Ficou surpreso. Conhecemos-nos, fizemos uma prova, provámos diferentes Garnachas e Cariñenas e fizemos um copaje para ver qual nos inspirava as coisas singelas, aéreas, delicadas, intensas e apasionadas que podiam funcionar melhor.
--E assim com a cada nova acrescente?
--Desde então, fazemo-lo a cada ano. Reunimos-nos e vamos provando diferentes variedades até encontrar as gotas que te transmitem essas emoções.
--Um vinho sentimental…
--Nossos vinhos respondem ao território, mas sobretudo ao microclima desse ano. O vinho é luz e água, e evolui sua nutrição e composição ano após ano. A meteorologia de acrescente-a marca o vinho.
--Vinhos e música maridan bem?
--Quando falamos de vida falamos de energia, de transformação. Neste caso, Boig per teu é a sensibilidade que te dá a música e também a vinha e o mundo do vinho. O vinho não o fazemos nós: é um microorganismo, um fungo, que transforma açúcar em álcool. O que nos une são as emoções e esta sensibilidade, já seja pela música, o vinho ou as pessoas.
--'Boig per teu' é vosso vinho mais vendido?
--Não. É um vinho de um preço de faixa média que vai a vinotecas especializadas e a alguns restaurantes. Produzimos entre 12.000 e 15.000 garrafas anuais.
--Qual é o superventas de Vinyes Domènech?
--Bancal (11,45 euros) é o que mais sai. Furvus (22,32 euros) também é um vinho que gosta a todo mundo porque combina com a cozinha mediterránea e muitas outras.
--E também fazeis um vinho que tem recebido vários prêmios…
--Teixar (63,66 euros) é o primeiro vinho da DO Montsant e o quarto de Cataluña que tem o prestígio de ter sido reconhecido pelo Incavi como "Veio de Finca".
--Que é um 'Vinho de Finca'?
--São vinhos de pagamento. São vinhos que, dentro da DO, procedem de viñedos que têm características singulares que fazem que essas vinhas contribuam algo diferente e singular à DO. Por isso tem recebido tantos prêmios. Temos que nos sentir afortunados de poder desfrutar esta Garnacha Peluda, que é uma vinha velha a mais de 70 anos.
--É um vinho muito especial, não?
--É a sabedoria da terra numa garrafa de vinho. É um vinho que se obtém mediante uma viticultura ecológica certificada pelo CCPAE e biodinámica. Ademais, nas provas de cualificación tem um baremo de pontuação mais exigente que o resto de vinhos. É o vinho mais icónico de Cataluña.