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Adeus às centrais nucleares? Endesa aposta por revisar o plano de fechamento e alongar sua vida

José Bogas assinala que as generadoras "são muito seguras e estão em perfeito estado para estender sua vida até os 60 anos"

Ana Carrasco González

El consejero delegado de Endesa y vicepresidente de la Fundación Endesa, José Bogas Eduardo Parra

O conselheiro delegado de Endesa, José Bogas, tem instado nesta terça-feira a uma "revisão prudente" do plano de fechamento das centrais nucleares em Espanha, no marco da junta geral de accionistas da companhia. O diretor tem defendido que prolongar a vida útil destas instalações suporia "reforçar a segurança do fornecimento elétrico" e evitaria um alça nos preços da electricidade.

Bogas tem argumentado que a energia nuclear, responsável actualmente de 20% da demanda energética nacional, é uma tecnologia "não emissora, segura e competitiva", cuja renúncia poderia ser contraproducente no contexto energético atual. Segundo o CEO, as centrais espanholas estão "em perfeito estado" para operar até os 60 anos, e tem citado como exemplo o caso de Estados Unidos, onde algumas plantas atingem já os 80 anos de funcionamento.

Subiria o preço da electricidade

"O desaparecimento da energia nuclear incrementaria notavelmente o preço da electricidade, afectando a competitividade e aumentando as emissões de CO2", tem advertido Bogas. De especificar-se o fechamento, os ciclos combinados de gás teriam que assumir o déficit de geração, uma opção que considera mais cara e dependente de mercados internacionais instáveis.

Central nuclear de Almaraz / CSN - EUROPA PRESS

Bogas tem posto especial ênfase no impacto que esta decisão teria em Cataluña, comunidade na que o 60% da geração elétrica procede de centrais nucleares. "Alemanha é um exemplo claro do que ocorre quando se prescinde da energia nuclear: se encarece a electricidade e reduz-se a produção livre de emissões", tem apontado.

Proposta de ampliar a capacidade nuclear

O diretor tem recordado também que 24 países, incluídos 15 europeus, têm respaldado a proposta da Agência Internacional da Energia de duplicar a capacidade nuclear mundial de aqui a 2050. "Alguns países inclusive têm revertido seus planos de fechamento e têm lançado novos projectos de construção", tem acrescentado.

Em sua intervenção, Bogas tem denunciado ademais o elevado ónus fiscal que suporta actualmente esta tecnologia, assinalando que as nucleares pagam mais de 16 euros por megavatio hora em impostos, ao que se suma a taxa Enresa, incrementada até os 10,7 euros/MWh desde 2019.

Um plano estratégico recorde de 9.600 milhões de euros

Durante a junta, Endesa também apresentou a actualização de seu plano estratégico 2025-2027, que contempla um investimento recorde de 9.600 milhões de euros, um 8% mais que o plano anterior. Desta cifra, o 80% destinar-se-á a redes de distribuição (4.000 milhões) e geração renovável (3.700 milhões). Também se contemplam 900 milhões para o negócio de comercialização e serviços de valor acrescentado.

O objectivo da companhia é atingir os 7,1 milhões de clientes no mercado livre elétrico para 2027.

KPMG, dividendos e recompra de acções

A junta aprovou ademais a reeleição de KPMG como auditor legal das contas até 2028. Também se deu luz verde à redução do capital social de Endesa num 9,87% mediante a amortização de acções próprias, adquiridas no marco do programa de recompra aprovado em março, por um máximo de 2.000 milhões de euros.

Quanto à retribuição ao accionista, Endesa distribuirá um dividendo complementar de 0,8177 euros brutos por acção com cargo aos resultados de 2024, que somar-se-á aos 0,5 euros já abonados em janeiro. O pagamento fá-se-á efetivo o próximo 1 de julho.