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ING promove um seguro de Nationale-Nederlanden que passa das emergências

A instituição financeira inclui em sua hipoteca uma póliza de lar que não cumpre com as expectativas dos assegurados

Ana Carrasco González

El director general de Particulares de ING, Javier Montes A. Pérez Meca EP

Durante um mês inteiro, José Ángel Mielgo, seu casal e seu bebé de ano e meio aprenderam a ducharse em cinco segundos, a lavar platos com goteros e a racionar a cada gota de água como se vivessem num palco de extrema escassez. "Sei viver ao limite graças ao seguro de lar que te encasquetan quando fazes a hipoteca com ING", resume o prejudicado.

A mudança de uma rebaja no diferencial de seu empréstimo, Mielgo se decantó por fazer contrato com Nationale-Nederlanden, a seguradora do grupo ING. Os 337,52 euros anuais pareciam um tributo asumible a mudança da tranquilidade de saber sua moradia protegida. No entanto, quando a realidade pôs a prova essa suposta protecção, a seguradora se revelou com evasivas e silêncios.

Um encanamento reventada

Tudo começou o 12 de agosto, quando um encanamento de águas brancas reventó em sua casa. A fuga, ademais, afectava ao depósito de um supermercado no térreo, pelo que não lhe ficou mais remédio que fechar a chave de passagem. Sem água corrente e com a urgência de resolver o problema, Mielgo abriu um parte, confiando numa rápida solução. Cedo deu-se conta de que a eficiência não era precisamente o forte de Nationale-Nederlanden.

Logo de ING / EP

Decorridas 24 horas sem receber notícias, decidiu chamar de novo. Foi então quando chegou a primeira surpresa. Seu siniestro nem sequer tinha sido classificado como urgente, apesar de que levava um dia inteiro sem água em casa. A situação piorou ao descobrir que não tinha acesso direto ao gestor de seu caso e devia se conformar com atenção ao cliente, um intermediário que se limitava a repetir, com monótona cortesía, que estavam "a trabalhar em isso".

Técnicos sem ferramentas e gestoras desaparecidas

Quando por fim enviaram a um técnico, este confirmou a fuga, mas disse que não podia fazer nada sem um detector especializado. A gestora do caso chamou-o para perguntar-lhe se todo estava arranjado, ao que Mielgo teve que responder, incrédulo, que seguia sem água. Passaram dias sem avanços, telefonemas diários sem respostas concretas e um protocolo que parecia desenhado para dilatar o problema em lugar do solucionar.

"Chamávamos a cada dia e só nos diziam que passar-lhe-iam uma nota a nossa gestora", recorda Mielgo.

Um 'reality' de sobrevivência

Finalmente mudaram de gestor e o novo mostrou um maior envolvimento. Chamava a diário para fazer rastreamento e enviou a outro técnico, ainda que o resultado foi o mesmo. Uma vez mais, não podiam fazer nada sem o detector de fugas. Depois de uma semana de aparente progresso, o gestor também deixou de responder e a história voltou a repetir desde o princípio.

"Outra vez, a cada dia chamava e diziam-me o mesmo. Duas semanas assim", conta Mielgo. Enquanto, seu retoño aprendia a viver sem água corrente, e ele, a se lavar os dentes com um copo de água. "Parece um reality de sobrevivência patrocinado por Nationale-Nederlanden", ironiza.

Uma indemnização não aceitada

Foi então quando Mielgo decidiu expor seu caso em redes sociais. Publicou uma mensagem em X o 9 de setembro e, em matéria de horas, ING e Nationale-Nederlanden activaram-se. De repente, todo era urgente. Atribuíram-lhe outra gestora, contactaram com uma empresa de reparo e, em menos de uma semana, o problema estava solucionado.

Mas a história não termina aí. Para arranjar a fuga, tal e como assegura o afectado, romperam parte do solo e danificaram um mueble, trabalhos que até o dia de hoje seguem pendentes de reparo. Mielgo voltou a reclamar e, desta vez, nem sequer mandaram-lhe a ninguém. Nesta segunda-feira 10 de fevereiro, depois de mais de cinco meses de idas e vindas, ofereceram-lhe uma indemnização de 370 euros. Não a aceitou.

Mais casos similares

O ocorrido a Mielgo não é um facto pontual. Dezenas de clientes de ING que contrataram seu seguro de lar com Nationale-Nederlanden têm denunciado situações similares. Avarias sem consertar durante meses, respostas vadias, desculpas constantes e um serviço de atenção ao cliente que parece desenhado para desesperar ao assegurado.

Sede de Nationale Nederlanden España

Josué Olmo é outro dos afectados. Leva mais de um ano esperando a que lhe arranjem uma fuga no lavabo. "Sabe ING que o seguro que obriga a contratar com Nationale-Nederlanden pela hipoteca é uma mierda", denunciou em X. "Pela cada dia sem resposta, um tuit mencionando-vos. Seguramente faremos o fio mais longo da história", remarca.

Uma "armadilha" de ING

Juan S., durante quase dois meses, apresentou quatro queixas e sofreu o mesmo padrão de atrasos e falsas gestões. "Nada. Como já levo quatro queixas e sempre me dizem o mesmo, tenho optado pelo gerir eu. Em três dias tenho-o resolvido", conta. "Aproveitais-vos de que ING baixe o interesse da hipoteca por vos contratar", acrescenta.

Samuel López adverte de que a aparente vantagem de contratar o seguro com ING se converte numa armadilha. "Não o hagáis. Não compensa e acabá-lo-eis pagando mais caro", assegura. Marcos Hidalgo, por sua vez, queixa-se de que contactar com a seguradora é uma missão impossível. "Nenhum dado disponível pelo site. Atenção ao cliente inexistente. Indefensión total obrigado por ING a permanecer, sina adeus", critica.

"ING obrigou-me"

Branca Laperla, outra afectada, denunciou que esteve mais de um mês sem água devido a uma fuga que sua seguro não quis resolver com a rapidez necessária. Se for o caso, depois de esperar 25 dias para que enviassem a um fontanero, este chegou sem ferramentas para detectar a fuga e simplesmente observou o dano a simples vista. "Qualquer seguro sério atende o problema entre 24 e 48 horas e levamos quase um mês com este problema e só sabem dar longas", denunciava em redes sociais. Enquanto esperava uma solução, as facturas do água disparavam-se. A primeira ascendeu a 250 euros, e a segunda atingiu os 1.200 euros.

Laura P.G. conta que passou mais de um mês esperando o reparo dos danos em sua moradia sem receber resposta. "Sento-me defraudada. ING obrigou-me a apanhar o seguro de Nationale-Nederlanden para ter melhores condições em hipoteca-a e ao ter o primeiro siniestro recebo o pior serviço", lamenta. "Com os dois banhos inhabilitados em pleno agosto, com 40 graus", recorda.

ING e Nationale-Nederlanden guardam silêncio

O escândalo em torno de ING e Nationale-Nederlanden dista muito de ser um facto isolado. Os clientes denunciam um padrão sistémico de dilaciones e desatención, uma estratégia que, segundo suspeitam, procura que os assegurados se cansem e assumam os custos por sua conta. Enquanto, ING segue oferecendo este seguro como parte de suas hipotecas. Para muitos, a rebaja no diferencial tem terminado convertendo num preço demasiado alto a pagar.

Enquanto as reclamações proliferan e as redes sociais se erigen num altavoz para a frustración coletiva, ING e Nationale-Nederlanden optam, por agora, pelo silêncio.