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"O sumo não é fruta": os nutricionistas explodem contra a Eroski

Uma campanha da marca Zü acende alertas dos profissionais da alimentação pelo excesso de açúcar que levam os sumos

Uma rapariga com um sumo / PEXELS
Uma rapariga com um sumo / PEXELS

Não se pode dizer mais claro, mas sim mais alto: o sumo não é fruta. A marca Zü tem indignado vários profissionais da alimentação, e não é para menos. Um dos seus sumos, o de maçã, groselha, morango e lichia, anuncia-se nos lineares da Eroski como "fruta exprimida, uma das tuas cinco porções por dia".

O ativista Álvaro Benito (no Twitter, inFoodmation) partilhou a foto da campanha na sua conta do Twitter e pouco a pouco muitos nutricionistas e técnicos alimentares faziam-se eco dela. "O assunto já vem de longe e traz fila", acrescentava Juan Revenga, autor de Adelgázame, me mente e Com as mãos na mesa.

Por que um sumo nunca será uma fruta?

"Há que desmitificar o sumo, tanto industrial como caseiro". Fala Beatriz Robles, divulgadora científica e tecnóloga dos alimentos. Na opinião de Robles, a nível nutricional são muito parecidos e espremê-lo em casa não evita a quantidade de açúcares que leva na mistura.

"Os sumos contêm açúcares livres, e os pedaços de frutas, intrínsecos". Os primeiros são mais nocivos, já que são mais diretos, ao contrário, os segundos --os intrínsecos-- "interagem com outros nutrientes, como a fibra, que prolonga a absorção de açúcares ". Portanto, jamais poder-se-á comparar um sumo com uma peça de fruta, já que a nível químico são muito distantes. Na veradade, há alguns profissionais que até apontaram que consumir dois copos de sumo por dia pode levar a engordar até cinco quilos por ano.

La foto que incendió Twitter / ÁLVARO BENITO
A foto que incendiou o Twitter / ÁLVARO BENITO

Sempre a peça inteira

Existe a convição popular de que o pequeno-almoço completo e saudável deve incluir um sumo de laranja. Mas, como afirma Robles, "nós nutricionistas não costumamos recomendar a ingestão de sumos". Na verdade, se se consome a fruta inteira, o cérebro cria uma sensação de saciedade, ao contrário do sumo, "que bebes rápido e não pensas que estás a consumir provavelmente três peças inteiras numa sozinha bebida", explica a tecnóloga dos alimentos.

A Associação para a promoção do Consumo de Frutas e Hortaliças 5 ao dia foi a responsável de promulgar a dita quantidade como a mais óptima para a saúde humana. No entanto, esta associação defende que "o consumidor não deve ser induzido a substituir sistematicamente o consumo de frutas sólidas frescas pelo de sumo de frutas". Pelo que a empresa de sumos alega no seu rótulo um argumento que nem sequer a associação defende.

A indústria tenta blanquear os sumos

"Certo setor da indústria alimentar quer que padronizemos alguns produtos como saudáveis, como é o caso do sumo de frutas", lamenta Revenga. Segundo este especialista, que já fez eco de várias campanhas semelhantes como a de Asozumos que utilizou um leitmotiv semelhante ao do produto da Eroski , "as mensagens que utilizam não podem ser mais diretas", e propõe estabelecer novos mecanismos que proporcionem uma maior proteção ao consumidor.

"Existe um discurso mercantilista que ridiculariza as recomendações de instituições e sociedades supranacionais sem nenhuma repercussão", sublinha o especialista. Mas, para além da impunidade das grandes empresas, o mais preocupante para os especialistas é "que o consumidor engula".

"O açúcar, o novo tabaco"

Cada vez mais nutricionistas alertam sobre o elevado consumo de açúcar. "O açúcar é o tabaco do século XXI", apontou Henk Grootveld, chefe de tendências de investimento da Robeco e gestor de carteiras numa entrevista no El País. "A situação da indústria de alimentos e bebidas açucaradas é comparável à indústria tabaqueira no ano 2000, na medida em que os consumidores se tornam mais e mais conscientes dos efeitos do seu excesso na saúde", acrescentou.

Em 2016 a Organização Mundial da Saúde recomendou uma redução do açúcar para acabar com os preocupantes números de obesidade  e outras doenças como o diabetes ou a hipertensão. Então lembrou-se que a máxima quantidade de açúcar recomendada por dia seria 25 gramas. Isto é, "menos de um copo de 250 ml de bebida açucarada por dia", como enfatizam da organização. Aquelas declarações tiveram muita repercussão entre as grandes empresas alimentares, como Coca-Cola. Rafael Urrialde, responsável pela saúde da multinacional, disse que não tinha que penalizar toda a indústria e que o problema "não é o açúcar, mas sim os excessos".

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