Férias truncadas. Assim se encontram centenas de famílias de todo mundo que pagaram suas viagens em cruzeiro para este verão e nos anos venideros antecipadamente e agora sofrem a quebra de uma popular agência de viagens.
Trata-se da agência monegasca Star Croisières, que tem sido declarada em quebra. Uma bancarrota que deixa a milhares clientes em terra, incluindo dezenas de espanhóis, que vêem nestes momentos como seus planos de férias e seus investimentos económicos estão em risco.
A quebra da agência de viagens Star Croisières
A quebra, declarada oficialmente pelos juízes do Tribunal de Primeira Instância de Mônaco na terça-feira 5 de agosto, tem revelado que a empresa tinha um passivo de 8 milhões de euros em frente a uns ativos de 4,3 milhões ao 30 de julho, segundo informa o diário Monaco Matin.
O problema, que se replica em vários países do mundo, é que os clientes pagaram seus cruzeiros a Star Croisières, mas a agência nunca abonó esses fundos às navieras correspondentes.
Cruzeiros afectados e reservas inexistentes
Mais especificamente, trata-se de navieras tão importantes como MSC, Royal Caribbean ou Costa Cruzeiros. E o resultado é desolador: para as navieras, muitas destas reservas "simplesmente não existem", inclusive para aqueles que tinham confirmações de viagem, tal e como asseguram diversas fontes consultadas por Europa Press.
Alarmados, muitos clientes têm descoberto na problemática dias dantes de sua saída, sendo recusados ao tentar embarcar e tendo que assumir importantes despesas adicionais.
Os impagos de Star Croisières/Cruzeiros Plus
Segundo asseguram os passageiros afectados em grupos de Facebook e Whatsapp nos que se organizaram para iniciar acções coletivas e se declarar credores ante o liquidador, Star Croisières/Cruzeiros Plus não tinha pago nenhuma saída programada posterior ao 4 de agosto de 2025.
A situação é qualificada como uma "fraude" pelos afectados, quem assinalam que a agência mostrou "má fé desde o princípio", deixando de pagar as reservas a MSC dantes de apresentar a quebra.
"Deixaram de responder ao telefone e aos correios"
A empresa com sede em Mônaco deixou de um dia para outro de contestar o telefone e os correios eletrónicos, pelo que os passageiros não podiam conhecer a situação na que se encontravam suas reservas, segundo explicam os afectados.
Star Croisières emitiu uma única mensagem a começos do mês de agosto assegurando que a sociedade SARL Star Croisieres/Cruzeiros Plus já não podia "cumprir seus compromissos" e se tinha visto obrigada a apresentar uma solicitação "para que se declare seu estado de insolvencia com o fim de obter uma sentença que designe a um síndico e abra um procedimento coletivo". Por se isto fosse pouco, os empregados despedidos levavam meses sem cobrar seu salário.
Crónica de uma quebra anunciada
A companhia reportou 23 milhões de euros em rendimentos em 2022-2023, superando os 16 milhões de 2019, mas isto não foi suficiente para cobrir suas dívidas, agravadas pelo Covid-19 e um "aluguer muito elevado".
Muitos agentes de viagens consideram "uma má decisão" a estratégia de preços de Star Croisières, que oferecia cruzeiros a "preço de custo ou com perdas", o que gerava preços "atraentes mas insostenibles".
Famílias espanholas afectadas
Entre os afectados encontram-se várias famílias espanholas. A algumas famílias de Madri tem-lhes pillado a tormenta da quebra entre dois cruzeiros. Contrataram um cruzeiro de MSC através da agência CrucerosPlus, com saída desde Estambul prevista para o 16 de abril. No entanto, dois dias dantes do embarque, e já estando em Turquia, receberam uma notificação por parte de MSC informando de que, "devido a problemas técnicos inesperados que começaram o 11 de abril", não se podia operar o cruzeiro programado. O MSC Sinfonía devia permanecer em porto até que os problemas estivessem totalmente resolvidos.
Em dita comunicação assegurava-se que, para compensar esta situação, devolver-se-lhes-ia o custo íntegro de sua estadia. Ademais, ofereciam-lhes um vale de desconto comercial para um futuro cruzeiro equivalente ao 100% do preço pago por este cruzeiro de MSC (só a parte marítima, válido durante 1 ano).
Promessas no limbo
Não obstante, este bono não tinha valor em numerário, não era transferível nem reembolsable e só poderia se utilizar em novas reservas confirmadas dantes de finais de abril de 2026. "Ademais, reembolsar-lhe-emos todas as despesas justificadas directamente relacionados com a cancelamento de seu cruzeiro prévia apresentação dos recibos correspondentes", asseguravam na comunicação.
"Confiando nesta compensação, procedemos a reservar um novo cruzeiro com saída o 2 de setembro de 2025, ao qual acrescentamos um pagamento adicional de 900 euros para cobrir a diferença de preço. Não obstante, até a data não temos recebido o reembolso prometido, e estamos a gerir a reserva do novo cruzeiro enviando justificante de pagamento a MSC já que Cruzeiros Plus não tem transferido nosso dinheiro", asseguram os viajantes em declarações a Europa Press depois de realizar a consiguiente reclamação ao banco de retrocesso de cargo pela compra de serviços não prestados.
Um final feliz
uma família malagueña que abonó 4.688 euros por uma viagem familiar de oito dias no MSC World Europa. Ao tentar formalizar o checking de seu camarote deram-se conta de que Star Croisières/Cruzeiros Plus não tinha pago a reserva a MSC.
Depois de apresentar uma denúncia na Comisaria de Polícia, à que posteriormente se uniram outros afectados de outras províncias espanholas, começaram uma cruzada que tem terminado com final feliz e parece que finalmente vão poder desfrutar da viagem sonhada.