"Pois sim, gostamos. Sim, que somos de rua, somos de Madri. Gostamos dos terraços, a alegria, a cervecilla, o vinho... Que passa. Gostamos". A jaranera afirmação é da presidenta da Comunidade de Madri, Isabel Díaz Ayuso, quem pronunciou-a num acto a princípios de junho.
Agora, algumas dessas madrileñísimas e glorificadas terraços peligran. O sector hostelero da Comunidade, sem esquecer a importância da "sustentabilidade social e o descanso vecinal", denuncia que o texto da Ordem de Terraços de Madri, com sua atual redacção, "põe em risco a continuidade de centos de terraços". Por isso, "reclama uma revisão profunda que permita compatibilizar a actividade hostelera com a convivência vecinal".
Uma norma equilibrada
"Uma parte importante dos terraços que hoje operam com autorização municipal poderia ver ameaçada sua continuidade, comprometendo a própria viabilidade das empresas. Precisamos uma norma equilibrada que não condene ao sector durante os próximos anos", tem declarado José Antonio Aparicio, presidente de Hotelaria Madri.
Assim, mais de vinte associações empresariais do sector Horeca madrileno têm assinado um documento de alegações a uma norma que resulta essencial para o ramo. Para elaborá-lo têm revisado centos de expedientes.
Os vizinhos, inconformes
Aos vizinhos também não gostam da Ordem. A Federação Regional de Associações Vecinales de Madri (FRAVM) tem apresentado um documento com 43 alegações ao projecto, que julgam pensado para satisfazer "as necessidades e reclamações do sector da hotelaria".
Ademais, propõem também limitar o horário de abertura dos terraços: até as 23:00 horas em zonas residenciais e até as 2:00 em zonas não residenciais e afastadas de moradias.
Mais da metade da facturação
Por sua vez, os hosteleros recordam que, para o 65% dos empresários do sector, o terraço supõe mais de 50% da facturação. "Reduzí-las suporia o desaparecimento de muitos negócios, em sua maioria PMEs e autónomos. Precisamente aqueles que cohesionan, dinamizam e dão vida aos bairros", defendem.
Pelo momento, o rascunho inicial ignora as contribuições que o sector tem transladado à Prefeitura durante os dois últimos anos, inclusive dantes de que a anterior ordem fosse anulada pelos tribunais.
Espaços "necessários e demandados"
O sector também critica que o texto não preste atenção aos matizes da cada zona, já que tem sido redigido "com o foco posto nos distritos na cidade que apresentam maior concentração de terraços, prejudicando a todos os demais, nos que estes espaços são necessários e demandados pelos residentes como elemento de dinamização e coesão social."
A ordem, insistem, supõe uma incoherencia para Madri, que tem incrementado a chegada de turistas internacionais enquanto agora "se reduzem as praças para o desfrute de nossa gastronomia ao ar livre, numa cidade com um inigualable património urbano e a melhor climatología de seu meio".