Não o sabias: os adultos maiores que usam as tecnologias têm menor risco de desgaste cognitivo

Uma revisão a mais de média centena de estudos revela que o uso habitual de dispositivos digitais poderia estar relacionado com um envejecimiento cognitivo mais saudável

Movimiento de contenedores en un puerto canario. IMAGEN DE LA RED (1500 x 1000 px)   2025 05 29T165521.586
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Durante décadas, tem existido um debate constante sobre se o uso da tecnologia em idades avançadas beneficia ou prejudica as funções mentais. Não têm sido poucos os estudos que afirmavam que as tecnologias estavam "idiotizando" aos meninos com tanto videojuego e scroll infinito a temporã idade, mas agora tudo parece diferente.

Não estamos a falar da Geração Z nem os baby boomers, falamos de que a geração pioneira na era digital —aqueles que impulsionaram o desenvolvimento de internet, os computadores e os smartphones— chega à etapa da vida na que a deterioração cognitiva se converte numa preocupação, começam a surgir evidências científicas com dados mais sólidos que indicam que os avanços às vezes não nos vêm tão mau.

Um metaanálisis recentemente publicado na revista Nature Human Behaviour oferece novos achados sobre este fenómeno. A investigação baseia-se nos dados recolhidos por 57 estudos independentes e um total de provas feitas a mais de 400.000 pessoas maiores de 50 anos, provenientes de diferentes partes do mundo.

A conclusão parece ser, pela primeira vez, bastante clara: o contacto frequente com ferramentas tecnológicas poderia estar vinculado a uma menor probabilidade de desenvolver transtornos cognitivos.

É a tecnologia uma boa aliada do cérebro?

Uma das cifras mais destacadas da análise indica que as pessoas que utilizam a tecnologia de forma quotidiana têm um menos 58% de probabilidades de desenvolver deterioração cognitiva. Ademais, em quem já mostravam signos de declive mental, observou-se um ritmo de deterioração um mais 26% lento em comparação com quem não interactúan com o meio digital.

"Inclusive após ajustar variáveis como nível educativo ou rendimentos económicos, os benefícios do uso tecnológico se mantinham constantes", afirmou Jared F. Benge, especializado em neuropsicología da Universidade de Texas e coautor do estudo.

Longe de confirmar os maiores temores de numerosos psiquiatras e médicos neurólogos sobre uma possível deterioração acelerada (por este abuso do digital que temos na actualidade), a análise sugere que os adultos maiores que usam com regularidade telefones inteligentes, internet ou o correio eletrónico tendem a conservar melhor seu agilidad mental.

Não é a tecnologia, é como se usa para acordar à mente

O médico e investigador Salvador Macip, especialista em envejecimiento na Universidade de Leicester, reconhece o valor da evidência mas adverte: "Os resultados são sólidos quanto a associação, mas não provam que a tecnologia seja a causa direta de um envejecimiento mental saudável".

Macip sublinha que o isolamento social é um dos factores mais influentes no declive cognitivo e que, nesse sentido, o acesso a tecnologias pode ser uma ponte para a conexão e a integração social dos maiores com outras pessoas. A gente maior com frequência está mais sozinha… com internet inteiram-se do que lhes sucede a outros e se sentem mais parte do mundo em general, se lhes outorga uma janela nova de acesso à informação que, simultaneamente, acorda sua mente.

O que sim e o que não ajuda a nossa mente

Lucrecia Moreno Royo, catedrática de Farmácia na Universidade CEU Cardeal Herrera, também participou em investigações prévias analisadas neste metaanálisis. Em seu estudo de 2021, observou que tanto o uso de internet como a leitura frequente reduzem de forma significativa o risco de deterioração cognitiva em adultos maiores.

Pelo contrário, passar muitas horas em frente ao televisor e dormir pouco foram comportamentos claramente associados a um maior risco. Para Moreno Royo, os resultados reforçam a ideia de que a tecnologia pode se utilizar como uma forma de estimulação cognitiva, como um modo de manter ao cérebro entretenido e ativo.

Duas visões enfrentadas: Hipótese da demência digital

A chamada "hipótese da demência digital", impulsionada pelo neurocientífico Manfred Spitzer, sugere que a dependência tecnológica —como não memorizar números ou usar o GPS para tudo— debilita as funções cognitivas que dantes tínhamos mais desenvolvidas. Nesta visão, deixar de ejercitar a memória e o razonamiento prático poderia ter um custo em longo prazo.

Por outro lado, a "hipótese da reserva tecnológica", baseada em trabalhos do professor Yaakov Stern da Universidade de Columbia, propõe que um meio digitalmente nutritivo ajuda ao cérebro a criar redes alternativas e compensar deficiências. Todas essas citas têm sido recolhidas pelo jornalista espanhol Enrique Alpañés, quem tem tido a bem arrojar algo de luz a uma teoria bastante confusa, porque ainda que ainda fica caminho para identificar os mecanismos biológicos por trás desta associação, a análise oferece uma notícia esperanzadora para os consumidores digitais.

Usar apps, plataformas digitais ou assistentes virtuais seria uma forma de manter activa a mente, reforçando a plasticidade cerebral e promovendo a autonomia em idades avançadas. Aprender sobre tecnologia faz-nos autosuficientes, às pessoas mais maiores faz-lhes abandonar o costume de ser dependentes das gerações mais jovens.