Nochevieja e dinheiro: do que pagamos por cabeça em Espanha ao preço do jantar mais caro do mundo

Em Consumidor Global analisamos a que é a noite mais cara do ano: dos jantares de Nochevieja mais luxuosas e exclusivas do mundo ao que nos gastamos na compra por pessoa, ainda que cenemos em casa

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É uma obviedad que a cada 31 de dezembro nos sai mais caro da conta: que se o desembolso num modelito para um outfit mais elegante, que se maquillaje ou peluquería para a cita ou inclusive a despesa de levar um presente a este tipo de jantares se vais como convidado. Por não falar do desembolso no ticket médio da cesta da compra de um consumidor que queira se colar uma homenagem gastronómica de estrela Michelín comendo fosse e não no salão de sua casa. O verdadeiro é que existem tantas realidades como contas económicas.

Em Consumidor Global te cotamos que hotéis icónicos, restaurantes de alta gastronomia e enclaves estratégicos das grandes capitais do mundo competem por oferecer a celebração mais espetacular, exclusiva —e cara— do planeta. Neste circuito global do excesso, cidades como Madri, Nova York, Dubái, Paris ou Londres se convertem em palcos onde a gastronomia de autor se mistura com espectáculos privados, vistas privilegiadas e serviços desenhados onde o dinheiro se despilfarra de forma absolutamente delirante.

Espanha tem jantar de Natal mais caro de Europa: 82 euros em media por cabeça cenando no salão de casa

Enquanto nestes espaços o luxo se normaliza, o contexto geral conta outra história. Espanha encabeça neste ano o ranking europeu do jantar navideña mais cara em termos médios. Segundo dados recentes, uma comida festiva regular para uma família de quatro pessoas atinge os 81,95 euros, um 22% mais que no ano anterior. Uma subida que tem que ver com a inflação que estamos a viver e que nos situa como o país que mais se gasta em Europa, por em cima inclusive do França ou Alemanha, com dois tickets médios de 73,68 euros ou 70,75 euros, respectivamente.

Os analistas apontam a uma subida de preços alimentares muito persistentes, impulsionada pelo aumento dos custos de produção, a energia, o transporte e os pensos. Ainda que o menu de peru com guarnición não seja tradicional em todos os lares espanhóis, se utiliza como referência para medir a pressão real sobre a cesta da compra. Uma realidade que contrasta com o universo paralelo no que se movem as celebrações de alto nível.

Quando despedir no ano é uma mordomia: passar uma Nochevieja muito exclusiva na capital

É uma realidade, milhões de pessoas vão comer-se as uvas em casa ou brindam com o champán mais barato do supermercado em suas reuniões familiares, uma elite internacional converte a chegada do novo ano num autêntico ritual de luxo. A Nochevieja, longe de ser só uma data no calendário, se transforma para alguns em toda uma exibição de poder adquisitivo, sofisticación e experiências irrepetibles.

Os menus de Nochevieja mais exclusivos não entendem de moderación. Ingredientes como caviar Beluga, langosta azul, carne wagyu, trufa branca ou pescados de armazém japonês fazem parte habitual destas propostas culinarias baseadas no excesso. Todo isso sempre acompanhado de champagnes de edição limitada, vinhos de adegas legendarias e destilados impossíveis de encontrar numa carta convencional se és um mortal com uma conta comum que não supera os seis zeros.

Em Madri, alguns dos hotéis mais emblemáticos têm convertido a última noite do ano numa autêntica gala social. Assinaturas como Four Seasons ou o hotel Mandarin Oriental Ritz oferecem jantares desenhados por chefs de prestígio internacional que superam com facilidade os 1.300 euros por comensal. Não é só o menu: a experiência inclui música ao vivo, decoración exclusiva, alojamento e um ambiente que recorda que tens mais dinheiro que o resto.

Nova York: despedir no ano desde a cume… literal

Se há um lugar onde a Nochevieja se converteu num espectáculo global por excelência, esse é Times Square. E para claustrofóbicos como eu, que ainda que tivessem o dinheiro necessário parar o pagar não querem ( nem podem) o viver entre multidões, existe uma alternativa reservada a fortunas muito concretas. O hotel The Knickerbocker oferece um dos pacotes mais exclusivos do mundo para essa noite: ao redor de 110.000 euros por pessoa por um jantar mais tranquilo.

A proposta inclui várias noites de alojamento de luxo, um jantar de gala a mais de dez platos no restaurante Charlie Palmer Steak IV e acesso VIP ao famoso descenso da bola, desde uma localização elevada, privada, sem aglomerações e sem renunciar à intimidem.

Dubái: quando a opulencia marca o ritmo

Se Nova York representa o luxo clássico ocidental, Dubái joga em outra une. Aqui, a Nochevieja não se celebra: se escenifica. No hotel Atlantis The Palm, a VIP Sky Suite oferece uma das experiências mais impressionantes do mundo, com um preço aproximado de 20.000 euros por pessoa.

O jantar serve-se numa suite privada com vistas diretas ao Golfo Pérsico e ao espectáculo de fogos artificiais. O menu inclui produtos de altísima faixa elaborados por chefs internacionais, maridados com bebidas premium e atendidos por uma equipa de serviço exclusivo. Tudo está pensado para grupos reduzidos, garantindo privacidade total e uma atenção completamente personalizada.

O preço da vista perfeita: 500.000 euros por minuto de fogos artificiais

Mas se há algo que realmente encarece a Nochevieja em Dubái não é o que se come, sina o que se vê. Ter uma mesa com o ângulo exato para o Burj Khalifa converteu-se no bem mais cobiçado da noite. Não se paga o plato, se paga a paisagem. O espectáculo pirotécnico do edifício mais alto do mundo tem um custo estimado de oito milhões de dólares, o que equivale a uns 500.000 dólares pela cada minuto de fogos artificiais.

A complexidade técnica é enorme: parte da pirotecnia lança-se desde a própria fachada do rascacielos, o que obriga a utilizar fogos frios de baixa temperatura para não danificar a estrutura de cristal. Um despliegue que explica por que esta noite é, literalmente, uma das mais caras do planeta.

A Nochevieja reflete como poucas datas a brecha entre realidades. Enquanto uns contam céntimos no supermercado, outros reservam experiências onde o preço deixa de ser um limite. Duas formas de despedir no ano que convivem em paralelo e que convertem o 31 de dezembro em algo mais que uma celebração: um espelho de como o luxo, a gastronomia e o status social se entrelazan na sociedade contemporânea.