Galo aconselha aquecer seus platos de plástico no micro e os experientes aclaram a dúvida razoável
É recomendável submeter as bandejas de plástico com comida a altas temperaturas? Os especialistas em segurança alimentar respondem

"Galo aconselha em suas instruções de preparação que quentes os yakisoba Ta-Tung precocinados na mesma embalagem de plástico, mas alguns experientes asseguram que isto é muito mau para a saúde e outros dizem que já estamos saturados de microplásticos", denuncia um consumidor em declarações a este meio.
E pergunta: "Que devemos fazer?". É seguro aquecer comida no microondas na mesma bandeja de plástico que proporciona o fabricante? Implica algum risco para a saúde? Que alternativas tem o consumidor de platos preparados?
O Regulamento da UE sobre plásticos para alimentos
O Regulamento (CE) número 1935 de 2004 estabelece os requisitos gerais que devem se cumprir sobre os materiais que entram em contacto com os alimentos para garantir a segurança alimentar.

Assim mesmo, o Regulamento (UE) número 10 de 2011, o específico para os plásticos, estabelece os tipos de plástico que podem se usar e seus limites de migração, isto é, quanto material pode passar aos alimentos. Portanto, "os alimentos que se comercializam no mercado e os materiais que entram em contacto com os mesmos, sempre que se usem seguindo as indicações do fabricante, são seguros", expõe a professora de nutrição da Universidade Isabel I e tecnóloga dos alimentos Beatriz Robles.
Que plástico utiliza Ta-Tung nas bandejas de suas yakisoba?
"O polipropeno monomaterial utilizado para o packaging das receitas de comida refrigerada asiática de Ta-Tung é um material apto para microondas, além de ser 100% reciclable", asseguram desde o departamento de comunicação de Galo em declarações a Consumidor Global.

"Seguindo o princípio de máxima conveniência para os consumidores, os produtos Ta-Tung também podem se preparar em dois minutos em sartén, forno e freidora de ar", enfatizam desde a multinacional espanhola.
Aquecer comida em embalagens de plástico no microondas
"O plástico utilizado nestas embalagens é um material que tem que demonstrar nuns ensaios que não migra nada ao alimento com altas temperaturas. Se garante-se isso, se os fabricantes do plástico o garantem, não há nenhum problema", coincide a experiente em segurança alimentar Gemma do Caño.
No caso concreto dos yakisoba com frango da marca Ta-Tung de Grupo Galo e de outros produtos similares, "a companhia tem feito todas estas provas de materiais inertes porque, de não ser assim, não poderia utilizar estas embalagens no mercado", aclara a doutora em química especializada em ciência de materiais Deborah García.
Consumo seguro
Por conseguinte, "seria seguro aquecer uma bandeja como a de Ta-Tung directamente no microondas porque cumpre o regulamento que dita a Autoridade Européia de Segurança Alimentar (EFSA)", acrescenta Robles. Ademais, este tipo de embalagens levam diferentes pictogramas. "O de uma copa e um tenedor indica que é uma embalagem apta para uso alimentar, enquanto o de um cuadradito com uma espécie de ondas desenhadas dentro quer dizer que se pode usar no microondas de forma segura", enfatiza García.

Ainda que também é verdadeiro que "faz anos estavam autorizados alguns materiais que agora estão proibidos, simplesmente porque se desconheciam seus efeitos adversos", recorda o experiente em segurança alimentar Félix Martín.
Os táperes e as alternativas ao plástico
A mesma dúvida surge à hora de aquecer comida em táperes de plástico, que "me parecem mais perigosos porque, às vezes, os aquecemos sem olhar se o material é apto para microondas", recorda Do Caño.
Em qualquer caso, "sempre se recomenda aquecer a comida num recipiente de vidro ou cerâmica, que são materiais bem mais inertes", aponta o bioquímico e presidente da Associação Falando de Ciência, Óscar Huertas.
Outras investigações e recomendações
Uma recente investigação levada a cabo por cientistas da Universidade de Almería e publicada na revista Science Direct conclui que "cozinhar alimentos em recipientes de plástico aptos para microondas não impede a formação in situ de uma nova substância química (NIAS) e um aumento da migração de polímeros de polipropileno". Por agora, se desconhece o impacto desta substância na saúde.

"Nenhum experiente recomenda aquecer comida em embalagens de plástico, ainda que contemple-o a lei. Ademais, há numerosos estudos científicos que o desaconsejan porque se podem transferir substâncias aos alimentos", assinala o referente do resíduo zero Fernando Gómez.