Almudena Alberca, Master of Wine, recomenda um vinho imbatível por menos de 10 euros
Entrevistámos a mulher que mais sabe sobre vinhos em Espanha para lhe perguntarmos quais são os seus vinhos preferidos e para lhe darmos uma pequena aula de vinhos.

Almudena Alberca (Madrid, 1978) é a primeira e a única mulher espanhola que ostenta, desde 2018, o título Master of Wine, o mais prestigioso do sector. Só 424 enólogos de referência de todo mundo o possuem, e entre eles figuram oito eleitos espanhois: Pedro Ballesteros, Andreas Kubach, Fernando Mora, Álvaro Ribalta, David Forer, Jonas Tofterup, Norrel Robertson e a nossa entrevistada.
É a mulher que mais sabe de vinhos em Espanha e a ex-directora enológica da adega Entrecanales Domecq e Filhos. Estivemos à conversa com ela para lhe perguntar quais são os seus vinhos preferidos e receber uma masterclass sobre vinhos.
--Que Denominação de Origem tem os vinhos com a melhor relação qualidade-preço?
--Espanha no general oferece a melhor relação qualidade-preço com as suas variedades autóctones, mas o sector quer subir a cotação dos seus vinhos porque alguns ainda estão abaixo do seu valor real de mercado. Tu vais a Londres e o vinho base são 40 libras. Enquanto aqui por 40 euros bebes um senhor vinho.

--Diga-me três vinhos que tenha descoberto recentemente…
--Segredo (25 euros), um tinto Ribera do Duero 2020 da adega Entrecanales Domecq e Filhos. Cosme palácio 1894 Blanco (2019), um vinho complexo, com criação, para desfrutar agora e deixar envelhecer no tempo. E A Pell (67 euros), da adega Lagravera, na DO Costers do Segre.É como entrar num mundo mágico de vinhas centenárias e ancestrais, tocadas pela mão de Pilar Salillas, que faz sobressair a expressão máxima deste vinho.
--Qual é o vinho por menos de 10 euros que mais gosta?
--Glorioso Reserva 2018 está muito bom, mas sai a 10,90 euros o preço recomendado, por isso vou optar pela versão crianza, que custa 7,95 euros. É um grande vinho que se pode encontrar em muitos sítios e que vai agradar sempre. Embora o reserva seja imbatível.
--Como é que a inflação afectou o mundo do vinho?
--Como em quase todos os sectores, não se pode repercutir essa inflação no consumidor final. Cada vez consome-se um pouco menos de vinho e a rentabilidade baixou, mas o mundo do vinho está a progredir fazendo as coisas bem feitas. É um bom momento para o sector.
--O vinho desalcoolizado é uma tendência ou um sacrilégio?
-A maior parte do corpo do vinho é o álcool. Os vinhos desalcoolizados são e serão residuais. Trata-se de uma pequena moda. Uma alternativa ao vinho. Bodegas Peñascal tem uma opção muito divertida de enlatados: o clássico, um com 5,5 graus e o 0,0.
--Você é a primeira mulher espanhola a conseguir o Master of Wine… Ao mundo do vinho ainda lhe falta muito por evoluir?
--Paulatinamente, vai tendo mais mulheres. Temos ganho presença. Ainda que ainda faltam mais mulheres em postos de responsabilidade.