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Javier Sanz, viticultor: "O vinho que facturar e paga as nóminas é o Verdejo"

Entrevistamos ao dono de uma adega vallisoletana que resgata uvas de cepas prefiloxéricas, mas triunfa com o clássico alvo de Roda

Teo Camino

El viticultor Javier Sanz en sus viñedos de La Seca JSV

Agustín Nanclares começou a cultivar os viñedos de Villa Narcisa, nA Seca, em meados do século XIX. Muitos anos depois, em frente às mesmas vides, sua bisnieto, o viticultor Javier Sanz, teria de recordar aquela tarde remota na que seu pai lhe disse que o vinho se fazia só.

A história desta adega centenaria, de suas viñedos, testemunhas silenciosas de épocas passadas, e de como o amor pela fértil terra vallisoletana tem ido passando de geração em geração dariam para uma novela ao mais puro estilo de Cem anos de solidão. Por agora, aqui vai a entrevista com seu atual dono, Javier Sanz.

--Como tem evoluído vossa adega no último meio século?

--Dantes vendiam-se garrafones a granel. A grande mudança foi em 1983, quando começamos a embotellar. Uma adega requer instalações modernas, uma marca bem posicionada, marketing… Nada disto é uva nem é vinho, mas há que o fazer. Aí produziu-se o ponto de inflexão.

A adega Javier Sanz Viticultor / JSV

--Onde se podiam comprar seus vinhos em 1983?

--Em lojas e restaurantes locais dA Seca, Medina do Campo, Valladolid e o norte de Espanha.

--Que aprendeu de seus pais, a terceira geração de viticultores na família?

--De meu pai recordo que sempre dizia: 'O vinho faz-se sozinho. Só e com pulcritud'. Deixa-lo numa tinaja e só requer que lhe deixes o tempo adequado. Por isso nós tentamos intervir o menos possível em sua elaboração.

O viticultor Javier Sanz junto a sua filha Leticia na Barcelona Wine Week / TC

--Fazeis bom vinho e recuperais cepas prefiloxéricas…

--Temos sacado quatro variedades de uva de cepas prefiloxéricas. Um Verdejo diferente ao que é habitual aqui, que tem uma longa criação sobre suas finas lías (Finca Saltamontes, 44,90 euros). Também temos encontrado a Cenicienta, uma insólita cepa tinta de genética desconhecida (Colorado, 39,90 euros). A terça é uma variedade de uva Verdejo quase extinta (Malcorta, 20,90 euros) que recebe seu nome pela dificuldade de sua vendimia. E a quarta é uma uva que a fazíamos totalmente esquecida, porque a quantidade de açúcar que tem é muito pequena. Fica em 9 graus. Tínhamo-la abandonada e retomámo-la porque, com estas coisas da mudança climática e a tendência dos vinhos com pouca graduación, parece-nos uma uva interessante. Ademais, não há que fazer nada. Sai a 9 graus.

O Malcorta de Javier Sanz / JSV

--Que nome tem esta última uva?

--Não tem nome. Temos olhado o DNA da planta e não há registro de nenhum tipo. Estamos em fase de provas. Temos feito 1.000 litros e já sabemos como sai o vinho.

--Quantos anos tem esta cepa sem nome?

--Só tenho dois dados: uma escritura de 1863, e depois, que meu avô sempre a viu velha, e ele agora teria 124 anos. Não o sei exactamente. Estará em torno dos 200 anos.

--Sabem diferente vossos vinhos de cepas centenarias?

--Das uvas de cepas velhas às de uma cepa jovem não há muita diferença. A diferença está na genética que tenha, e depois em como se maneja o campo. Se fazes muitos quilos por hectare, não será boa. De nosso Verdejo sacamos 800 quilos por hectare, enquanto outras adegas produzem entre 8.000 e 9.000 por hectare.

--Que tem a terra dA Seca (Valladolid) para que saiam uns vinhos brancos tão apreciados?

--É uma zona muito específica. A Denominação de Origem Roda nasce faz 40 anos. Os viñedos estavam nA Seca, Serrada e na Campiña Segoviana, situada ao oeste da província. Foi-se pondo viñedo em outros lugares, mas não é da mesma qualidade. Os viñedos bons e velhos estão nestes povos.

--Tendes vinhos brancos e tintos desde 11 e 14 euros, e edições limitadas por 44,90 euros…

--O vinho que facturar e paga as nóminas é o Verdejo tradicional (11,30 euros). Há outros vinhos que nos ajudam a potenciar a imagem de marca, mas o Verdejo clássico é o que mais vende. Do Verdejo prefiloxérico fazemos 2.000 garrafas, pelo que a conta de resultados não muda demasiado.

O Verdejo mais vendido de Javier Sanz / JSV

--Onde se podem comprar os vinhos de Javier Sanz Viticultor em 2024?

--Em todos os lugares de Espanha menos em Cataluña. E também exportamos o 30% de nossas garrafas a países centroeuropeos como Bélgica e Alemanha.