"Deixaram-me atirada": briga-a de uma assegurada de Asisa com a perna rompida para obter cobertura
A companhia negou a protecção a uma cliente com o argumento de que o esqui é uma prática desportiva de elevada peligrosidad e só cedeu depois de várias semanas de protestos

A polisemia das palavras permite que existam os dobros sentidos. Favorece a criatividade na comunicação, os jogos conceptuais ou as bromas ingeniosas. Não obstante, a falta de concreción ou a possibilidade de que um conceito seja interpretable pode jogar uma má passada se o que se trata é a cláusula de um contrato, já seja de uma hipoteca ou de um seguro. A N. Jiménez tocou-lhe brigar com uma de Asisa.
Em meados de janeiro de 2024, esta assegurada fracturou-se a perna esquiando. A empresa, num primeiro momento, passou dela. Asisa demorou mais um mês em dar-lhe a razão e atender suas legítimas demandas.
Um seguro que a deixou "atirada"
Jiménez, descreve, tem contratado o seguro ASISA Reembolso 100.000. Depois de seu acidente, denunciou em redes sociais que a tinham "deixado atirada", sem atenção médica. Contactou em numerosas ocasiões com a companhia, a maioria por correio, sem obter uma resposta satisfatória.

Para justificar sua negativa, a empresa remetia-se a uma peliaguda cláusula de seu seguro na que não se menciona explicitamente o esqui. Nela, Asisa opina que ficam excluídas da cobertura do seguro uma série de prestações, além das especificamente estabelecidas na cada caso.
Actividades que impliquem "elevada peligrosidad"
"A assistência derivada da atenção de patologias produzidas pela participação do Assegurado em actividades profissionais ou desportivas que impliquem elevada peligrosidad, já seja como profissional ou aficionado, tais como: actividades subterrâneas, subacuáticas, aéreas, veículos a motor, embarcações, boxe e artes marciales, toreo, escalada, montañismo, barranquismo, puenting, etc. E quaisquer outra natureza análoga", especifica Asisa.
Agora bem, o esqui não parece, desde depois, tão perigoso como o toreo ou o boxe. Ademais, a menção explícita ao montañismo e ao barranquismo resulta chocante, já que o esqui se antoja mais estendido que essas duas actividades.

A postura de Asisa
"Parece-me que o esqui não é análogo, em risco, aos desportos que põem: toreo, paracaidismo, puenting, etc", defende Jiménez a Consumidor Global. Mas em Asisa não o creram assim até que ela lhes fez ver que tinha direito à cobertura. A perguntas deste meio, desde esta seguradora oferecem respostas muito escuetas.
"A prática do esqui não está assimilada às actividades de alta peligrosidad recolhidas em dita cláusula", indicam, contradizendo com esta singela afirmação sua postura inicial e despojando de sentido o tormento que viveu Jiménez.
"Vão-me cobrando copagos que são falsos"
No foro de valorações Trustpilot aparecem críticas similares. "Levo solicitando a baixa um mês porque subiram-me o preço sem notificá-lo por escrito, coisa que é obrigatória e estão a incumprir o contrato. Em cima vão-me cobrando copagos que são falsos e que tenho demonstrado baixo documentação do hospital que não são verdadeiros. E só me contestaram que para pôr reclamações devo enviar uma carta assinada electronicamente ou ir a um escritório Asisa… o põem todo complicado para que desistas. É um serviço nefasto", valoriza um assegurado.

Neste foro, a companhia tem mais de 1.300 valorações e colheita uma pontuação de 2,1 estrelas sobre 5. Ademais, nas reseñas de Google Play podem-se encontrar depoimentos muito desagradáveis, de assegurados que esperam semanas uma tramitação ou que denunciam que se lhes têm subido as quotas sem prévio aviso.