Há histórias que se contam apenas graças à má gestão das companhias. É o caso de uma família que alugou um apartamento em Paris pelo Booking.
O casal e as suas filhas pequenas rumaram à capital francesa com o objectivo de passar um 31 de dezembro de forma diferente. E se o fizeram! Mas não pelas atrações turísticas, mas sim pela péssima gestão da Booking quando o anfitrião do apartamento os deixou retidos.
Um apartamento que já não se alugava na Booking
O pesadelo de Daniela Muñoz e a sua família com a Booking começou quando chegaram a Paris cerca das seis da tarde de 31 de dezembro. Tinham alugado um apartamento na capital francesa para hospedar-se até 3 de janeiro. Tudo marchava bem até que chegaram ao apartamento e o dono não estava.
"Liguei ao alojamento um monte de vezes e não me atendiam o telefone. Conseguimos que um vizinho nos abrisse a porta do edifício e disse-nos que desde verão o senhor não alugava o apartamento com a Booking. Fiquei chocada”, disse à Consumidor Global.
Primeira reclamação à Booking
Muñoz pôs-se imediatamente em contacto com a Booking para procurar uma solução. A plataforma indicou-lhe que ligariam ao anfitrião do apartamento e, em caso de não o localizar, procurariam uma alternativa para realojar a família. Tudo isso num prazo de 45 minutos.
A família ficou mais ou menos tranquila ao ver que por parte da agência de viagens tinha uma resposta eficaz e rápida. "Decidimos ir jantar enquanto a Booking fazia a gestão", comenta a utilizadora. Foi então quando a plataforma lhes indicou que não conseguiam localizar o dono do apartamento e que procediam a procurar-lhes outro alojamento.
A Booking não cumpre a sua promessa
Após estar à espera uma hora o realojamiento da Booking, Muñoz ligou à plataforma e começou o calvário. "A única solução que me deram foi que eu tinha que me procurar outro hotel, independentemente do preço. Primeiro tinha de o pagar e, uma semana depois, reembolsavam-me”, conta.
“Não tinha dinheiro suficiente para o dar antecipadamente e disseram-me que era tudo o que havia. Já eram dez horas da noite de 31 de dezembro...”, acrescenta. Por fim, a Booking ofereceu-lhe um apartamento na Airbnb. Mas nem mesmo a agência de viagens sabia onde ficava o apartamento. “Disseram-me que talvez fosse demasiado longe do sítio para onde o tinha levado. Recusei porque se não conheciam a localização ou as condições do sítio...”, conclui.
À procura de um hotel
A família não teve outra alternativa senão andar por Paris a perguntar aos hotéis se tinham disponibilidade para passar a noite. “Tudo o que encontraram custava 6000 ou 8000 euros”, recorda Muñoz. Assim, por volta das duas da manhã, já exausta, a família viu-se obrigada a estacionar o carro e a passar a noite dentro de casa.
"Foi horrível. Não podia dormir. Voltei a ligar à Booking para dizer-lhes o que se estava a passar", acrescenta. A agência de viagens comunicou-lhe que a única solução era um hotel ao qual não podiam aceder até o dia seguinte às três da tarde. "Não só tenho que passar a noite no carro senão também toda a manhã deambulando", assinala.
Booking dá o tratamento de silêncio
Durante a fria madrugada parisiense, Muñoz encontrou um apartamento através do Booking e informou a plataforma para que pudessem gerir a reserva. “Pedi-lhes que dissessem ao anfitrião que tinha de pagar em dinheiro porque não tinha cartão”, conta. No entanto, o Booking nunca lhe respondeu.
A família também foi silenciada em relação às duas queixas subsequentes apresentadas pela parte afetada. Finalmente, a família encontrou um parque de campismo e alugou um bungalow. Um pesadelo em que o Booking arrastou os pés e fugiu às suas responsabilidades. No entanto, pelo menos a plataforma teve a amabilidade de lhes reembolsar o dinheiro do apartamento e do bungalow.
A versão da Booking
A Consumidor Global pôs-se em contacto com a Booking para esclarecer a situação de Muñoz e a sua família. Fontes da agência de viagem afirmam que ofereceram à hóspede uma alternativa para a sua estadia.
"Mas indicou-nos que não tinha dinheiro para realizar outra reserva e o seu telefonema foi também atendido por um de nossos supervisores", acrescentam, como se fosse uma mordomia que o apoio ao cliente respondesse à afectada.
Um anúncio falso
Quanto ao anúncio de um apartamento no Booking que não é alugado através da plataforma há meses, a empresa garante a este jornal que “a disponibilidade do alojamento é estabelecida pelos próprios estabelecimentos, que são os únicos responsáveis por garantir que esta informação está correta e actualizada”.
"Se um alojamento não pode cumprir com uma reserva, deve informar-nos o antes possível para que possamos ajudar a encontrar uma solução o antes possível", limpam. Não obstante, o lógico seria que a Booking revê-se os alojamentos que se anunciam no seu site, sobretudo para evitar que os seus clientes não fiquem atirados em cidades como Paris.