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Os dias dos centros comerciais estão contados face ao surgimento do e-commerce?

Especialistas e estudos analisam as consequências das mudanças de hábitos de compra nos grandes armazéns, e as conclusões são surpreendentes

Entrada e corredores de um centro comercial deserto / PEXELS
Entrada e corredores de um centro comercial deserto / PEXELS

A mudança nos hábitos de compra é um facto: enquanto antes o consumidor costumava ir ao seu centro comercial mais próximo para fazer shopping, o surgimento do e-commerce fez que muitos abandonem estes lugares, atraídos pelas comodidades do consumo a um só clique e sem sair de casa. Ainda que haja pessoas que combinam ambos os mundos, procurando os produtos que lhes interessa na internet e comprando na loja física ou ao contrário, como está a afectar a popularidade do comércio electrónico nos shoppings? Desaparecerão ou ainda ficarão algum tempo?

Da Adyen, a plataforma de pagamentos global de muitas empresas a nível mundial, afirmam que o comércio físico continua a dominar. Segundo um estudo que realizaram a mais de 400 empresas e mais de 1.000 consumidores, "o que se converteu num modelo completamente on-line durante vários meses agora está a alterar-se para uma opção mais presencial, já que 71% dos consumidores espanhóis preferem ir a lojas físicas onde pode se relacionar e ter um atendimento mais próximo". "40% afirma que continua a comprar nas mesmas lojas de sempre", refere o relatório.

 

Um modelo misto

Apesar da elevada percentagem de consumidores que se mantêm fiéis ao comércio físico, o estudo revela que muitos preferem aproveitar os benefícios que ambos os mundos podem oferecer. "Enfrentamos-nos a um sistema híbrido onde o utilizador deseja experimentar e estender a sua presença digital aos meios físicos", analisa Laureano Turienzo, presidente da Associação Espanhola do Retail.

Una usuaria echa un vistazo a un e-commerce / PEXELS
Uma utilizadora dá um olho a um e-commerce / PEXELS

Para estes consumidores, os comércios devem pensar no futuro. "22 % pensa que as empresas têm que converter a experiência de compra em algo mais interessante, através experiências de Realidade virtual, cafés na loja ou eventos ou atividades especiais", detalha a análise. Mais vale que tomem nota as lojas físicas, pois, segundo os dados da Adyen, o comércio on-line está em alta: 48 % dos consumidores realiza as suas compras através da internet, por aplicações ou através da Amazon.

A normalidade voltará em janeiro

Na MVGM, companhia de Gestão de Propriedades, também são partidários do comércio físico e têm fé na volta aos shoppings. Segundo o seu relatório de mercado correspondente ao terceiro trimestre de 2021, quase 100% dos centros comerciais voltaram a funcionar com total normalidade, além de terem experimentado um verão no qual os consumidores voltaram a frequentá-los, "com um índice acumulado de +14,4 % face a setembro de 2020". Isto, dizem, "antecipa o regresso destes lugares a níveis pre pandemia em janeiro de 2022".

Além disso, da organização declaram que a fatura média é superior à de 2019, "o que reflete uma mudança na sua atitude, que vai ao local com intenção de comprar". Elisa Navarro, diretora geral da marca em Espanha, considera que "depois de meses de contínuas mudanças no setor, o retail teve grande capacidade para se reinventar e se adaptar. Vemos como muitas marcas tiveram que reestablecer o seu modelo de negócio e inclusive diversificá-lo para dar aos seus clientes mais opções no lugar de compra".

No Natal, às lojas

A Sensormatic Solutions, a carteira de soluções para o Retail da Johnson Controls, também tomou o lado das lojas físicas no seu estudo Retail: Shopper Sentiment Report. Nele se conclui que 64% dos utilizadores espanhóis prevê fazer as suas compras de Natal nas lojas, o que representa, dizem, um aumento homólogo de sete pontos percentuais. Também cresce, no entanto, a quantidade de pessoas que comprará on-line: nove pontos percentuais face ao ano passado, o que representa 59 % de utilizadores.

Un centro comercial prácticamente desierto / PEXELS
Um shopping praticamente deserto / PEXELS

Segundo os dados, ainda que a pandemia continue a preocupar 47% dos utilizadores ao ir a uma loja física no Black Friday, cifra que ascende o 49% na época natalícia, 44% não vai mudar os seus hábitos de compra. 39% assinala que fará menos visitas mais selectivas. Além disso, o estudo mostra como, ainda que em outubro a afluencia aos shoppings desceu 0,9 %, esta representa um auemnto de 13% face a outubro de 2020, situando o crescimento anual em 14,2 %. No entanto, o relatório oferece números distantes de 2019: em outubro a queda da afluencia foi de 17,1%, 25,3% menos de janeiro a outubro.

 

Já não há necessidade de procurar produtos no físico

Por sua vez, Ignacio Hurtado, diretor geral da consultora digital Witailer, explica que "com o fim da pandemia esperava-se uma recuperação maior das lojas porque pensava-se que as pessoas queriam voltar a socializar, mas não se voltou aos números de antes". "Provavelmente até 2022 não se verá uma recuperação completa, e mesmo assim o tipo de compra variará: muitas pessoas experimentaram o mundo digital e vêm a comodidade de comprar com dois cliques", vaticina. Para Hurtado, "desde 2015 o tráfico físico nos shoppings e o tempo que se dedicava neles descrescia muitíssimo" porque "as pessoas já não tem necessidade de procurar os produtos na loja ao procurá-los na internet ".

Na verdade, especifica que "em 2020 caiu 30% o volume de visitantes e cercac de 35% das vendas nos shoppings". O especialista da Amazon valoriza a tentativa das lojas físicas por digitalizar-se para não ficar atrás. "Houve cada vez mais tentativas de gerar marketplaces unidos aos shoppings, ainda que o impacto que possam ter às vezes não justifica o investimento", sustenta. Por isso, Hurtado preconiza por "interpretar melhor as fórmulas que se podem levar a cabo no digital, adaptar a digitalização dando uso ao espaço físico e trazendo pessoas. Também dar experiências que não se possam replicar num espaço on-line". "Compra tradicionais, sobretudo moda e beleza, têm um repto muito grande, porque o on-line está a levar tudo. O foco está a ir para a Amazon ", diz.

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